terça-feira, 31 de maio de 2016

                        Lição de Democracia   

Acabamos de passar por um fato incomum na História do Brasil: o afastamento da Presidente Dilma Rousseff em seu segundo mandato.
Já aconteceu antes com o Presidente Fernando Collor de Mello, que foi cassado de fato por improbidade administrativa. E o nosso Parlamento ou Congresso tinha essa experiência anterior registrada.
Quando amanheceu o dia, e foi confirmada a admissibilidade de impeachment da Presidente pelo Senado, que ficará por seis meses afastada do Governo, percebi que os Parlamentares estavam convictos dos erros cometidos por ela.
Na minha carreira de Professora, ensinei aos alunos que numa Democracia há três Poderes para garantir o funcionamento da sociedade.
Nenhum Poder tem liberdade de agir independentemente. Os três estão entrelaçados e deve haver um acordo, um consenso para que as medidas tomadas sejam justas para a sociedade governada. Se cada Poder agir separadamente caracterizará desrespeito à população, e mais ainda um ato de prepotência, de ditadura. Assim deve funcionar a Democracia ideal. Ao longo da História, porém a Democracia vem se viciando e praticando atos próprios de governos de exceção. E recentemente, isso aconteceu com as pedaladas fiscais, que disfarçaram as contas do governo. Os atos e as contas da União têm que ser transparentes, para garantir a credibilidade do mercado. Mas, houve abuso dessas pedaladas e maquiagem das contas, que oneraram pesadamente a Nação. Pedaladas Fiscais não consultaram o Legislativo nem o Judiciário, daí o vício inaceitável. Daí porque toda essa movimentação para o impedimento da Presidente. Fato que a maioria da população não entende, e acaba condenando os que a acusam de atos ilegais.
Mas, como funcionam esses três Poderes?
O primeiro é o Poder Legislativo, composto por Vereadores, Deputados e Senadores, eleitos pelo povo para representá-los. Sua função é criar Leis para melhorar a vida dos cidadãos. Assim, eles definem o que é bom para a comunidade, como ajudar Instituições, construir hospitais, pontes, estradas, fortalecer os órgãos de segurança pública. Nada é feito por vontade de um indivíduo apenas, tem que haver um consenso geral. E tudo deve ser debatido minuciosamente para beneficiar a maioria da população.
O segundo Poder é o Executivo, atribuído a Prefeitos, Governadores dos Estados e ao Presidente da República. Sua função é a de executar o que a Câmara dos Vereadores, a Assembleia Legislativa dos Deputados Estaduais ou o Congresso composto de Câmara dos Deputados Federais e  Senado estabelecerem em Leis. Um Prefeito, um Governador ou um Presidente nada podem fazer sem que a decisão não passe pelo Legislativo. A não ser em casos de emergência, de urgência, como diante de catástrofes da natureza, epidemias descontroladas que requerem intervenções imediatas.
O terceiro Poder é o Judiciário, composto de Juízes e Tribunais, que analisam se as ações praticadas respeitaram as partes, e não feriram os direitos de alguém. É através desse poder que ocorrem as censuras, as multas, as punições, os encarceramentos de cidadãos que cometeram erros, roubos, crimes... Para o cumprimento dessas determinações, existem órgãos de segurança para policiar a ação dos homens, e cumprir ordens do Judiciário.
Existe um dito popular: “O seu direito termina onde começa o direito de outrem” E é bem por esse caminho que a Justiça trilha. Porque se assim não for, a vida dos cidadãos viraria um caos, uns atropelando outros com medidas sem pé nem cabeça. Já imaginaram se alguém decidisse fazer um cercado no meio de uma avenida para criar porcos? Inconcebível, né? 
Mas antigamente, nos primórdios da civilização era assim... Não havia leis, não havia dirigentes, não havia punição. A Justiça era feita através da Lei do Talião: “Olho por olho, dente por dente” A violência era   comum em todos os povoados e quem mais sofria eram os fracos, os indefesos, os idosos e as mulheres. Felizmente, a humanidade evoluiu e muitas medidas boas foram criadas, como viver em harmonia, através de uma organização que respeite os direitos dos cidadãos.
A essa forma de controlar uma sociedade deram o nome Democracia. De início, a Democracia foi decantada, adotada e aprovada. Porém, ultimamente, a liberdade que é uma das características principais da Democracia está sendo manipulada e usada indevidamente. Democracia está se transformando em anarquia, onde todos têm direitos e quem pode mais chora menos. Na Democracia verdadeira todos têm direitos, mas deveres também. Hoje, todos só brigam pelos direitos...
O nosso país passa atualmente por esse processo.  Senão vejamos: Os invasores de propriedades estão cada vez mais ousados e não respeitam mais nada. Não só nas fazendas e propriedades rurais, como em Instituições públicas como Escolas e Fábricas. Quando não se respeita a propriedade alheia não é mais democracia. Quem invade está cometendo uma ditadura, oprimindo e pisando nos direitos de outrem. Ninguém suporta ver sua casa invadida e seus pertences sendo usados por outros. Mas, esses mesmos, que não suportam esse tipo de apropriação indébita, é que estão tomando posse de lugares, que não lhes pertencem. Como dizem: “Pimenta em olhos alheios é colírio”
