sábado, 30 de dezembro de 2017


                 Oomisoka





De vez em quando, gosto de inserir aqui algumas palavras em japonês, porque não consigo atinar com uma que corresponda exatamente ao sentido que quero lhe conferir.
Oomisoka em japonês significa o último dia do ano, ou seja, se refere ao dia 31 de dezembro, o derradeiro dia do ano que finda. Para os japoneses, essa data tem um significado muito mais profundo do que apenas mais um dia no calendário.
No Brasil e nas civilizações ocidentais, é costume considerar o dia 25 de dezembro como a data máxima de comemorações de fim de ano. Tem a ver com a cristandade, com o nascimento de Jesus, o Salvador do Mundo. Então, em dezembro tudo gira em torno dessa data: organizam-se reuniões de famílias, de amigos, de colegas de trabalho, de vizinhos para as confraternizações e troca de mimos; as compras de dezembro são todas visando as Ceias de Natal e os presentes a serem trocados.

É presente para os afilhados, os netos, os amigos secretos...  Ainda tem as nozes, as castanhas, as passas, os vinhos, os champanhes. E os perus, as leitoas, os chesters, o arroz de festa, os panetones, a sobremesa especial, as frutas tropicais... E sem contar com os trajes de gala... O 13º salário se torna pequeno e irrisório diante de tantos gastos.
Entretanto, para os japoneses de cultura milenar de antes de Cristo, o costume é bem diferente.
Durante o mês de dezembro é costume se fazer a faxina da casa, da despensa, dos armários e do quintal, eliminando tudo que é inútil e desnecessário. (É o grande osouji, ou faxina geral). Por que isso? Para pôr em ordem a vida de todos da casa, para se iniciar o novo ano sem as quinquilharias e os bagulhos, que atrapalharam durante o ano todo. Para iniciar o novo ano de alma limpa, de casa limpa, com outras aspirações.Nesse mês também se acerta as contas, devolvendo o que foi emprestado, pagando o que é devido e agradecendo os favores recebidos. É costume, pois, visitar os amigos com um mimo para lhes retribuir a atenção recebida durante o ano, e dentre outras palavras dizer também que, no próximo ano se espera contar com a sua amizade e atenção. (Yoroshiku onegai itashimassu)
E no dia 31, o dia do Oomisoka, a família se reúne para a confraternização, com um grande banquete, onde não falta também o “omoti” um bolinho de arroz, que nos tempos difíceis do Japão era considerado “alimento dos deuses” e era ofertado só aos monges dos templos. Esse banquete tem o propósito de agradecer as graças recebidas de Deus ou Buda durante o ano, pela boa colheita, pela aprovação do filho no Vestibular, pelo emprego garantido, pela saúde de toda a família.
E também, tem a ver com a vida, pois o calendário que se encerra é considerado como a vida que se vai. Então, é preciso fazer uma retrospectiva da própria vida e eliminar tudo que atrapalhou, para que na nova etapa haja menos erros e mais acertos. E nada de carregar para o novo ano as dívidas, as coisas pendentes, para que tudo transcorra melhor, sem compromissos atrasados, sem aflições.

É justamente essa parte de propósitos que assimilo de coração. Acho que os meus ancestrais foram de uma sabedoria ímpar – aproveitar a virada do ano para reflexões, para sanar os estrangulamentos, os erros. E começar uma nova etapa com outros propósitos, com outras intenções. Não só festejar, mas agradecer as graças recebidas e programar a continuidade da vida, para crescer sempre. Agradecer tudo de bom que aconteceu e, outrossim, agradecer tudo de ruim que foi superado. Etapa vencida para iniciar nova etapa.


Então, não há comemoração no primeiro dia do novo ano? Há, sim! Nesse dia costuma-se receber os amigos, os vizinhos para agradecer a boa vizinhança, a boa amizade, a confiança, a atenção recebida durante todo o tempo do ano que finda.
Resumindo tudo, talvez haja semelhanças nas comemorações ocidentais e orientais, porque os cristãos também agradecem a Deus as graças recebidas, e pedem a proteção de Jesus e Maria para o novo ano que logo se inicia.
Mas, percebo que ultimamente o que mais predomina nessas festas é só futilidade. As pessoas se preocupam mais com a decoração da casa, da mesa, com as iguarias a servir, com as roupas da moda e se esquecem do fundamental que é agradecer a Deus a família que está inteira, agradecer a saúde que lhes permite ainda saborear uma boa ceia, agradecer o emprego que lhes possibilita sobreviver e, agradecer a presença de amigos, que ainda estão aqui na terra para tornar a vida mais leve e agradável.
Tanto nas reuniões de japoneses como de ocidentais, hoje a preocupação é só consumir: comer, comer, e beber, beber...
E nada mais impróprio do que comer demais nesse verão bravo, com esse calorão insuportável.
Comer comida forte e gorda, beber em excesso pode levar os alegres celebrantes para a última comemoração de suas vidas.
Então, é bom se cuidar se quiser vencer o Oomisoka e chegar a 2018, com alegria.
E boas festas para todos!       
Com moderação.

