sábado, 31 de dezembro de 2016

Amigos,

          Acordei hoje com o barulho de crianças pedindo boas festas de ano novo.
          E aí pensei: É outro ano!  2011 se foi. E sobrevivi, assim como os meus, graças a Deus!       
 As crianças me levaram de volta à infância, quando se comemorava a chegada do novo ano, com outros rituais. Era um jeito tão diferente de se comemorar!
         E resolvi contar, para os meus amigos conhecerem um pouco do espírito japonês, que dominava os nossos pais, primeiros imigrantes do Japão.
         E também para os nossos descendentes saberem que, nós éramos de outra geração, de outra formação. E que não foi nada fácil, para nós jovens de 50, 60 anos atrás, absorver a cultura brasileira, que era ensinada na escola, e a cultura japonesa, que os pais incutiam, como primeira e fundamental.
         Nós crianças, ficávamos em conflito constante, diante da diversidade de costumes. A brasileira era mais livre, mais fácil de assimilar. A japonesa era rigorosa, mas obrigatória.
         Mas, sobreviver era preciso, e fomos de um jeito e de outro, escolhendo o melhor caminho para seguir em frente, sem muito sofrimento.
         E cá estamos, caras de japoneses, mas corações de brasileiros. E acho que valeu a pena. Porque somos completamente brasileiros, mas carregando ainda o espírito e o orgulho japonês.
         E é por isso que, não consigo libertar-me da cultura japonesa, que é milenar, riquíssima e admirável. E gostaria que ela jamais se perdesse, que continuasse nas gerações vindouras.
         Com esse intuito, gosto de registrar as lembranças que carrego do meu tempo de infância, quando a cultura japonesa fazia parte do nosso dia a dia.
         Então, resolvi começar o novo ano, contando como nós japoneses, comemorávamos a chegada do ano novo, conforme os ritos orientais.
         E escrevi a crônica Oshougatsu, que significa Ano Novo.
         Que todos tenham um ótimo oshougatsu!

       Mirandópolis, 1º de janeiro de 2012.
       kimie oku(cronicasdekimie.blogspot.com)

 Oshougatsu ou Dia de Ano Novo
                                           (memórias)
                               
