quinta-feira, 21 de abril de 2016

                                Fantoche 
       
    Em 31 de outubro de 2010 escrevi uma crônica intitulada “Temos Presidenta!”
     Ela provocou uns comentários a respeito da palavra Presidenta, que deveria ser Presidente, porque não existem os equivalentes femininos de Presidente assim como de adolescente, estudante, fluente, crente, doente... e que tais. Mas, isso não importou muito para mim, porque sei que cometo erros graves em Português, mas com 74 anos de idade já não consigo aprender essas firulas de linguagem e gramática... E se me preocupasse em escrever sempre corretamente, não conseguiria jamais expor meus pensamentos. E o que me importa de verdade, é passar as ideias que enchem a minha cachola. E acho que tenho tido sucesso, pois muitos leitores me perdoam esses erros e nada me cobram. Eles comentam as ideias.
Mas, o propósito desta lembrança de hoje é sobre o conteúdo da crônica de cinco anos atrás.
Eu não votei na Presidente Dilma, porque sempre desconfiei do Lula e do Partido dos Trabalhadores, pela agressividade com que falavam de direitos... Sempre me deram a impressão que os direitos eram só deles, e que nós os trabalhadores comuns não merecíamos nenhum...

Mesmo assim, ao ver uma mulher eleita Presidente fiquei emocionada e pensei: “Nossa! O Brasil mudou! Temos uma Presidente! Uma Mulher vai comandar o país! Que evolução! Vamos mostrar para o mundo a força de uma Mulher brasileira!”
E naquela ocasião escrevi:

“... Temos uma Presidenta!
Não, não vou fazer uma apologia do P.T. mesmo porque não gosto de partidos políticos.
Mas, me emociona constatar que o nosso país tupiniquim, terceiro mundista mostrou para o mundo que a mulher se equipara ao homem. E que pode ser a Primeira  Mandatária do país. O povo deu o voto de confiança a uma mulher!
O que espero da Presidente?
Que se mantenha forte e firme, mesmo sem o escudo de Lula. Que mostre a que veio. E prove.
A Mulher em geral é mais conciliadora, é capaz de aparar arestas e ser mais diplomática.”