Por que acontece esse vandalismo descontrolado?
Porque o governo perdeu a autoridade, porque os exemplos que chegam  da Câmara Alta ao povo, são realmente obscenos e vergonhosos. A roubalheira foi institucionalizada, e parece que a sociedade não se importa e nem se espanta mais. Mesmo o novo governo interino de Michel Temer não conseguiu selecionar Ministros impolutos, para compor o seu staff, porque ficha suja parece ser o atributo comum de todos os que reinam no cenário político atual.
Apesar dos pesares e em que pese a corrupção no país, tivemos uma lição de História ultimamente. O Superior Tribunal Federal, órgão máximo do Poder Judiciário acolheu e encaminhou o Relatório sobre a admissibilidade de Impedimento da Presidente Rousseff ao Congresso.
Em primeira instância, a Câmara cujos Deputados Federais foram eleitos como Representantes de todos os Estados brasileiros, analisou o processo e o aprovou.
E em segunda instância, o Senado, composto também por Senadores dos Estados brasileiros, analisou e aprovou o Relatório, concluindo que o impeachment é admissível.
A partir de então, o Senado comandado pelo Presidente do Superior Tribunal Federal, irá ouvir testemunhas e colher provas a favor e contra a Presidente, para embasar o processo para a decisão final, que poderá ser favorável ou desfavorável.
Por enquanto, a Presidente se manterá afastada do cargo, que está ocupado interinamente pelo seu Vice. Ela terá que aguardar durante seis meses ou cento e oitenta dias, pela decisão da Comissão. Essa decisão poderá reintegrar a Presidente no cargo, desde que fique provada sua inocência fundamentada em provas irrefutáveis. Ou destituí-la da Presidência definitivamente, e torná-la inelegível por oito anos.
Como o país não pode ficar sem um chefe, o Vice assumiu, conforme estabelece a Constituição. É para situações como essas, e em casos de impedimento por doenças e mortes do titular é que se elege um Vice.
Então, essa tragédia que aconteceu no país, deu uma clara visão do funcionamento de uma Democracia baseada nos três Poderes.
O Legislativo e o Judiciário analisam e definem se há procedência nas denúncias. Nada é feito só por ouvir falar, ou porque alguém apresentou uma liminar acusando irresponsavelmente uma Presidente. Tudo é analisado minuciosamente, ouvindo testemunhas e apresentando provas legítimas.
Em relação a crimes comuns mesmo de mortes, o Judiciário é que  assume a responsabilidade de julgar, multar, punir, encarcerar ou libertar.
Em relação à Presidente da República como é o caso em questão, e por ser a Chefe do Poder Executivo, foi imprescindível a participação do Legislativo, que é composto por representantes do povo. É o povo que faz a análise do processo, e julga através de seus representantes. E tem que ser sacramentado pelo Judiciário, através do Supremo Tribunal Federal de Juristas capazes e responsáveis.
Ultimamente, por conta desse episódio do impeachment, muitas inverdades foram veiculadas. Quem defende a Presidente estabeleceu que ela é inocente dos crimes de que é acusada. Porém, suas pedaladas fiscais fizeram um rombo de cento e setenta bilhões de reais no erário público, de acordo com as conclusões do Tribunal de Contas da União: 170 Bilhões! Ora, se isso não é crime, nada mais é crime. Rombo de tamanho tal que quebrou o país. E afetou toda a população.
A isso sim, podemos chamar de golpe. Golpe contra o país.
Porque com esse rombo acabou com a verba para Hospitais, remédios, cirurgias, Escolas, cursos, Segurança do povo.... Quebrou o funcionamento normal das Instituições Fundamentais da Nação. E tudo virou um caos. Quem duvidar, que vá conferir nos saguões de hospitais, a fila de doentes precisando de atendimento em Centros, que não dispõem nem de simples curativos... Que confiram no noticiário de toda manhã, como o Serviço de Segurança está cada vez mais perdendo terreno para os bandidos.
E o mais grave de tudo isso é que esse escandaloso volume de bilhões de reais das pedaladas teve destinos suspeitos, enriquecendo muita gente que usufruía da ligação com a Presidente. Gente de todos os Partidos...
Pode até ser que muitas das maracutaias passaram despercebidas pela Chefe, mas seus assessores estão envolvidos até o pescoço com essa sujeira toda. E ela como a Mandatária Suprema deve responder por esses crimes. Porque é impossível que tudo tenha ocorrido sem que ela soubesse.
E todo esse ritual de denúncias, de acolhimento de relatórios, de votação dos Legisladores e dos Juízes está previsto na Constituição Brasileira, que é a Carta Magna da Nação. E é essa Carta Magna que rege a vida de todos os cidadãos brasileiros, mesmo a de um Presidente da República. Ninguém está acima da Lei. E essa Constituição existe para garantir o funcionamento e a estabilidade da sociedade.
E esse Processo de Impeachment deve continuar ao longo de seis meses, para fazer uma devassa nessa história toda, e esclarecer de vez o que realmente aconteceu, e responsabilizar os culpados.
Esperemos que o Senado e o Supremo tenham competência para fazer um trabalho isento, limpo e justo. Acredito que é o que o que a maioria dos brasileiros espera.
Que a Verdade venha à tona e a Justiça prevaleça!