        Todo início de ano é a mesma coisa. Reunião de família, comida, muita comida, um converseiro só e bastante esperança. Esperança de, superar no novo ano, tudo que ficou sem resolver.
       É assim com todo mundo.
      Sempre que amanhece o primeiro dia do ano, crianças “pedem” boas festas de ano novo, para receber guloseimas.
      Como fui criada no sistema japonês, nunca saí por aí, fazendo isso. Fui criança nos anos do pós-guerra, de 1945 a 1950. E a lembrança que tenho desse tempo é que, o oshougatsu ou dia de ano novo, era comemorado pelos imigrantes do Japão, de forma totalmente diferente.
      Morávamos numa comunidade de japoneses e tudo era feito em conjunto. E na época, ainda predominava o culto aos Imperadores do Japão, culto fortalecido com a tristeza da derrota na guerra. Os japoneses aqui residentes, reverenciavam os monarcas japoneses, como se fossem deuses. E tentaram passar esse sentimento para nós, crianças.
       Logo de manhãzinha, quando clareava o dia, todos os chefes de família, e seus filhos homens vestiam-se de ternos, e se reuniam num barracão, ou tulha de algum vizinho.
       Ali, diante das fotografias dos imperadores Hiroito e Nagako, e da bandeira vermelha e branca, realizava-se uma cerimônia solene de súditos, jurando fidelidade ao Japão. Naquela época, todos os imigrantes achavam que, estavam só de passagem no Brasil. A pátria, sem dúvida nenhuma, era o Japão. O Brasil era apenas uma terra emprestada, temporariamente.
      Se não me falha a memória, a cerimônia  constava de discursos, enaltecendo as figuras dos Imperadores, e relembrando sempre a pátria distante. Era um ritual rápido, com a entoação do Hino Nacional do Japão: “kimiga yoowa/ Chiyo  ni/   Yachiyoni/  Sazare/   Ishino /  Iwao to narite/ Kokeno/  Mussu made....” traduzindo:  “Que o reinado dos Imperadores dure até que, os rochedos se transformem em seixos, cobertos de musgos” (eternamente)
      É claro que nós, as crianças, também entoávamos o hino, sem saber o significado, e depois quando se davam os vivas, ficávamos contentes, porque a comemoração chegava ao fim. Os vivas eram: “Banzai, Tenno Reika !”... “Banzai, Kogo Reika!” ... “Banzai, Nippon!” ...”Banzai, Oriente Shokuminchi” ou, Viva o Imperador, Viva a Imperatriz, Viva o Japão, Viva a Colônia Oriente!
       Depois desses vivas repetidos várias vezes, alguém começava a distribuir os manjus, os motis e balas. Era o melhor momento da reunião para nós, crianças.
      Os adultos homens sentavam-se em volta de uma mesa, repleta de coisas gostosas, e saboreavam a culinária japonesa. Depois, iam de casa em casa, cumprimentar as famílias e desejar um bom ano para todos.
      Lembro ainda que, entre os pratos enfileirados, contendo sushis , nishimê, ozooni e pedaços de toofu servidos com shoyu, havia também leitoas assadas inteiras , assim como frangos dourados, crocantes... Nesse dia, todos se alimentavam bem, pois se dizia que, quem passasse fome nesse dia, passaria necessidade o ano inteiro. Tudo era motivo para se encher a barriga.  Hoje, relembrando aquele tempo que passou, vejo que nada restou desses costumes tão inocentes, dos japoneses.
      Cultuar uma pátria distante...cultuar Imperadores que nunca ninguém conhecera ... manter costumes de outro mundo... não há sentido nisso. Por isso, tudo se perdeu ao longo dos tempos...
      E acabamos adotando os costumes da Terra. E foi bom, porque não há sentido em consumir comida com temperos de uma região gelada, já que lutamos todos os dias, para sobreviver ao calor tórrido dos trópicos.
       E não há sentido em cultuar governantes de outros países, se é aqui que sofremos, se é aqui que a inflação não perdoa, se é aqui que pelejamos todos os dias.
      E não há sentido fingir que, o Brasil é terra emprestada, uma vez que os nossos pais estão enterrados neste solo, para sempre. E nossos filhos e netos são totalmente brasileiros, assim como nós.
      Sei que muitos desses costumes vão prevalecer, pois origem é origem. E comer um sashimi de vez em quando é muito revigorante. E falar em japonês não faz mal a ninguém, porque cultura é cultura.
       Mas tudo isso já virou moda abrasileirada.
       E é por isso que gosto de, lançar de vez em quando, umas palavras japonesas como esse “oshougatsu”.
     Mesmo porque, há palavras que têm um significado especial para nós, descendentes de japoneses.
     Palavras como "Shinnem akemashite omedetou gozaimasu", ou Feliz Ano Novo!
     E Arigatô!

     Mirandópolis, 1° de janeiro de 2012.
     kimie oku      in


       





quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

       2016 inesquecível
     O ano que passou vai ficar na História.
      Ano de escândalos políticos inusitados. Ano em que descobrimos que a nossa classe política não presta. Que os partidos políticos só pensam em dilapidar os tesouros do país. Enfim descobrimos que, os nossos maiores inimigos são a classe de governantes, que escolhemos através de eleição para dirigir a Nação. Decepção de eleitores.
Pensei em fazer uma crônica sobre toda essa podridão política que estarreceu os brasileiros, mas... é tanta sujeira que nem caberia num jornal. Daí, resolvi só citar tudo que passou, sem parágrafos nem pontos finais, porque foi assim que engolimos com dissabor tudo que vou relatar. Misturado com ocorrências terríveis contra a população...
Falência do Estado de Minas Gerais, rio grande do Sul e do Rio de Janeiro, salários parcelados dos Servidores; Zika e Chikungunya; Ministério Lula que foi Ministro de araque por um dia; Microcefalia fazendo milhares de vítimas irreversíveis; o fim do Ministério da Cultura e a sua volta em seguida, o escândalo da Lei Rouanet envolvendo gente famosa na roubalheira, a  moda nojenta de cuspir na cara dos outros; denúncias contra Sarney, Jucá e Aécio; a Olimpíada Rio 2016 com superfaturamento das obras, a rica e fictícia passarela para ciclistas que o mar engoliu; o Impeachment da Dilma e as manifestações a favor e contra de norte a Sul do país; os containers de tesouros da República roubados por Lula; o reverso da medalha de Joaquim Barbosa, que posou de honesto que nunca foi; a briga pela PEC 241, para reduzir gastos por 20 anos, cortando investimentos em vários setores, inclusive na Educação e na Saúde; as invasões políticas nas Escolas contra essa 241; os gastos extras com o ENEM por conta dessas invasões; Moreira Franco braço direito de Temer com propina de milhões; Greve dos Bancários e os transtornos dos usuários, o fechamento de 400 Agências do Banco do Brasil e, a demissão de funcionários engrossando a já imensa fila de mais de doze milhões de desempregados; a denúncia contra Roseane Sarney que favoreceu empresários em prejuízo do Estado de Maranhão; a obrigatoriedade do farol aceso durante o dia nas estradas sinalizadas; o Plano de Demissão Voluntária nos Correios; a vergonhosa omissão da classe médica do INSS que só assina ponto e não atende aos doentes; a denúncia de Neymar que sonegou milhões de impostos; a prisão do ex Governador Garotinho do Rio  e a cassação de Rosinha da Prefeitura de Campos de Goytacazes; a prisão de Sérgio Cabral e esposa, que levavam uma vida de nababos por conta de uma organização criminosa que ele próprio comandava; a morte do ditador Fidel Castro e a lamentação de seus adoradores Lula e Dilma; a Reforma da Previdência, esticando até o infinito a contribuição mensal, enquanto os militares e políticos possuem aposentadoria super privilegiada; a campanha contra o bandido mor do Congresso Renan Calheiros, que afrontou o Supremo; a queda do avião dos jogadores da Chapecoense enlutando todo o país; o crescimento da rejeição de Temer; a bomba relógio Odebrecht incriminando os últimos moicanos ou políticos (aguardem mais podres por aí!); o Papa dizendo que o céu e o inferno não existem; os transviados Religiosos predadores de meninos; a façanha  da Lava Jato, investigando, prendendo, processando e recuperando milhões roubados da Nação e, tentando cumprir o seu papel, mesmo contra toda a classe política... Somente com o apoio da população.
Enquanto isso, a inflação vem corroendo mais e mais as contas dos brasileiros. Está difícil fazer compras com o reduzido salário atual, porque os preços estão numa ascendência galopante assustadora.
Acredito que nesse final de ano, nada há para se comemorar! Natal minguado e triste!
      Início de ano sem muitas perspectivas.
      O que mais de sombrio ocorrerá em 2017?
Cassação de Temer? Novas Eleições?
E quem será o novo mandatário do país?
Sobrou algum político digno e impoluto?
Quem?
Mirandópolis, dezembro de 2016.
kimie oku in



sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

                                                           Esgoto
   
   Quando a urbanização começou, os Prefeitos procuraram proporcionar conforto aos moradores das cidades.
      E dentre as grandes benfeitorias que eles realizaram foram a abertura de ruas, a canalização de água e a rede de esgoto para descartar todos os dejetos humanos das residências. Não há dúvida nenhuma que a canalização de água facilitou a vida de todos, mas a instalação da rede de esgoto ganha em importância pela higiene e pela saúde de todos os moradores. Antigamente, toda casa tinha uma fossa negra no quintal, que era anti-higiênica, desconfortável e mal cheirosa. O vaso sanitário foi a salvação da humanidade. E com ele a rede de esgoto, que passa nos subterrâneos das ruas.
     A nossa cidade possui uma rede de água e esgoto subterrâneo bem antiga, e volta e meia surgem problemas difíceis de se resolver. É cano que estoura, é tubulação entupida... E o pessoal do Departamento de Água e Esgoto (DAE) se vê em grandes apuros para solucionar.
     Dizem amiúde que, a rede de água e esgoto deveria ser refeita, por estar totalmente deteriorada pelas décadas de uso sem manutenção.  Esses serviços no centro da cidade foram realizados na gestão do Prefeito Geraldo Braga e do Alcino... Há cinquenta anos ou mais... Mas, nunca há verba suficiente, e outras prioridades acabam se sobrepondo às obras. E ninguém sabe as reais condições dos canos...
     Mesmo com todos os problemas que surgem volta e meia, tanto a canalização da água e a tubulação do esgoto tem funcionado mais ou menos. Só fui dar conta disso, quando uns vizinhos tiveram dejetos que voltaram do esgoto e invadiram suas casas, numa situação abominável. Foi aqui na Rua São João e foi um horror. Aconteceu há uns sete, oito anos, e agora ocorreu novamente na semana passada.
Assistir impotente ao esgoto borbulhar no vaso sanitário e nos ralos, espalhando os dejetos de toda espécie que invadiram os cômodos da casa, foi um sofrimento inenarrável para os moradores. Moradores que pagam pontualmente o fornecimento de água e o imposto do recolhimento do lixo e do esgoto. Foi nojento, desrespeitoso e revoltante.
Quando esse fato ocorreu pela primeira vez há anos, os vizinhos colocaram válvulas de contenção em suas moradias para o esgoto não voltar. E funcionou regularmente. Mas, desta vez, nem as válvulas contiveram a sujeira. E era merda  nos sanitários, nos ralos, nos bueiros, nas calçadas, numa fedentina insuportável... Só quem teve que limpar tudo isso pode relatar a raiva que passou.
Chamamos os funcionários do DAE para efetuar o desentupimento das manilhas, destampando bueiros de ruas... E eles vieram e tiveram trabalho para fazê-lo.
Intrigada pela ocorrência do fato, fui perguntar ao funcionário que acabara de limpar o bueiro, a razão do entupimento. E ele me respondeu que havia uma bola de gordura imensa obstruindo o canal. Gordura de pratos, de assadeiras, de panelas que donas de casa jogam no ralo das pias. A gordura daqui junta-se com a do vizinho e dos demais moradores da rua e vai formando esse bolo, que acaba     virando uma massa imensa que nenhum canal pode eliminar. E é tão fácil evitar isso. Nunca, mas nunca jogar óleo velho no ralo. Basta doar para quem faz sabão. Usar peneirinhas nos ralos das pias, para filtrar os alimentos sólidos que podem entupir. E usar papel higiênico para retirar o excesso de gordura dos utensílios usados, jogando-o no lixo antes de se proceder a lavagem. Medidas simples para o benefício da coletividade. Ter sempre um rolo de papel higiênico sob a pia, para esses procedimentos. Tão simples e eficiente. Pequenos cuidados que surtem resultados.
Mas, o que me deixou pasma foi o funcionário dizer que, os absorventes usados pelas mulheres é que são os campeões de entupimento do esgoto. E fiquei profundamente incomodada e envergonhada, pelas mulheres idiotas que não pensam. Ele ainda teve a capacidade de me explicar que, o absorvente em contato com a água fica inchado, porque é feito de algodão, papel e plástico, dobrando de volume. E juntando-se a outros absorventes e dejetos vai fechando os canais de circulação, provocando o estrangulamento do esgoto.
Gostaria muito que essas mulheres irresponsáveis, vazias de cabeça e completamente burras, tivessem suas casas invadidas por uma porção de absorventes usados e inchados, misturados à merda que corre no esgoto. Veriam o horror da situação e, talvez isso despertasse a consciência de seus atos. E se não sabem descartar os absorventes, aí vai uma dica: Embrulhe-o bem embrulhado com papel higiênico e jogue no lixo. Porque ninguém precisa saber que você está menstruada.
Por que o ser humano nunca pensa em se evoluir? Por que muita gente prefere viver num terceiro mundo sujo, irresponsável e sem compromissos? Por que nunca se incomoda com a sujeira que produz e incomoda os outros? Por que o ser humano é tão egoísta e não usa a inteligência?
Não só as mulheres mas os homens também não pensam nos outros, quando soltam seus rojões para comemorar a conquista do Palmeiras como campeão. O que eu tenho a ver se seu time foi campeão? Pra mim não importa se foi o Corinthians, o Santos, o São Paulo, pois a sua alegria não é a minha felicidade. Então por que tenho que sofrer quando você está feliz?
Você já pensou alguma vez no susto que, esses estrondos dos rojões provocam nos cardíacos? Nos bebês? Nos animaizinhos? É maldade demais!
Quer comemorar?
Cante, dance, grite, chore, abrace os amigos, fique bêbado... Vibre numa alegria natural, que não magoe outros.
Mas, não solte rojões!
Porque, quem ganha com esses estrondos?
Traz algum benefício para alguém?
Só prova e atesta a burrice de quem paga por esses artefatos e, fá-los explodir para atormentar os vizinhos, os passantes, os animais... Burrice pura.
Concluindo: coloco num mesmo nível as mulheres idiotas de minha cidade, que jogam absorventes nos vasos sanitários e os homens vazios de inteligência, que soltam rojões a torto e a direito.
São todos gente sem polimento.
Sem civilidade.
     Subdesenvolvida.
     Que não sabem o que é convívio social.

Mirandópolis, novembro de 2016.
kimie oku in