Entre outras coisas escrevi isso que aí está.
E fiquei aguardando as decisões dela para impulsionar o país. No começo até que foi bem. Parecia bem intencionada e se dirigia à classe mais desfavorecida, com aparente preocupação em diminuir seus sofrimentos.
Depois, o que percebemos é que o Lula não saía de Brasília, em todas as ocasiões lá estava ele, palpitando, como uma Eminência Parda.... Ele não perdia uma ocasião para aparecer e aparecia mais que a Chefe de Estado. E isso começou a incomodar... E foi aí que jorrou toda a sujeira do Mensalão, que desde 2005 estava sendo investigado. E que consistia na compra de votos de parlamentares para votarem a favor das medidas do governo, mesmo que fossem contra o povo. Chamado de Mensalão porque os políticos corruptos recebiam uma quantia determinada, mês a mês. As denúncias foram crescendo e envolvendo outras áreas.
Apesar da presidente Dilma escudada pelo Partido, e mais ainda pelo Lula que não queriam uma investigação verdadeira, muita coisa suja foi revelada. Se o Mensalão assustou o povo brasileiro, qual não foi o espanto quanto ao rombo da Petrobrás. Gente do Governo de todos os partidos políticos que tiveram a ousadia de quebrar a Petrobrás, uma das mais fortes Estatais do Brasil. Contratos milionários feitos com outros países, tudo de fachada, usando o dinheiro da Nação para ratear entre os ladrões do Governo. E depois os empréstimos impressionantes feitos pelo BNDS, quebrando a financeira... Para ajudar compadres, donos de Empresas devedoras de Bancos... E também para favorecer países estranhos, a troco de não sei o quê.
Não vou discutir essa roubalheira, que está sendo investigada por gente competente, porque na verdade nem sei como eles conseguiram fazer isso. Só fico triste, porque muita coisa poderia ter sido feita por nós brasileiros, que amamos demais esse país... Estranhas e suspeitas aplicações.
O meu propósito é falar da decepção da gente brasileira que como eu, acreditava que uma mulher iria mudar a imagem do Brasil para melhor.
Eu esperava de todo o coração que, a Dilma fizesse um governo voltado para o povo, cuidando da saúde, aparelhando hospitais, investindo na formação de profissionais da área. Eu esperava que a Educação tivesse uma atenção especial, que houvesse prioridade na formação de professores de qualidade, que Escolas fossem construídas e aparelhadas, para que crianças e jovens tivessem uma atenção em tempo integral, para não se perderem para as drogas... Eu esperava que a Segurança Pública fosse reforçada e valorizada, para o trabalhador se dedicar ao exercício de suas funções, certo de que a família estaria protegida...
Mas, nada disso aconteceu.
Os Hospitais foram sucateados e hoje não possuem medicamentos, nem profissionais para cuidar dos doentes. Cirurgias de emergência, digo de urgência urgentíssima são agendadas para seis meses depois... Material de curativos está em falta! E Hospitais estão cerrando portas por falta de verbas, de recursos humanos e materiais...
O que esse Governo fez pelas Escolas do Brasil?
Perguntem do salário aos professores que é menor que a de um Vereador, que tem obrigação de comparecer apenas a uma sessão semanal na Câmara. E o Professor cuida da formação da criança e do adolescente, porque os pais estão pelejando pela vida e não podem assumir isso. São quatro, seis ou oito horas diárias voltadas para encaminhar os jovens do país. E nenhum Governo lhes dá atenção, como se fosse um servicinho qualquer, substituível... É a formação da geração seguinte que está nas mãos do Professor!
O que o Governo fez pela Segurança Pública?
Ignorou. Deixou ao Deus dará.
Os policiais desguarnecidos de viaturas adequadas, de combustível suficiente, de salários dignos, de armas necessárias, estão cada vez mais reféns de bandidos... Aliás, nunca se viu no Brasil um reinado igual a esse, em que os assaltos e os crimes mais hediondos transbordam do noticiário, todas as manhãs. E não só nas grandes metrópoles, agora é comum o estouro de caixas eletrônicos em cidadezinhas do interior. E a roubalheira e os assassinatos estão acontecendo até nas fazendas, em pequenos sítios, a tal ponto que ninguém quer mais morar fora da cidade.
E hoje, vejo lojas cerrando portas, Postos de combustível com os frentistas de braços cruzados, e corações apertados com medo do desemprego... Patroas dispensando as empregadas domésticas, que ajudavam no orçamento da família. Porque não mais conseguem pagar o salário mínimo, o FGTS e demais obrigações sociais, a que fazem direito... Lojas completamente vazias, ruas vazias, carros parados, um silêncio mortal na cidade. Todo mundo vivendo cada dia numa louca aflição. E todo dia, alguém está sendo dispensado do serviço...
O que aconteceu com a Presidente?
Qual era o seu propósito ao assumir a Presidência?
Em que curva do caminho ela se perdeu?
Eu acredito firmemente que, não havia nenhum programa social, que a mulher Dilma Rousseff por ser tão confusa e de visão limitada, foi escolhida a dedo para ser a “laranja” de Lula. Ele continuaria comandando, dando ordens, decidindo tudo no Governo. E se sentiu tão poderoso, que fez o que fez. E hoje, está na mira da Justiça, para pagar pelos rombos milionários nos cofres da Nação. Para vergonha dele mesmo foi comprovado o roubo de tesouros da Presidência. Ação tão feia e inacreditável.
E o triste de se ver é que, tem gente que acredita que tudo isso que ele aprontou seja armação da Mídia, da oposição. O pior cego é o que não quer ver, não quer enxergar.
A Mulher que o povo elegeu não era para ser Presidente.
 Era para ser um fantoche! Era para ser uma bonequinha de ventríloquo, repetindo as falas e as lições de seu mestre, o Lula.
Nós todos caímos num grande engodo.
Hoje estamos todos envergonhados perante o mundo, pelas peripécias dessa Presidente, que ainda insiste em encobrir as sujeiras de seu Desgoverno. Fomos todos ludibriados. E retornamos ao 3º Mundo, pobre, ignorante em que o macho ainda manda, tem a palavra final e a mulher é apenas um instrumento para ser usado e enxovalhado. E foi mostrado ao mundo inteiro que não evoluímos nada.
Triste imagem a nossa!
O Brasil deu um grande passo para trás. Um passo de vinte ou trinta anos de atraso. Retrocesso.
Mirandópolis, abril de 2016.
kimie oku in






quarta-feira, 20 de abril de 2016

Saramago

"Prezada Kimie Oku,
Mui grato pela sua comovedora carta.
O juízo que faz de mim é evidentemente exagerado, mas pelo menos, prova que não sou contrário do que soy... Quanto a Deus, o mellhor é deixá-lo em paz.
Deus foi inventado na cabeça do homem e nunca saiu dela.
Penso assim, mas respeito quem assim não pense. Quem dera que todos fizessem o mesmo.
Um abraço.
José Saramago
17 de outubro de 2001
Lanzarote "