Mirandópolis, dezembro de 2017.
kimie oku in 
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quinta-feira, 28 de dezembro de 2017


      Dezembro
     

     Derradeiro mês do ano.
     Mês cheio, que passa voando...
Cheio de calor que sempre oscila entre os 35 e 40 graus, sem perdão. Calor de fogueira mesmo!
Cheio de barulho, de sons variados desde os eternos dingo bells até o “almoço no pesqueiro do Davi...”
Cheio de carros que entopem as ruas, disputando as frescas sombras das árvores. Não há vagas para se estacionar... Estacionam até na entrada da minha garagem... E depois pedem desculpas... Isso resolve?
Cheio de motoqueiros que passam zunindo dum lado e de outro, confundindo os motoristas de carros...
Cheio de gente nas calçadas, atrapalhando o ir e vir das pessoas... Gente que pensa que calçada é sala de visitas e, fica conversando com as comadres e os compadres...
Cheio de anúncios de promoções: Natal é aqui! Natal é ali!  E papais noeis feios e desengonçados só pra lembrar que é natal.
Cheio de presidiários liberados para passar as festas com suas famílias... Trazendo insegurança para outras...
Cheio de gente em férias que viaja para Orlando, para o norte e sul do país, pra gastar o 13º...
Cheio de acidentes de carros, de contratempos, de assaltos aos bancos, aos aposentados que ficam comentando sobre o 13º que irão receber...
Cheio de acidentes de barcos, que afundam entupidos por excesso de peso. De aviões que despencam porque a manutenção foi mal feita.  
Cheio de presentes caros, que não pagam o papel de embrulho, levando ilusões para as crianças e muitas vezes, para os adultos também...
Cheio de carneiros, leitoas e perus assados além do trivial churrasco, que não falta nem nos barracos mais pobres. Comida demais para a população que já sofre de obesidade.
Cheio de cervejas, de refrigerantes, que os consumidores bebem como se fossem água. E acabam virando imensas pipas deselegantes...
Cheio de festas, baladas, confraternizações de amigos que mal se falaram durante a maior parte do ano, enquanto companheiros de trabalho... E trocam palavras de carinho como se fossem os melhores amigos...
Cheio de encontros agradáveis de amigos que aparecem de repente na cidade natal, para rever familiares...
Cheio de visitas, que às vezes começam a cheirar a defunto, porque ficam mais tempo que a família suporta... Três dias é o máximo para uma visita adequada.
Cheio de parentes e sapos que vêm comer de graça, por preguiça de enfrentar a cozinha e, ou querem economizar a compra do mercado...
Cheio de abraços, de cartões postais, telefonemas de pessoas que esqueceram da gente durante o ano todo... De mensagens no face, que são tão impessoais como recados de outros...
Em Dezembro tudo é farto! Comida, bebida, viagens, ceias, confraternizações, passeios, compras nas lojas, nos mercados, nos bazares e ou pela Internet...
Dezembro prima pela fartura, graças ao décimo terceiro salário.
Só por isso!

Mirandópolis, 28 de dezembro de 2017.
kimie oku in

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domingo, 24 de dezembro de 2017