Mirandópolis, maio de 2016.
kimie oku in

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segunda-feira, 30 de maio de 2016

       Gente de fibra
 RAIMUNDO BEZERRA DE SOUZA
 
     Gente de fibra de hoje é um pernambucano de 92 anos de idade, natural de Granito, cuja Padroeira é Nossa Senhora do Bom Conselho.
     É o senhor Raimundo Bezerra de Souza.

     Seu pai era paraibano e sua mãe pernambucana, e era gente que lidava com gado, lá nas terras de Pernambuco. E assim, o menino Raimundo nem teve tempo para ir à escola, pois tinha que cuidar dos bezerros do rebanho do pai.
     Na década de 40, seu Raimundo conheceu a senhorita Maura Cunha, de uma família que lidava com a lavoura de milho, cana de açúcar e arroz, lá em Rancharia, Pernambuco. Casaram-se e tiveram dez filhos, dentre os quais há um Administrador de Fazenda, um Peão que lida com gado, um Médico, um Agente de Penitenciária, um Advogado, um Contabilista e uma Professora. Havia mais uma Professora, mas infelizmente faleceu há 18 anos, vítima de grave doença. Houve também mais duas crianças, que faleceram quando muito novas.
    Em 1946, seu Raimundo e a família vieram de mudança para Guaraçaí, para trabalhar na lavoura, mas não deu certo. E por quase quinze anos, lidou com gado para o Açougue do seu Bianor, em Guaraçaí. Em 1949 vieram para Mirandópolis.  Nesse tempo, curou feridas de animais doentes, ajudou nos partos, vacinou, separou bezerros, conduziu boiadas de um lugar para outro. Dali, veio para a Fazenda dos Perez, e trabalhou no açougue, cortando os quartos de bois para servir a clientela.
    Trabalhou também no Açougue de Cláudio Martins, na Rua Gentil Moreira, ao lado do Bar do Asman.
    Nessa época, o povo comprava carnes em açougues, porque não havia os mercados atuais, onde se vende toda a variedade de carnes. E os Irmãos Antonio e Joaquim Pereira dos Santos tinham três ou quatro açougues na cidade. Os estabelecimentos se localizavam na Rafael Pereira, na Domingos de Souza e na atual Gentil Moreira.
    Seu Raimundo trabalhou nesses açougues e, somando todo o tempo dedicado ao serviço de peão e de açougueiro, cumpriu 35 anos no total. Aprendeu tudo sobre o ofício, sobre carnes de animais e também sobre os animais.    
    Ele conhece todas as variedades de carnes dos bois: filé mignon, contrafilé, alcatra, patinho, coxão duro, coxão mole, fraldinha, paleta, lagarto, e as reconhece mesmo depois de assadas. Ninguém consegue enganá-lo nas compras, trocando uma espécie por outra.
    Às vezes, levava uma boiada de um lugar para outro.
    Um dia, o senhor Shimoda lhe pediu que, levasse uma boiada de setecentas cabeças, saindo de Guaraçaí com destino a Córrego Azul ou Monte Azul, ele não se lembra direito, perto de Minas Gerais. Ele e mais quatro peões levaram a boiada, e só chegaram ao destino depois de quatro dias de viagem. As estradas eram muito estreitas e de terra batida, e quando duas boiadas se cruzavam, a menor tinha que ceder o caminho para a maior, mesmo que a diferença fosse de apenas uma cabeça. Era lei das comitivas.
    Como a viagem era demorada, havia naqueles tempos, pousadas para o pernoite das boiadas e para seus condutores. Chegava-se ao local e, efetuava-se a contagem das cabeças de gado, para colocá-lo no pasto. Na saída, contava-se novamente para conferir e pagar o aluguel do pasto. Seu Raimundo disse que, antes ninguém conferia, pois se acreditava na palavra dada, mas houve desentendimentos por conta de gente desonesta, que não queria pagar o que devia de fato. E assim, foi adotado esse sistema de contar cabeça por cabeça, para sanar dúvidas.
    Para os peões também havia lugar para descansar e fazer a bóia. Havendo espaços, armava-se a rede e ali mesmo descansava. Outras vezes, tinha que se deitar no chão sobre os pelegos usados nas montarias, e dormir enrodilhado nas capas.