Este é o conteúdo da carta-resposta, que um dia recebi do Nobel de Literatura, José Saramago, que faleceu dias atrás.
Isso ocorreu porque, catorze dias após a destruição das torres gêmeas do World Trade Center de Nova York, que vitimou centenas de pessoas, a Folha de São Paulo publicou um ensaio de Saramago intitulado "Fator Deus". Era uma matéria de página inteira e, o texto emoldurava a foto de um refugiado afegão implorando clemência.
Só a foto em si já fazia a alma doer.
E o ensaio...
O ensaio focava cenas de horror praticadas pelo homem contra seus semelhantes na Índia, em Angola e em Israel.
E Saramago comentava que, o grau de horror causado na América era o mesmo que ocorria em várias partes do mundo. Ele gritava sua indignação contra a crueldade, a brutalidade do homem contra o homem. E questionava:
     " Que Deus é esse que permite tanta barbárie ser praticada em seu nome? "
Mas, para ele que se dizia ateu convicto, se um Deus existe, seria inocente de todos esses atos praticados. Deus estaria inocente, mas o homem o tornava assassino, quando usava o fator Deus para justificar suas ações mais sórdidas.
Quando li o ensaio, fiquei tão tocada pela verdade aí exposta, que num impulso, lhe escrevi uma carta. Disse-lhe que apesar de se declarar ateu, em toda a dor manifesta no texto, havia algo de sublime que só poderia advir de um crente, gritando sua indignação para algo, alguém... Deus....
Enderecei a carta para a Redação da Folha de São Paulo, sem esperança que chegasse até seu destino.
Qual não foi minha surpresa quando recebi a resposta. Eu nem sabia que ele morava em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, a noroeste da África.
Respeito Saramago, que assumiu uma postura firme contra a desumanização do homem, contra a globalização do mundo, em que só os fortes têm vez e voz.
Foi radical ao condenar as pseudo-democracias, em que governantes se utilizam de ignóbeis recursos, para oprimir quem diz a verdade, quem clama por justiça.
Tanto é que teve a coragem de se exilar nas Canárias, em protesto ao governo de Portugal seu país que censurou o Evangelho, sua obra mais famosa.
E rompeu com o Fidel, a quem apoiava, quando Cuba mandou executar dissidentes. Não teve dúvida alguma em condenar Israel, pela ocupação da Palestina.
E acima de tudo isso, ele comprou uma grande briga com a Igreja Católica, que nunca aceitou críticas às "Verdades Sempiternas".
Quando li o Fator Deus percebi instantaneamente, a grandeza de sua alma, o senso de justiça e o profundo amor pelo ser humano.
Já tentei ler O Evangelho segundo Jesus Cristo.
Não consegui. Ele tira o fôlego de quem o lê, pela extensão dos parágrafos, que chegam às vezes a ocupar quase um capítulo.
Mas os livros de Saramago devem ser lidos oralmente, como se estivesse a conversar com o leitor , que é como ele os escrevia. E assim o farei, aliás, assim estou lendo-o bem devagarinho, pronunciando cada palavra portuguesa (de Portugal mesmo), saboreando o pensamento vasto e profundo que nos legou.
E estou publicando a carta resposta, movida pela gratidão. E mais ainda, para provar que ele sabia respeitar seus semelhantes.
Saramago, obrigada por ter existido!
Mirandópolis, junho de 2010.
kimie oku in
http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/