         Lírios e Palmas
     

      
       Às vésperas de terminar o ano, o corredor de casa foi enfeitado com belos lírios amarelos e umas palmas vermelhas.
      Beleza natural sem brilhos, diferente das árvores de Natal que ficam pisca piscando sem parar e, ostentando uma artificialidade nada natural. Que desgastam os olhos de quem passa e as vê.
     Nessa época de festas quando o consumismo toma conta de todos, os criadores de coisas para vender se superam. E as lojas ficam lotadas de bugigangas inacreditáveis... Antigamente, a árvore era apenas um ramo de pinheiro com algumas bolas coloridas. Hoje tudo é absurdamente diferente, vazio e pobre. Os penduricalhos são os mais variados desde bolas que não se quebram até papais noéis totalmente despersonalizados, embrulhados em pedaços de papel vermelho e branco. Tem árvores para todos os maus gostos e para todos os bolsos... E haja mau gosto!
      Desde que o Dia das Mães, das Crianças e o Natal se tornaram o gatilho de vendas polpudas enchendo os bolsos de comerciantes, essas datas perderam a graça e o encanto. Comércio elevado à décima potência, e cultivado por toda a humanidade...
      Felizmente neste ano, o face book não ficou lotado de mensagens  cheias de brilho, que irritavam os olhos de quem tentasse comunicar-se com amigos. Porque no ano passado, foi um exagero que encheu as medidas. Essa mania de gostar de brilho deve refletir a vontade do sujeito apagado que quer brilhar a qualquer custo... Pobreza...
      Daí os meus amigos dirão: O que isso tudo tem a ver com lírios e palmas?  Tem a ver com a beleza natural que Deus concedeu a todas as coisas, que não precisam de brilho para aparecer.
      Nós estamos esquecendo das coisas simples e belas que há nesse mundo. Esquecendo da natureza e criando cores totalmente artificiais, misturando o verde com o vermelho, com o amarelo e inventando nomes como salmão, verde piscina, azul ultramarino e outros que tais... Inventando flores de papel, de seda, de plástico e substituindo as verdadeiras... Deixando de apreciar o belo e o real para cultivar coisas irreais e falsas, como se fossem o supra sumo de consumismo.
      O ser humano está se tornando um fantoche da própria criatividade levada ao extremo.
      Eu sei e tenho absoluta certeza que quando a nossa geração passar, não haverá jardins nas casas, não haverá vasos de flores nas varandas, não haverá caminhos com gramados rodeando pés de capitães e lírios... Flores não dão lucro, dão trabalho. E as novas gerações não têm tempo para essas ocupações. Correndo atrás de din din...
      E o mundo será um lugar triste para se morar...
   Sem flores, não haverá abelhas, não haverá borboletas, não haverá colibris... Não haverá cantos de passarinhos, nem o seu voejar, nem ninhos nas árvores...
      Por isso, fico encantada ao ver os lírios florindo, as palmas se abrindo em todo o seu esplendor. Enfeitando um cantinho, um corredor, uma janela com seu talhe elegante, com suas cores exuberantes, totalmente mudas, absorvendo o calor e o brilho do sol.
     Na minha casa, há flores naturais que superam em beleza todas as criações do homem. Não há papais noéis travestidos de santos bonzinhos e generosos. Aqui há gente de carne e osso, que socorre os familiares e amigos em suas necessidades e há flores e árvores, que foram abençoadas por Deus desde o princípio dos tempos...
      E bom Natal com lírios e palmas floridas!
     
    Mirandópolis, 24 de dezembro de 2017.
   kimie oku in


segunda-feira, 18 de dezembro de 2017


         Recadastramento  
       

       De novo eu me esqueci de recadastrar...
     Só fui perceber porque não recebi a segunda parcela do 13º... Sim, sou desorganizada, alienada e confusa. Contas? Não gosto de fazer...
     E agora, sem o pagamento do mês que é reduzido e o restante do 13º, estou definitivamente ferrada.
   E de acordo com a orientação do SPPREVI, tenho que comparecer a um de seus Postos, comprovar que estou viva para fazer jus aos pagamentos... Porque para SPPREVI eu já não existo mais...
     Antigamente, não era assim. A Unidade em que trabalhava comunicava o falecimento do funcionário aos órgãos superiores através de um Ofício, e seu nome era retirado da lista dos ativos e dos pagamentos. Tão simples e tão prático. Mas...
     Um dia, alguém muito ladino e inescrupuloso resolveu tirar proveito do morto, recebendo seus honorários como se ele estivesse vivo... E com o advento da Informática, e o uso de um simples cartão tudo facilitou para isso se multiplicar sem controle. Bastava ter a senha do morto... E como sempre para controlar os desonestos, os corretos é que têm que pagar.
     E por essas e outras maracutaias, o cidadão vivo tem que provar que não morreu ainda para receber seus proventos. Eu sou uma dessas cidadãs, que todo ano têm que comparecer ao Banco e mostrar a cara e dizer: “Não morri ainda.”
     E isso tem que ser feito no mês do aniversário, com o prazo esticado para mais um mês. Se esse procedimento não for cumprido, adeus pagamento. E aí, tem que correr até um posto do SPPREVI, para ter sua vida financeira regularizada.
     Já é a segunda ou terceira vez que me acontece isso. Sou desligada? Sim, sou muito! E volta e meia me encontro em apuros pela minha desorganização e alienação. Mas, acho que mereço um desconto. Estou na fase de esquecimentos, pois já tenho 75 anos bem vividos, e as contas não fazem parte de minhas prioridades...
     Por isso, aqui vai uma sugestão bem simples: Nos caixas automáticos das agências bancárias poderiam inserir um memorandum, tipo: “Já fez o recadastramento?”
     Aposentados, que tal a minha sugestão?
     PS: Não me peçam nada para o natal dos pobres... estou a zero.
     
