quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

 

Brasil

 

Eu não  entendo mais nada.

Todos os noticiários anunciam que o país  vai bem, obrigado.

O governo prega aos quatro ventos que tudo está  certinho, maravilhoso.

Não há  inflação,

não há  desemprego...

O Congresso  quietinho, apoiando Lula em todas as decisões. 

O Supremo só

cutucando  adversários a respeito do ataque a Brasília, em janeiro de 2023.

Mas, tá  tudo parado...

Bancos vazios...

Ninguém

comprando...

Mercados ao Deus dará...

Dívidas  se acumulando...

O povo cabisbaixo, triste...

Ninguém feliz...

O que está  acontecendo de fato???

Será  que apenas eu estou vendo o reverso da medalha?

Brasil descendo a ladeira...

Mirandópolis, janeiro de 2024.

kimie oku in

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terça-feira, 16 de janeiro de 2024

 

Dinalva

Era uma mulher forte, criada no mato,

acostumada com as lidas da roça.

Sabia cultivar arroz,  feijão,

criar galinhas, 

criar porcos,

cultivar horta.

E foi aí que nos entendemos.

Ela cultivava alface, almeirão,

Eu cultivava beterraba, cenoura.

E depois aquele mundão de brócolis!

Brócolis que os pulgões não davam trégua.

A horta era o nosso ponto de encontro.

Que felicidade colher legumes fresquinhos.

E tomatinhos cereja...

que se transformavam em molho  tão saboroso.

E pimentões que teimavam em se derreter  ao sol...

E até bardana!

Foi uma fase tão bonita

de nossas vidas.

Todo mundo se alimentando bem

Ela aprendeu até a saborear brotos de bambu.

E ainda fazia crochê como eu.

Mulher forte, decidida.

Não sabia o que era preguiça.

Criou filhos e netos,

com a sabedoria de gente do campo,

valorizando cada fase da vida.

Ontem me apareceu num sonho.

Sorrindo, trazia uma tigela nas mãos,

como se estivesse voltando de uma festa comunitária.

Seguida de outras mulheres da família.

Cada uma com suas tigelas.

E se dirigiram para a casinha pobre do sítio.

Então, entendi.

Era uma mensagem dizendo que

foi muito feliz lá no meu sítio.

Dinalva foi cultivar verduras no céu.

Descanse em paz, minha amiga.

Mirandópolis, janeiro de 2024.

kimie oku in

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domingo, 31 de dezembro de 2023

 

Rememorando...

Hoje tive um dia gratificante.

Meu irmão Minoru Osaki que tem 91 anos de idade, passou a tarde  contando fatos interessantíssimos sobre o nosso pai Jitsutaro Osaki.

Folheando o velho  Álbum da família, narrou as peripécias do nosso pai que veio do Japão, com apenas 13 anos de idade.

Ele viera agregado à família do primo Seichi  Kadoo, e carregou sempre com pesar, esse  sobrenome Kadoo.

De acordo com o filho Minoru, todo ano no fim da colheita de café, ele planejava ir ao Consulado do Japão em  São Paulo, para recuperar o sobrenome original Osaki.

Mas, com uma porção de filhos para sustentar, nunca teve dinheiro suficiente para tal viagem. Mesmo assim, conseguiu registrar todos os doze filhos como Osaki, filhos de Jitsutaro Osaki e Tora Tsutsumi.

Infelizmente, seu nome seria  Kadoo até morrer.

No Registro de Estrangeiros consta  Jitsutaro Kadoo, em nossos corações porém, será eternamente Osaki, nosso pai querido, que pelejou a vida toda  para cumprir sua missão de imigrante,que veio aqui para trabalhar e honrar o Japão.

Tanto fez  naqueles tempos bravios, que recebeu da Casa Imperial Japonesa uma Menção Honrosa e uma taça de saquê, juntamente com cem imigrantes japoneses/brasileiros  nas comemorações do Cinquentenário da Imigração Japonesa, em 1958.

Foi uma tarde memorável para mim, porque o irmão desfiou para todos parte da vida do papai, que já partiu há  mais de 60 anos.

E eu fiquei muito grata por ele ainda se lembrar desses fatos, estando no limiar da vida com mais de 90 anos.

Minoru san, arigatou gozaimashita!


Mirandópolis, 30 de dezembro de 2023.

kimie oku in

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quarta-feira, 23 de agosto de 2023

 

A dança

Ontem de manhã estava ventando muito.