  
    Nessas paradas, qualquer peão funcionava como cozinheiro, e o cardápio consistia de arroz, feijão, charque ou linguiça e farofa, invariavelmente. E muita água. Não se levava bebida alcoólica.
    Numa boiada, havia sempre o Ponteiro, que ia à frente, tocando o berrante, dando os avisos necessários. Seu Raimundo era o Berranteiro que ia à frente da comitiva. Atrás iam os Culatreiros, que não deixavam os bois se dispersarem. Geralmente, na frente ia o boi Sinceiro, com um sininho pendurado no pescoço, para conduzir os demais.
    Seu Raimundo com 92 anos tem um fôlego de dar inveja em qualquer jovem, pois toca o berrante, como se estivesse soprando uma cornetinha. E ele me explicou os diferentes toques: Na hora da Saída há um toque, convocando todos os peões e os animais para começarem a caminhada; outro toque para Acelerar; outro para Perigo à vista; outro para não Trotear ou andar mais devagar nas descidas das encostas; e outro para Parar. São toques bem diversificados, um tipo de código de comunicação, que os peões calejados no ofício reconheciam facilmente e atendiam de imediato.

Como nunca imaginei que o berrante possibilitasse essas diversificações, fiquei fascinada, ouvindo o seu Raimundo tocar. Disse-me que o berrante é uma coisa preciosa para ele. Já teve convites para tocar em Festas de Peão, mas não se interessou.
     Hoje, seu Raimundo está aposentado, e repito com 92 anos de idade, mas vai ao sítio e à fazenda da família, volta e meia. E lá, cura um bezerro, ajuda a vacinar o gado... Tem paixão pelos animais, e não gosta que os maltratem. Nunca bateu nos animais rebeldes. Nunca usou o chuço para aguilhoá-los, mas uma varinha verde com folhas nas pontas. É terminantemente contra shows, em que os peões maltratam os animais. Diz que estes devem ser respeitados.
    Dona Maura diz que, a maior dor de sua vida foi a perda de sua filha mais velha, a professora Riseuva que após muito padecimento, partiu deixando 3 crianças. Crianças que, os avós criaram com bastante amor, e hoje já são adultos e bons netos.   Ela diz que a sua vida foi muito dura, porque estava sempre sozinha com um bando de crianças, e muita roupa para lavar.   
     Roupa das crianças e roupa sujíssima de seu esposo, ora do açougue e ora do serviço de peão. A roupa era sempre difícil de lavar, porque ele se ocupava de serviço duro e bruto. E naqueles tempos não havia máquina de lavar...
     A maior alegria é a família que conseguiram formar, apesar das mil dificuldades que passaram. Dona Maura ficava só, enfrentando as tarefas do dia a dia, com o marido sempre ausente, trabalhando, trabalhando, dando duro nos difíceis e ásperos serviços que desempenhou. Todos os filhos herdaram essa paixão pelos cavalos e boiadas, sinal de respeito pela profissão do pai.
    E assim conseguiram criar os filhos e netos nos preceitos da educação, da confiança e do respeito. E seu Raimundo se orgulha muito da família que tem. Diz que os filhos sempre voltam à casa dos pais para vê-los, e isso é um grande conforto.  Seu Raimundo e dona Maura moram sós, mas há uma auxiliar que ajuda nos serviços domésticos, graças à atenção dos filhos.
     Quando eles aparecem, o pai e os filhos jogam um carteado animado e tudo vira uma festa. Só não apostam nada, ele diz que jogo com aposta destrói até a família, por isso ele ensinou os filhos assim, para jogarem apenas como diversão.
    Seu Raimundo tem muitas saudades dos amigos com quem conviveu nos tempos duros das comitivas, especialmente do saudoso Mané Rosa.
    Em casa, junto com a dona Maura, seu Raimundo curte a aposentadoria, olhando um para o outro: “prá ver quem é mais bonito, mas ela sempre perde, porque é mais feia” diz ele.
     E após muita brincadeira, seu Raimundo brindou-me mostrando a coleção de facas, os arreios dos animais, o rebenque e a famosa capa de montaria. E então, encerrou a nossa conversa com o som potente de seu berrante, que não esquecerei mais.
      Foi lindíssimo!
      Cidadão Raimundo Bezerra de Souza, que foi açougueiro e boiadeiro, nordestino calejado pelas tarefas ásperas e necessárias, que executou nesta vida e possui ainda a alegria de viver, é Gente de Fibra!
        Mirandópolis, 27 de maio de 2012.
               kimie oku in



   

sábado, 21 de maio de 2016

                               Cirandeiro, cirandeiro!
      