     Mirandópolis, dezembro de 2017.
     kimie oku in
     http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/


    

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017


            Tiririca
     
      Tiririca é uma praga que nasce e se propaga descontroladamente lá na minha horta. É quase impossível acabar com ela, porque possui batatinhas que se esparramam e formam novas plantas.
      Acho que tiririca é uma das piores pragas para um horticultor, porque domina o espaço, suga os nutrientes e cresce a olhos vistos. O trabalhador pode capinar com dedicação e cuidado, que no dia seguinte, as daninhas já estarão despontando verdinhas pelo chão. Nem os mata mato (produtos industrializados para combater pragas) conseguem vencê-la. Assim como o picão e o carrapicho, a tiririca é quase indomável. Mas é bem mais temida porque a sua propagação é mil vezes mais rápida que do carrapicho e do picão. Todos os anos vivemos combatendo-a, sem sucesso...
      Temos no Congresso um Deputado Federal que se auto denominou Tiririca quando atuava como palhaço nos circos da vida.
     E recentemente, o Congressista Tiririca tomou uma atitude insólita. Depois de pregar várias vezes que estaria enojado com a corrupção na política, resolveu se aposentar. Disse que estava renunciando ao mandato, porque não aguentava mais a sujeira de seus dignos pares. Todo mundo achou a atitude muito corajosa e digna.
      Tiririca ou Francisco Everardo Oliveira Silva 52 anos, natural do Ceará foi um dos mais atuantes comediantes dos últimos tempos. Cantor, compositor e humorista fez sucesso com a música Florentina, que cantava com muita graça... E dominou as paradas de sucesso. E tal foi o sucesso que resolveram lançá-lo na Política. Foi eleito Deputado Federal duas vezes, com mais de um milhão de votos em cada eleição. E o Estado que o elegeu? São Paulo! 
Quando todos os cidadãos brasileiros ficaram estarrecidos de ter um palhaço no Congresso, de repente esse homem de quem pouco se esperava começou a se revelar. Passou a imagem de homem impoluto, incorruptível e denunciou as maracutaias[U1]  que ocorriam nos bastidores da Casa de Leis. Disse que recebera propostas de propina, e ficara enojado da política que acontecia ali. Conquistou o meu respeito e de outros...
E agora disse que deixava a política e saia do Congresso de cabeça erguida...
Mas depois de seu discurso final, arrematou com uma tirada que deixou todos os brasileiros boquiabertos. Na eleição de 2018 votaria no Lula, que foi o “melhor Presidente que eu conheci!”
Ora bolas, como é isso? Melhor Presidente? O homem que instaurou a roubalheira e a corrupção generalizada no país? Que fez da corrupção uma profissão de políticos, empresários e juízes?
Será que Tiririca sabe realmente o que está falando? Ou não sabe o que é corrupção? As palavras emocionadas de seu discurso não combinam com a sua decisão de votar no maior corrupto de todos os tempos.
Tudo farsa, tudo melodrama para se declarar “Cabo Eleitoral de Lula”. Coisa feia...
Tirica vegetal é uma praga...
Tiririca político é mais um palhaço que quer aparecer na Mídia.
Até os palhaços de profissão devem estar envergonhados dessa farsa, armada por um indivíduo que tentou se travestir de improbo, correto e confiável!
Nada confiável!

Mirandópolis, dezembro de 2017
kimie oku  in








 [U1]