E no espaço onde meu esposo faz fisioterapia, o vento balançava os galhos das  árvores.

Alguns galhos se dobravam e varriam o chão.

Folhas e flores de ipês rosa fustigadas pela ventania caiam umas após outras.

E de repente, percebi que o vento era vivo!

E ele brincava no chão rodopiando as folhas e as flores que iam caindo.

Aí empurrava  aquela porção de partes misturadas de plantas, pra lá e pra cá.

E de repente, formou uma coreografia!

Coreografia circular, que  começava com um monte de folhas, e  depois ia enfileirando-as como boizinhos num caminho .

Circular.

E ao fechar o círculo, tudo voltava para trás, circulando em sentido contrário. O vento era o maestro da orquestra.

Formava sem parar círculos que iam se fechando.

Depois se abriam em sentido inverso.

Era uma dança viva com folhas e flores que não queriam morrer...

Morrer assim dançando, dançando...

O vento e as plantas em perfeita sintonia.

Era lindo de se ver!

Mirandópolis, agosto de 2023.

kimie oku in

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domingo, 20 de agosto de 2023

Imaginando...

 

O roto destruindo o amarrotado.

Porém, os pecados do roto são infinitamente maiores.

Isso é incontestável.

A Imprensa tem memória curta.

Acharam um imbróglio para se vingarem.

E eu acho que  é realmente um imbróglio feio , muito feio.

Ato antipatriota.

E eu também condeno esse ato.

Mas, por mais que condenemos, gritemos e proclamemos aos quatro ventos  toda essa sujeira,

Por mais que o noticiário repita mil vezes esse fato,

Mesmo que destruam o homem,

Nunca o roto ficará isento de seus pecados.

Jamais perderá a pecha de ladrão.

Mirandópolis, agosto de 2023.

kimie oku in

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segunda-feira, 3 de julho de 2023

 

Velhice

Não gosto de ser negativa, mas ultimamente tenho percebido como a velhice pesa.

Pesa na memória, que falha ao tentar lembrar nomes de amigos e até de parentes, com quem não convivo amiúde.

Pesa na caminhada diária, quando a coluna cervical começa a reclamar, e os pés começam a doer...

Pesa na necessidade premente de óculos para ver perto, para ver longe...

Pesa nos ouvidos moucos que não captam as palavras ditas até de perto... E fico sem entender  a razão das risadas por algo que não entendi...

Pesa no cansaço que me faz sentar e descansar sem ter feito nada.

Pesa na falta de energia e alento para algum empreendimento. Pesa até na falta de vontade em ler textos interessantes.

Pesa na impaciência  de não suportar sons elevados.. Até de música...

Enfim,  envelheci e isso não tem cura.

Por isso, jovens aproveitem enquanto têm a chama da vida ardendo.

A minha está se apagando.

Inexoravelmente.

É a lei da vida.

Folhas secam.

Mirandópolis, julho de 2023.

kimie oku  in

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domingo, 26 de março de 2023

 

             Alzheimer

 Descobri que, muitos amigos bem mais novos que eu, estão sofrendo de Alzheimer...

Gente que atuou nas escolas, deu aulas até outro dia...

Gente que tinha muito a produzir ainda.

Será que foi a reclusão forçada pela pandemia?

Será que  foi a solidão dos dias tristes?

Será que foi a ausência de parentes e amigos?

Será que foi falta do que fazer?

Pode ser que daqui a pouco também eu seja atacada

por essa doença,

que não tem cura.

Mas, luto diariamente contra ela.

Como?

Indo pro sítio para tomar sol,

junto do meu parceiro inseparável,

ouvir o canto dos passarinhos,

carpir o mato que cresce adoidado com as chuvas,,

Semeando todas as sementes de frutas que consumimos.

Colhendo e distribuindo as frutas e legumes.

Colhendo quiabo, abóbora, pimenta, mamão,

abacate, acerola, limão.

E sempre distribuindo o excesso entre vizinhos.

E ainda, estudando a língua japonesa diariamente,

Tocando piano para colorir meus dias.

E alongando o corpo para não travar.

E navegando aqui na Internet, onde encontro tantas coisas interessantes

Ah! tem tanta bobagem também, mas isso eu ignoro.

O Face ajuda a interagir com muita gente.

E tem tanta gente  capaz e inteligente.

Tenho amigos fantásticos,

que tornam meus dias mais agradáveis.

Por enquanto estou salva.

É preciso ocupar a cabeça, gente!

Mirand[opolis, março de 2023.

kimie oku in

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