            Hoje, 20 de maio fizemos o encontro mensal de cirandeiros. Como sempre foi na Chácara dos Prando.
            O dia amanheceu trovejando, prometia chuva e me preocupou um tanto. Com o passar das horas, porém o sol espantou as nuvens, e o dia ficou bonito e quente.
            Às catorze horas e trinta minutos, a maioria dos participantes havia chegado. Abraços, troca de notícias, e muita alegria. O Milton Lima e a Remir vieram da Ilha Solteira e foram bem festejados. Havia dois sanfoneiros, três violeiros e um batuqueiro para animar a tarde. E muitos cantadores.
Enquanto era servido um lanche, os músicos entoaram umas canções caipiras de raiz. E foram bem aplaudidos. E então, chegou o seu Valdenir Perri e seu filho Gabriel. Vieram de mudança de Americana. Como o seu Valdenir gosta de cantar e tocar violão, foi convidado por seu Albertino para participar da Ciranda. E o grupo de músicos foi acrescido de mais um parceiro para animar nossas tardes. Ele é compositor e tem voz boa para cantar, e foi muito bem recebido pelos cirandeiros.
Outra novidade foi a presença da Regina Mustafa, que mesmo cheia de afazeres da APAE, e das campanhas beneficentes em prol do Hospital de Câncer de Barretos, compareceu para dar um abraço nos amigos.
A cantoria foi se prolongando pela tarde toda, com os cirandeiros envolvendo os músicos numa roda bem animada.
E entre comes e bebes, a tarde findou com o seu Valdenir dando um show à parte, com a entonação de canções de sua autoria, que falam de vida na roça e dos tempos que não voltam mais.
Foi uma tarde maravilhosa.
E em junho tem mais!



Mirandópolis, 20 de maio de 2016.
kimie oku in

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segunda-feira, 16 de maio de 2016

              Descendo a rampa
      Acabei de completar 74 anos!
      Nunca pensei que viveria tanto.
      E quando se chega ao limiar da vida, é inevitável pensar na vida vivida até agora. Comparar as fases que passaram: a infância tão inocente e distante; a fase escolar, de deslumbramentos ao conhecer o mundo tão cheio de novidades; a fase do trabalho, da correria que coincidiu com o exercício da maternidade, quando dormir horas seguidas foi um raro e abençoado acontecimento; e depois a partida dos filhos do ninho, para também conhecerem o mundo e repetirem tudo que fizemos até então.
      Setenta e quatro anos não são poucos.
E só eu sei que vivi cada dia numa aflição, num desespero sem ter a certeza de estar acertando, cheia de dúvidas, orando para as coisas se encaminharem bem. Como Professora também repleta de dúvidas para não perder os objetivos, e dar uma boa formação aos alunos. E a falta de tempo para estudar mais, saber mais para ajudar as crianças sobre como aprender, como entender as noções que precisava passar...
Mas as incertezas maiores foram em relação aos filhos, uns querendo mais, outros desnorteados sobre que rumo tomar, e o cuidado extremo de indicar caminhos adequados, para serem felizes de fato... Os desentendimentos mil que pautaram nossas relações até hoje... Os pais nunca sabem onde acertaram, onde falharam. Só o tempo mostrará. E uma prioridade fundamental para mim foi que eles fossem felizes. Só isso. Nunca ambicionei que ficassem ricos e poderosos, porque isso não significa felicidade.
De qualquer forma, bem ou mal cheguei até aqui. Com a ajuda e o apoio incondicional de meu parceiro.
E hoje percebo que estamos no limiar da vida.
O que nos espera?
A despedida, a morte, a partida, a descida da rampa ...
É a realidade pura e simples, que tenho que encarar.
Fui perceber que, a velhice havia chegado quando comecei a sentir as pernas mais fracas para caminhar. Caminhar até o Banco, até à Farmácia, à Mercearia já não é um exercício leve. Exige força de vontade, porque me canso facilmente. E carregar pacotes? Olha, ainda bem que as mercearias entregam as frutas e as verduras. Não é mole, não! Carregar três sacolinhas de laranjas, de repolho, de batatas. E são apenas três quadras! Chego esgotada em casa, já não é fácil carregar o próprio corpo.