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017


        Necessidades de um idoso
    
    Ontem, andando pela cidade encontrei amigos que me pararam para conversar. E conversar é ótimo!
     Primeiro foi o Serafim, o catador de recicláveis. Magrinho e sempre quietinho, parece que sua figura nunca muda. Empurrando o carrinho de papelões que cata pela cidade. Perguntei-lhe dos dois filhos, que levava à Escola Ebe Aurora, segurando-os pelas mãos... Disse que estão casados, trabalhando e dando conta de suas vidas. Disse ainda que tem dez netos e bisnetos. Serafim criou os filhos sozinho, acho que era viúvo... Nunca vi sua mulher... Ainda falou que mesmo aposentado, gosta de recolher os recicláveis para conseguir uns trocados, porque não consegue ficar parado. Está com 78 anos de idade e continua andando com o corpo ereto, sem capengar. É uma figura que vejo sempre circulando pela cidade. Comentei que me lembrava dos tempos da Escola Ebe Aurora e ele sorriu pensando nos meninos ainda pequenos. Sua vida deve ter sido muito difícil, mas parece que não lhe deixou traumas... Foi muito bom falar com ele. Serafim...
     Depois, encontrei a querida Neyde Pavesi, que é uma das maiores benfeitoras que conheci aqui na cidade. Toda vez que a encontro ambas ficamos felizes, porque a nossa conversa não tem fim. Acho que ela é quem mais fala. Fala dos filhos, da glória de um neto de 17 anos enfrentando o Vestibular, do bisneto pequenino querendo ajudá-la na faxina de casa... Da saúde sempre levando-a aos limites, com dores, com sofrimentos atrozes, com dedos se travando... Que tudo de muito ruim ataca seu corpo volta e meia, como a Herpes Zoster... Mas, que não desiste nunca de pelejar para vencer esses “presentes” que Deus lhe manda... Neyde Pavesi, uma mulher valente e generosa como ninguém!
     E perto do Foto Celso, encontrei a Célia Rufo. Magrinha e bonita, sempre igual, andando célere atrás de seus compromissos. Mas sempre dá uma paradinha para perguntar de minha irmã Akemi de quem é muito amiga e de quem nunca se esquece. Que na véspera, ela e o Rufo estavam comentando que a minha querida irmã está acamada há muito tempo, que fará cinco anos em 15 de março vindouro... Informei que ela está hospitalizada, com todos os cuidados necessários no São Luís em São Paulo. Que está com os cabelos brancos, brancos com pele boa e que tem lances muito breves de consciência, como derramou uma lágrima ao conhecer a netinha, que sempre desejou... Que felizmente, não está se atrofiando como sói acontecer em casos de longa permanência na cama. Que não consegue se comunicar, o que é doloroso demais para os familiares... Célia.
     E à tardezinha, estava caminhando no meu quintal e a Ester Pandin, amiga de longa data chegou pra um papinho... Fazia muito tempo que não a via. Perguntou-me da Akemi, com quem trabalhou no SESI, dei-lhe todas as informações... Falou-me de sua vida de aposentada, que não consegue ficar parada, então se uniu ao grupo de defesa do Pelotão Animal, e por esse motivo estava ali em frente à minha casa, porque havia trazido um cachorro para ser atendido pela Camila, Veterinária do Hara’s Pet. Disse ainda que participa de alguns grupos de aposentados e gostaria de me ajudar na Ciranda. Ester...
     E aí percebi que, todos nós idosos aposentados não gostamos de viver inutilmente, sem nada fazer, sem servir ao próximo, sem estender a mão a alguém para dar sentido à vida. Aposentar-se e ficar esperando a morte? Isso é muito triste.
    Porque o homem é um ser caminhante. Se parar, ele trava e seu corpo entra em declínio como uma máquina, cujas engrenagens começam a se enferrujar por falta de uso. Muita gente ainda não atentou para isso. Homens na meia idade se aposentam e passam a vida diante da tevê e do computador, como se nada mais importasse nesse mundo. Só que o corpo começa a cobrar a inatividade, os nervos se retraem, os músculos ficam meio dormentes... E quando o cidadão precisa caminhar para ir ao banheiro, as dores se manifestam. E se nada fizer, as dores serão a companheira de todos os dias para essa pessoa. Então, caminhar é preciso, alongar é preciso, porque o nosso corpo é vivo e precisa de estímulos.
     As mulheres em sua maioria já perceberam que é preciso se cuidar. E fazem caminhadas, hidroginástica, academia... E acabam vivendo mais que os homens. Não acreditam? Pensem no número de viúvas que vocês conhecem...
     Felizmente, os amigos aqui citados estão levando a sério a necessidade de caminhar, de se exercitar, de fazer algo por alguém, de recolher o lixo que outros jogam... Mesmo sem cultura, e meio alienado o Serafim executa uma tarefa importante para a sociedade. Manter o ambiente livre de papelões que a sociedade produz...
    A Célia sempre ativa correndo pra lá, pra cá cuidando dos familiares... A Ester procurando ser útil defendendo animais e a Neyde, bom a Neyde sempre generosa, sempre atenta para socorrer quem precisa de ajuda. Mesmo nos momentos de muita dor, ela não abre mão de atender a quem precisa. Nem que seja apenas um abraço. Abraço que abençoa o premiado.
     E eu que vou pelejando com a minha Ciranda, para diminuir a solidão dos idosos que conheço.
     Nós os cinco, Serafim, Neyde, Célia, Ester e eu não estamos esperando nosso funeral... Enquanto houver um tico de vida estaremos pelejando, dando tudo de nós para viver intensamente. Em gratidão a Deus pela vida que nos foi concedida.
E quando chegar a hora, seremos resgatados por Deus em plena ação!

     Mirandópolis, 08 de dezembro de 2017.
     kimie oku in


quarta-feira, 6 de dezembro de 2017



                 Mistério inexplicável


       
         Desde que minha mãe faleceu, tenho um cantinho onde presto culto aos meus antepassados com uma vela de sete dias, que mantenho acesa sempre.... É o altar de casa, onde peço a Deus que ilumine os caminhos dos que já partiram, e estes por sua vez protejam os que ficaram...
    Ao longo desses doze anos, a vela me revelou coisas extraordinárias. E volta e meia levo um susto porque ela prenuncia fatos inexplicáveis. Eu sei que vela é vela mas o fogo é que me impressiona. As labaredas parecem ter vida própria. Ela se apaga quando há uma corrente de ar, e se queima naturalmente quando tudo está em ordem.
           Mas, percebi que as chamas falam comigo. Incrível, não é?
        Sei que não sou uma pessoa espiritualista com dom especial e muito menos entendo de bruxaria... Mas, já ocorreram fatos inacreditáveis, que só posso atribuir ao Divino, que ouve minhas preces.
        Quando a família está em crise, com problemas que parecem insolúveis, a vela não queima certinha. Ela se derrama dos lados e fica toda borrada... Ou pega fogo no papel que a envolve e levanta labaredas que parecem incendiar a casa. O Nori diz nessas horas que a qualquer hora vou botar fogo na casa... Outras vezes, a vela se apaga sem mais nem menos, mesmo protegida das correntes de ar. E lá vou eu acendê-la de novo. E de novo ela se apaga. E assim fico teimando por uns dias, até ela se firmar...
        Mas, esta semana aconteceu um fato que realmente  me marcou. A vela estava protegida e queimando certinha. E de repente, levantou uma labareda muito alta sem nenhuma razão. Apaguei e cortei o envoltório de papel, para evitar que acontecesse de novo e a acendi... Daí a pouco, nova labareda se formou e derreteu toda a vela como se fosse uma massa compacta, sem ter chegado até o fim. Ficou de um jeito que não poderei aproveitar o protetor, porque o vidro ficou bem trincado ...
        E o inacreditável foi que ocorreu logo em seguida um problema muito grave que  poderia acabar com a Ciranda... Passei três dias desnorteada, sem conseguir pensar direito... Entretanto, nesses momentos é que mais precisamos orar e assim fiz. Pedi ajuda dos céus... E graças aos bons espíritos e a ajuda de cirandeiros mais sábios conseguimos superar a crise, e realizamos a última ciranda do ano.
        E tudo correu bem, e estamos reprogramando as atividades do ano que vem, com o apoio de todos, porque ninguém quer acabar com o nosso grupo. Já se tornou indispensável para muitos. Acabar a Ciranda? Nem pensar!
        O que ocorreu foi muito triste e deprimente, mas só balançou um pouco o grupo. E penso até que foi um teste, porque todos saímos mais fortalecidos dessa crise. E mais unidos do que nunca. A  Ciranda  tem que ser União, compreensão e companheirismo. Sem isso, não há Ciranda.
        Entretanto, estou escrevendo isso porque há alguma coisa inexplicável nas chamas de uma vela, quando prenunciam acontecimentos futuros. Quando a vela queima certinha, tudo corre bem. Mas, quando ela se borra toda ou levanta labaredas já sei que algo extraordinário vai ocorrer... e isso é assustador.
        Por que ocorre isso?
        Alguém já teve experiência semelhante?
        Alguém pode me explicar isso?

        Mirandópolis, 06 de dezembro de 2017.
        kimie oku in

       

terça-feira, 5 de dezembro de 2017


           Vamos cirandar, que
  a vida é um sopro só!



     No dia 1º de dezembro, fizemos a última Ciranda do ano. Foi na casa do Gerson Possenti, o popular Dé que gentilmente disponibilizou o seu espaço.
     Ficamos quase sete anos cirandando na Chácara Prando, e somos muito gratos pela acolhida generosa com que fomos tratados sempre. Mas agora, precisamos ampliar os horizontes e mudar um pouco de ambiente.
     A Ciranda congrega gente dos mais variados níveis, não discrimina religião, raças, cores, origem, escalas sociais e nem opções políticas. O ponto de ligação de todos é a idade, a solidão e a necessidade premente de companhia.
     Por tudo isso, a Ciranda não pode desistir. Há muita gente abandonada, vivendo sozinha, esquecida por parentes e amigos. E é justamente aí é que atuamos, proporcionando um pouquinho de lazer, de alegria e de companhia para vencer a solidão.
    

Nesses sete anos de convivência mensal, realizamos setenta e sete encontros muito agradáveis, em que os laços de amizade ficaram fortalecidos e aprendemos a respeitar tanta gente que nem conhecíamos. Alguns já partiram depois de cirandar conosco, e outros estão pelejando para viver mais um pouquinho, apesar de fragilizados com problemas de saúde. Assim, temos uma amiga hospitalizada e outros em tratamento por dificuldades de locomoção e problemas outros.

     Na casa do Dé cantamos e conversamos bastante. A varanda onde nos reunimos é bem espaçosa e acomodou a todos confortavelmente. Mesmo o anfitrião estando ausente por motivo de trabalho, nos sentimos à vontade e a Ciranda ocorreu normalmente.
     Conversamos sobre a necessidade de procurar outro ponto de encontro. O Zé Maria de Carvalho ficou de conversar com o novo diretor da AMAI (Asilo local) para nos ceder o Salão onde se realizam as sessões de Bingo beneficente. E o Osvaldo Valverde ficou de sondar a possibilidade de usar o Clube do Hospital, onde é sócio, para realizar alguma reunião lá.
     Até resolver essa questão, uma certeza move a todos: a Ciranda não vai acabar.
E em janeiro, com certeza nos reuniremos novamente.