O corpo da gente se deteriora apesar dos cuidados, apesar das caminhadas, apesar dos exercícios. É inexorável. Nada detém esse processo. Procurei ignorar certos sinais, mas chega um momento em que a deficiência nos atinge brutalmente. É a palavra que sai mal pronunciada pela língua pesada, a saliva que sobra na boca, os ouvidos que ficam moucos e a gente só ouve uns pedaços de conversa... Os olhos que não enxergam o que está diante do nariz... E a memória? Meu Deus! Como ela falha!!! Quantas vezes conversei com amigos que me abraçaram efusivamente, me tornando feliz e eu... não lhes lembrei os nomes... E pior ainda: Quem seriam???? Quantas vezes esqueci onde havia estacionado o carro! Quantas mil vezes perdi os óculos... E o que vim fazer aqui???
E as dores? Para se levantar da cama, a gente dá sempre um gemido e, tem que se apoiar em algo para se pôr de pé... E para caminhar tem que ser devagar, porque os joelhos estão cansados de articular e reclamam... E a coluna? Para esticá-la, outro gemido mais puxado... Para agachar à procura de algo que caiu... E levantar-se após agachar é quase impossível.
Mesmo assim, a gente teima em andar, porque nós somos caminhantes e se pararmos, tudo vai travar. Os nervos se enrijecem e aí a dor vai ser insuportável. Então caminhar é preciso, mesmo que no quintal de casa, ou varrendo a calçada, ou mesmo dando uma volta no quarteirão. Quem pratica isso, ainda consegue cuidar de si sozinho. Mas, quem deixa de caminhar, vai se recolhendo nos cantos da casa e vai assumindo a posição fetal. Aí, já não dá mais. É morte certa!
Na velhice, o estrago não é só externo. É interno também. Percebo que a gente vai perdendo o controle sobre os intestinos e os rins. De repente, eles funcionam e, é urgente correr. Outras vezes, não funcionam por horas e às vezes, por dias... Imprevisível. Então, viajar de ônibus é quase impossível.  As paradas são esparsas.
Também a parte sexual vai morrendo aos poucos, sem que a gente perceba. Aquele calor, aquela libido própria de juventude, dos anos verdes passam, aquele fogo que atrai os corpos acaba passando. E o corpo fica sossegado... Não há como evitar isso. O corpo se basta e pronto.
Percebo ainda que, a gente vai perdendo as impressões digitais. Descobri isso, quando não consegui acionar um brinquedo que tocava música ao contato de dedos. Achei muito estranho. Todos conseguiam, menos eu... E ultimamente, tive a confirmação com os Caixa Eletrônicos de Bancos, que não conseguem ler meus dedos. E os Tecnólogos não descobriram ainda que, com a idade e a velhice, as impressões digitais vão se apagando... E colocaram um terminal que, precisa ler digitais justamente em Caixas para atendimento preferencial! E eu me sinto uma grande idiota toda vez que, tento acionar aquela coisa! Até comentei com amigos que, se eu cometesse um roubo, não seria presa por falta de minhas digitais...
Mas, a grande perda que lamento muito é a coordenação motora e a sensibilidade da pele, das mãos, dos lábios... Facas que desconectam de minha mão e cortam dedos... Xícaras que se espatifam, dentes que mordem a bochecha interna e os lábios... Saliva que desce em canal errado e me engasga, me afoga... Pequenas falhas que machucam e me deixam atordoada. Eu não era assim! Era tão segura, firme e não errava a direção dos garfos e facas...
E as trombadas com portas, paredes e móveis?
Puxa! É o caminho que já fiz mais de mil vezes, e de repente, o corpo vai em direção errada para atingir o ombro, o quadril, a cabeça... E outras vezes, o dedinho do pé chuta aquela cadeira que está fora do alcance...Só para ver estrelas de dia!
Por outro lado, a gente vai desenvolvendo outras sensibilidades, que os jovens nem imaginam. Sentir alegria por um "bom dia caloroso" de um estranho, apreciar passarinhos namorando num chilreio feliz, agradecer os raios de sol que aquecem, numa manhã fria como a de hoje, alegrar-se por aquele cidadão que cede o seu lugar tão gentilmente na fila, na vaga do estacionamento, na passagem por uma porta...
Então, ainda existe alguma vantagem em ser idoso. Porque há muita gente atenciosa, que torna nosso dia a dia mais feliz.
E apesar de eu estar descendo a rampa, tenho consciência que dá pra usufruir muita coisa boa ainda nesta vida.
E viva a Vida!
Mirandópolis, abril de 2016.
kimie oku in