Mirandópolis, dezembro de 2017.


kimie oku in




segunda-feira, 4 de dezembro de 2017


    Reencontros e Despedidas
    

    
    De novo fui convidada para participar de um almoço de confraternização. A Regina Rosado minha amiga sempre insiste. Eu me sinto meio intrusa, porque sou da turma de 1960, que já completou 57 anos de formatura. E só fizemos o Reencontro de Jubileu de Prata, há 32 anos...
  Acabo cedendo às instâncias da amiga porque o grupo é de mirandopolenses e todos são professores formados em 1965, pelo CENE Noêmia Dias Perotti... E rever amigos sempre é muito bom.
     E lá fui eu para abraçar o pessoal.
    A maior surpresa foi ver a Sonia Ohashi, filha da querida e saudosa dona Maria Ohashi e do famoso taxista seu Zé Ohashi. Sonia está inteira e firme, e veio com amigos de Tupi Paulista. Falou-me de sua vida tranquila, com os filhos formados e pelejando pela vida. Perguntei de sua irmã Jane Ohashi. Com a ajuda da dona Maria criou o único filho que hoje é um cidadão buscando seu caminho. Que a Jane está aposentada como Professora de Educação Física, e empenhada em obras sociais como voluntária... Isso me deixou feliz, porque quando saiu daqui estava meio desnorteada... Sonia mora em Mogi das Cruzes e a Jane perto de Atibaia.
     Reencontrei o amigo Ademar Bispo, amigo de Escolas, por onde andamos pelejando com a educação. E amigo do Banco do Brasil onde atuou com o meu esposo. Jacira não se fez presente por firulas domésticas, o que deixou o amigo tristinho.
      Reencontrei a Noriko Seki, que conheci em outros encontros. Disse-me que sua família era da Primeira Aliança, e tem um irmão morando lá. E junto veio a Chizuru, amiga e ex vizinha da Regina Rosado.
 A Naoe Miyamoto, irmã do Shigueo Miyamoto, que trabalhou por décadas lidando com baterias de carros, lá na Rafael Pereira. Recentemente o prédio onde funcionou sua oficina foi demolido. Shigueo Miyamoto é casado com a Yoshimi Maruyama e residem aqui em Mirandópolis.
      Conheci o Raul Menez, moço de bonita estampa, que é irmão de Marcelo Menez e da Raulinda, que faleceu há anos ...
     Estavam presentes também as moradoras locais. Além da Regina Rosado anfitriã da festa, sua filha Simone, Tereza Veronese, Zilda de Lima, irmã da saudosa Aurelinda, Vera Lúcia Nakano e a convidada especial Regina Siminari.
      A alma da festa é e sempre será a Naoe Miyamoto. Sempre positiva, trouxe como mimo para todos, pequenos calendários enfeitados com origamis. Mesmo participando ativamente na condução do evento, falou-me dos problemas de saúde da família... Do irmão, da cunhada e das próprias mazelas...
      E percebi com pesar que, conforme os anos vão passando o grupo vai se reduzindo. Do grupo todo já faleceram seis companheiros. E atualmente, muitos estão com problemas de saúde e sem condições de efetuar longas viagens.
      Recentemente perdi uma amiga querida, também professora, com quem mantive amizade de aproximadamente 40 anos. Ela residia em Lavínia, e volta e meia eu ia lá tomar um café aos sábados, e passávamos horas conversando. Senti demais a sua partida, porque vivi na ilusão de que ela jamais partiria, tal era o nosso vínculo...
      Mas, somos mortais e a dura realidade de repente se faz presente, e é muito difícil retomar a rotina diária sem contar com a pessoa que partiu...
      A vida é assim mesmo. De repente, tudo muda e alguém parte para sempre. A morte é uma certeza absoluta e inexorável.
   Então, é preciso viver cada momento com sofreguidão, como se saboreasse a última taça de vinho... Viver com alegria, abraçando amigos e familiares e convivendo momentos com intensidade.
      Reencontrar amigos volta e meia é uma forma de driblar as tristezas das partidas e, usufruir mais um pouquinho da companhia uns dos outros.
      Assim como fazem a Regina Rosado e seus amigos professores
      E salve a Amizade!

     Mirandópolis, 25 de novembro de 2017.
     kimie oku in





sexta-feira, 24 de novembro de 2017

         
            Abordagens
                 (para todas as Mauras do Mundo) 
     Depois que publiquei a crônica intitulada “Os jovens, os velhos”,  percebi que o tema permite várias abordagens diferentes. Minha abordagem foi sobre o tratamento diferenciado que a sociedade oferece aos jovens e aos idosos. Os mesmos jovens que um dia serão idosos...
      Eu poderia ter comentado sobre os jovens que agem como velhos, nunca tendo experimentado a juventude por serem duros, radicais e exigentes demais. Ou sobre os velhos que nunca tiveram juízo e agem como adolescentes inconsequentes, dando muitos aborrecimentos às famílias. Ou ainda, sobre velhos que agem como velhos ranzinzas desde que foram crianças, e jovens que nunca amadurecem... Honestamente percebi que, a primeira e a segunda abordagens são as que mais ocorrem.
      Em Consciência Negra abordei a inutilidade de um dia dedicado a Zumbi, para acabar com o preconceito racial. Poderia ter defendido a ideia de que uma data pode fazer toda a diferença.
Depois vi publicações denegrindo a imagem do Zumbi, que sucedeu a Ganga Zumba, que formou  reduto em Quilombo dos Palmares, para acolher os negros foragidos das senzalas e, os índios perseguidos por capitães do mato... Acredito que, o reverso dessa medalha de Zumbi foi criado pelos senhores dos engenhos, que não aceitavam sua liderança para acolher os escravos fugitivos. É preciso entender a verdadeira história para não distorcê-la. Zumbi era um guerreiro, descendente de gente nobre da África e, não aceitava servidão por causa da cor da pele, para si e nem para os seus. Houve excessos no Quilombo? Sim, com certeza, pois não deve ter sido fácil controlar uma multidão faminta, revoltada e sem renda. Ele conseguiu afrontar e bater de frente com os escravagistas. Nesse sentido foi um herói africano, defendendo sua gente das garras de gente branca, que se julgava superior e agia como carrascos. E a História oficial do Brasil, aquela mesma História dos compêndios que ensinamos na Escola, está cheia de incongruências e mentiras. Porque foi construída e narrada pelos brancos que mandavam. Versão dos mandantes, sem nenhum respeito para com os africanos. Mesmo agora, os mandantes do país distorcem as verdades em benefício próprio. Sempre foi assim e sempre será, infelizmente. A História oficial sempre é contada pela perspectiva dos dominadores.
Quando eu trabalhava na Delegacia de Ensino em Andradina, havia lá uma funcionária supercompetente chamada Maura. Era Diretora das Finanças da Delegacia. Era uma mulher forte, bonita e totalmente negra. De branco só os dentes perfeitos. Acho que era Professora de Física em alguma Escola. Professora muito capaz! Um dia, a convidei para almoçar comigo num restaurante local. E ela disse que não poderia ir comigo, porque sua irmã que morava na África estava à espera para almoçar junto.
Interessada pela história, lhe perguntei o que essa irmã fazia num país tão distante. Era Irmã de Caridade e desenvolvia um trabalho social lá. Então, lhe sugeri que procurassem as raízes da família lá na África, para descobrir a procedência de seus pais e avós que vieram como escravos. E de repente, ali na calçada em pleno meio dia, essa Maura desatou a chorar. Levei um susto vendo aquele rosto querido devastado pelas lágrimas... Não entendi nada... Fiquei perplexa. 
Quando se acalmou, explicou que haviam tentado várias vezes essa pesquisa. No consulado... E descobriram que o Governo brasileiro havia queimado todos os documentos, para não deixar provas de escravidão no Brasil!!!
 Então, ali na calçada de uma cidade próxima, em pleno meio dia, vendo a dor da minha amiga, senti imensa vergonha da nossa História que, está recheada de mentiras e traições contra o próprio povo de sua terra. Mentiras que roubaram a verdadeira história dos africanos que aqui vieram forçados, para serem subjugados e humilhados. Nem direito à própria história foi respeitado! Mentiras dos coronéis, dos senhores de engenho, dos escravagistas, dos políticos sem caráter e dos “sábios” que escreveram a nossa História... Passagem triste e vergonhosa de nossa História.
E fico pasma de ver gente, que ainda não acordou para a realidade de nossa História, e em pleno século XXI acredita em histórias de carochinha. E divulga que o Zumbi foi um bandido... Puro resquício de preconceito e discriminação racial. Espantoso!
Vamos acordar, meus amigos!
Zumbi foi prepotente? Foi duro com os irmãos escravos que procuravam a liberdade?  Acredito que deve ter sido! Mas, ele estava procurando um caminho livre para todos! Um caminho de luz, de libertação. Liderar uma multidão revoltada, vilipendiada que não queria se submeter a ninguém depois de anos de cativeiro, não deve ter sido fácil. Ao invés de criticar Zumbi, seria mais honesto analisar a atuação dos senhores escravagistas, que trataram os africanos como seres inferiores. Como animais que não sentiam dor, mágoa, tristeza, banzo...
E aí seria mudar a abordagem para a verdadeira face de nossa triste História.
Será que um dia isso acontecerá?
Maura...

Mirandópolis, novembro de 2017.