sábado, 7 de maio de 2016

MAMÃE


      Veio pequenina do Japão.
Tinha apenas três anos de idade, e não se lembrava de sua terra natal, apenas o nome Maebashi, na Província de Gunma.
    Veio com os pais e irmãos, em 1917.
    Como seria o Brasil nessa época?
    Quando meninota, sua mãe faleceu, e ela teve que assumir as tarefas da casa, cozinhando, lavando, cuidando dos irmãos.
     Naqueles tempos, tudo era rústico, bruto mesmo.
   O fogão era à lenha, as panelas ficavam pretas e, não havia palha de aço pra lustrá-las. Frangos e porcos eram criados para o consumo da família. Era um Deus nos acuda correr atrás de frango para matá-lo. Matar porco era dia de festa – todos ficavam animados, porque haveria carne com fartura, além da linguiça cheirosa, que ficava defumando perto do fogão. Verduras e legumes só eram consumidos nas casas, que cultivavam hortas.  Arroz e feijão para o gasto, era semeado e colhido pela família, que mercado nem existia ainda. (dá uma canseira só de imaginar essa situação, né?)
       Mamãe não foi à escola, porque não havia tempo, nem escola por perto. Sua educação ocorreu na prática, na execução das tarefas domésticas do cotidiano. Assim, aprendeu a costurar sozinha; ela colocava a peça de roupa sobre o tecido e cortava seguindo o molde. (quantas vezes, deve ter errado, e estragado o tecido tão custoso para comprar...)
     Sua vida foi dura, áspera, cheia de deveres: cozinhar feijão todos os dias, que panela de pressão não existia, fazer pão uma vez por semana, tirar leite de cabra toda manhã, torrar café, fazer sabão, cuidar da horta, tratar das galinhas e dos porcos. E sobretudo, cuidar da prole – ela teve  uma porção de filhos, que criou nem sei como...
   Sua vida teria sido tão triste e frustrante, se não houvesse despertado o seu lado artístico.
       Um dia, ela descobriu o crochê.
     Crochê é uma renda, feita trançando a linha com uma agulha, que tem um gancho na ponta.
       Naquela época de pobreza extrema, não podia comprar linha para crochetar. Mas, ela usou linha de carretel nº 24, com que costurava a roupa de roça da família. Era a linha mais grossa de que dispunha, mas mesmo assim era muito fina. Com essa linha branca, ela fez quadrados belíssimos, que ela emoldura nas fronhas, com desenhos de flores, borboletas e pássaros.
       O crochê era a fuga, o consolo das horas duras de lida diária no cafezal, na casa e na horta.
    Mais tarde, ela faria outros artesanatos, montando ramalhetes de flores de seda, bordando em ponto cruz e vagonite, tricotando blusas e meias de lã para os filhos, crochetando chinelos e bolsas de fio sintético. E também, faria “ikebana” ou arranjo de flores naturais.
    Um dia, ela começou a freqüentar o MOBRAL ou Movimento Brasileiro de Alfabetização de Adultos, onde aprendeu a ler e escrever para o gasto. Já era sexagenária, mas sempre queria aprender mais e mais.
     Nessa época, ela descobriu a religião Messiânica, a que se dedicou de corpo e alma, ministrando o “Johrei” para as pessoas aflitas e, ou doentes.  O johrei é uma oração feita com a mão estendida sobre a pessoa doente. Mamãe percorreu a pé a cidade toda, para rezar pelos doentes, por mais de trinta anos...
       Mas, o crochê era a sua ocupação predileta. Onde quer que fosse, levava sempre um novelo de linha e uma agulha – ao ver uma bela peça de crochê na casa de parentes, amigos ou mesmo nas salas de espera, ela já tirava uma amostra, para mais tarde fazer igual. E assim, ela fez centenas de trabalhos maravilhosos com a linha Mercer Crochet nº 60 e 80, as mais finas, para as filhas, as noras, sobrinhas, netas e bisnetas.
     Deixou uma herança confeccionada por suas próprias mãos, ponto por ponto, levando horas a fio, tecendo, tecendo. Agora nós, as mulheres da família, conservamos e usamos  essas rendas, com um misto de saudade e reverência, porque é a mais bela herança que nos deixou.   
    Toda mulher tem o seu lado artístico, porque fêmea/ feminina tem a ver com o belo, o delicado, o agradável. Mesmo  em condições adversas, esse lado artístico pode aflorar, nas mais diferentes atividades.
       Há mães que desenham e pintam maravilhosamente.
       Há mães que fazem bolos primorosos.
   Há mães que costuram com arte, produzindo trajes impecáveis.
   Há mães professoras que compreendem e encaminham seus alunos, com perfeição.
       Há mães artistas.
       E há mães artistas nesse mister de mãe.
     A essas mães em particular, dedico essa homenagem, que fiz para mamãe, porque quando se fala em mãe, a gente só é capaz de pensar na própria, né?
    E que tal você também, deixar registrado o pendor artístico de sua mãe, para a história da família?

                   Mirandópolis,  04 de maio de 2010.
                                             kimie oku


                           Vida a dois...
      



      Hoje estava distraída na horta irrigando as ramas de maxixe que se esparramam pelo chão, quando desceu um casal de canários da terra.
Um era amarelinho como gema cozida de ovo e o outro marrom. Fiquei observando e percebi que o amarelinho era mais ousado, vinha perto de mim, procurando bichinhos para comer. O marronzinho era mais arisco. Se aproximava mais devagar, mantendo sempre uma distância segura. Acredito que o amarelinho era o macho, que ia sondando o terreno para a sua parceira passar com segurança.
        Sempre os ouvia cantar no pé de poncã, mas devido às ramas e a agilidade deles, nunca consegui fotografá-los... E cantam bonito, o ano todo. E vi filhotes no toco seco de uma cerca, mas quando pensei em clicar esses bichinhos implumes, eles já haviam partido... E sempre os via sair em debandada do ninho, como se me provocassem para não fotografá-los...
Há muitos canários da terra lá no sítio. Mas são ariscos demais. Agora, estão descendo nos canteiros porque a quentura do ar fá-los procurar água para beber e se refrescar... E eu estava sem a câmera! Que pena! Não os cliquei...
Sempre, sempre me encantam pelo colorido de suas penas, pelo tamanho pequenino de suas figuras e mais ainda pelo canto doce e agradável que entoam. O canto deles é livre, solto, sem barreiras, porque assim eles se sentem soltos no vasto campo.
Mas, o estranho de tudo isso é que esse casalzinho de passarinhos me fez pensar em mim e no meu esposo. Eram emblemáticos. Deu-me a impressão que Deus mostrava os dois bichinhos, que representavam a mim e ao meu parceiro... Como os passarinhos, formamos um par e moramos numa mesma casa. Como eles, saímos pelos campos cuidando da horta, das flores, colhendo frutos e trazendo provisões para casa...
Todas as vezes, nós nos ajudamos nos tropeços de cada dia, fazemos curativos quando nos ferimos, consolamos um ao outro quando estamos desolados e proferimos  palavras de ânimo para nos fortalecer... E quando nossas contas não batem, e faltam uns trocados, um cobre a conta do outro, porque somos sócios nessa empreitada da vida... E vamos nos salvando assim, devagar e sempre. Sem cobranças, sem juros, sem rancores, porque a gentileza deve fazer parte de um casal, que partilhou dois terços da vida juntos.
Daí pensei nos casais que se separam...
Quando se juntaram era tudo alegria, amor, carinho e promessas mil. E depois de um tempo de convívio, acabam se separando e cada um toma uma direção, para não se juntarem mais. Tenho na família pessoas queridas nessa situação. E eu fico vendida, porque a pessoa que partiu fez parte de minha vida também, e não dá para jogar fora o afeto que senti um dia. E tenho muitos amigos também nessas condições. Alguns refazem suas vidas com outras pessoas... Mesmo que sejam felizes e se esqueçam do passado, acredito que em algum momento, devem rememorar o tempo que passaram junto do primeiro companheiro, e ter saudades dos bons momentos...
Tudo deve depender de como encarar a vida. Enterrar o passado e viver o presente é a solução. Pois as separações se tornaram corriqueiras, e ninguém mais estranha. Casais que já comemoraram bodas de prata e de ouro de repente, resolvem desfazer o casamento. Tenho muito dó dessas pessoas. Porque, no fim da vida, o que podemos curtir de fato são as lembranças boas da vida vivida. Vendo fotografias e rememorando fatos engraçados, tristes, cômicos e até trágicos. Porque é de tudo isso que se compõe a vida.
Mesmo porque, a vida dura apenas um instante. E tudo passa. E cada um de nós que é uma figura forte, firme e presente, um dia passará e se transformará numa fotografia, que o tempo se encarregará de apagar... E nada restará...
Então, penso nas amigas que perderam seus pares e hoje vivem numa triste solidão... E amigos que, mais que as mulheres viúvas sofrem a perda, e ficam desnorteados diante de cada manhã, que têm que encarar. Parece que os homens ficam sem chão, quando suas parceiras vão embora definitivamente...
Por tudo isso, vendo a tristeza estampada nessas viúvas e nesses viúvos, acredito que o melhor dessa vida é ter paciência um com o outro, e aceitar a companhia com prazer, porque na pior das hipóteses, há sempre alguém com quem dividir as alegrias e as tristezas.
Trocando atenção mutuamente, velando pela saúde e pelo bem estar um do outro, eis o desafio do fim da vida de um casal.
Sei que não é fácil ter paciência todos os dias, com o parceiro ou a parceira que tem mil e um defeitos. Mas a gente tem que ignorar certas atitudes, certas palavras, se fazer de surdo de vez em quando, de desentendido muitas vezes para não entrar em conflitos desnecessários... Mesmo porque, logo a gente esquece esses pequenos incidentes, que na verdade nada significam... Somos todos imperfeitos.
Então, como o casalzinho de canários, procuremos viver em sintonia, sem estragar momentos lindos mesmo que silenciosos, que a vida nos proporciona.
E chegar ao fim da vida, com a certeza de ter feito o melhor pelo companheiro, que não viveu sozinho, esquecido.
E a certeza absoluta de ter feito o melhor por si mesmo.
Porque “tu te tornas eternamente responsável por aquele que cativas” , conforme Saint Exupèry.
Mirandópolis, abril de 2016.
kimie oku in






quarta-feira, 4 de maio de 2016

                               Ciranda de abril
   Em abril perdemos muitas pessoas queridas e foi triste ir a tantos velórios. E nessas horas pensamos na transitoriedade da vida. E então fica reforçada a ideia que move a Ciranda: temos que viver cada dia como se fosse o último.
     E mesmo com a tristeza da perda de pessoas queridas, resolvemos fazer a Ciranda de abril. Foi na última sexta-feira do mês, dia 29 que nos reunimos na Chácara dos Prando e, passamos uma tarde curtindo a companhia de dezenas de amigos.
    
A novidade do dia foi o comparecimento de dona Fátima Conceição Zotelli e seu filho Wesley Zotelli Rodrigues.
     Wesley levou o seu bongô, instrumento de percussão e marcou junto com o pandeiro do Agnaldo, o ritmo das músicas tocadas pelos sanfoneiros e pelo violeiro. A princípio, ele estava acanhado, mas logo ele se enturmou. A cantoria foi muito animada.
     A tarde estava fria e agradável, e além dos lanches costumeiros foi servido chocolate quente e canjica.
Os cirandeiros espantaram a tristeza da semana cantando e dançando. Alguns ficaram apenas conversando com amigos.
Foi uma tarde boa e revigorante.



Em maio tem mais!
Mirandópolis, abril de 2016.
kimie oku in