domingo, 10 de abril de 2016

                Frutíferas
    
É muito gratificante receber feedback dos leitores de minhas crônicas. Volta e meia, alguém me interpela, para comentar um pouco as ideias que ando divulgando.
Esta semana recebi uma sugestão do amigo José Antonio de Lima, conhecido como o Lima da Farmácia. (hoje não atua em farmácia, mas na Clínica Veterinária da  Doutora Camila, em frente à minha casa).
Pois bem o Lima sugeriu que, escrevesse uma crônica sobre as árvores frutíferas que existem nas ruas de nossa cidade. Naquele instante, eu me lembrei de outro amigo que morou aqui, o Carlos Alberto Trombelli, que tinha o sonho de arborizar a cidade com frutíferas.
Na época, o Trombelli era proprietário de uma Livraria na Rua Gentil Moreira, e na calçada em frente havia um pé de pinha, e mais adiante um pé de goiaba e de limão. E aí, ele manifestou esse desejo de encher a cidade com frutíferas, que saciariam a fome dos passantes. Achei extraordinária a ideia.
Mas, o Trombelli foi embora de mudança e esqueci dessa história, que o Lima me fez lembrar recentemente.
E esse amigo me trouxe uma lista de ruas, que possuem atualmente árvores frutíferas, plantadas por anônimos e que oferecem frutas, para quem quiser. Fiquei muito encantada ao constatar que, o Lima fez uma pesquisa e anotou os locais onde existem essas árvores. A lista não é extensa, mas interessante. Com certeza, deve haver mais frutíferas espalhadas por outras ruas, porque a nossa cidade cresceu muito. Mas, isso não importa.
O que importa é a intenção de quem plantou essas mangueiras, essas goiabeiras... Com certeza tinha o desejo de compartilhar as frutas com outras pessoas. E isso é muito bonito, pois as frutas são oferendas de Deus e devem ser repartidas com todos. Principalmente para quem não tenha condições de comprá-las.
E como nem todos possuem espaço em seus terrenos, a solução seria mesmo essa – plantar árvores frutíferas nas calçadas. Além da sombra que nos aliviaria do sol inclemente, haveria frutas saudáveis e gratuitas para qualquer um saborear.
Sei que existem cidades que cultivam frutíferas nas ruas. Recentemente soube de uma cidade que possui jaqueiras nas calçadas. E deve haver um certo controle para não crescerem demais, pois disseram que estas em especial dão frutos nas partes baixas do tronco, ao alcance da mão... Porque tendo espaço, elas crescem demais e é difícil colher as jacas lá do alto. Tenho cinco pés no sítio e é muito difícil colher aquelas frutas enormes. Conheci uma cidade mineira, que tinha as ruas cheias de jabuticabeiras. E a cidade leva o nome da espécie dessa jabuticaba, Sabará. Soube também que existe na Bahia uma cidade com plantação de pitangas nas calçadas, e que ficam todas vermelhinhas e cheirosas na época da frutificação.
De acordo com o amigo Lima que me inspirou essa crônica, a fruta predominante em nossas ruas é a manga. Há uma porção de mangueiras na Avenida Rafael Pereira, quatro na Senador Rodolfo Miranda esquina com a Álvaro Guiato, mais quatro na mesma Senador Rodolfo nos números 428, 430, perto do Forum, e no número 1857. Ainda há mangueiras na Rua São João nos números 477, 557 e 620. E no número 1648 na D. Pedro também tem uma mangueira. Dezenas de mangueiras! Doces mangas!
A vice campeã é a goiaba. Há goiabeiras na Rua nove de julho, junto ao DAE- ETA, na Álvaro Guiato esquina com a Senador Rodolfo, na Rua Dr. Edgar Raimundo da Costa, na Senador Rodolfo Miranda 1183, e na São João nos números 384, 584 e 620. Sete goiabeiras, talvez mais...
A Rua mais favorecida com árvores frutíferas é Senador Rodolfo Miranda, que além das cinco mangueiras e das três goiabeiras, possui ainda um pé de acerola no número 681, um pé de carambola no número 365, um cajueiro no número 428, e uma jabuticabeira no número 681.
Ainda existem outras frutas como a graviola na Edgar Raimundo da Costa, um umbuzeiro na Raul da Cunha Bueno, junto da travessa da ferrovia, no Bairro Paulicéia. Há também um cajueiro na São João 576. Ah! Existe uma pitangueira na Macoto Ono, perto do Salão de Beleza da dona Hilda. E na Armando Sales de Oliveira, nas proximidades do Correio existe um pé de amora e uma romãzeira.
Saí para fazer umas compras e descobri na Rua Mizael  Leandro Alves , uma porção de coqueiros e um pé de laranja na calçada. E junto à passagem de nível da ferrovia, perto do Posto Veroneze, há uma fileira de coqueiros separando as duas pistas. E percebi que o coqueiro é a frutífera mais adotada pelos nossos moradores. Existem várias espécies de palmeiras, conhecidas como buriti, carnaúba, babaçu, pupunha, açaí. Só que honestamente não sei discriminar umas das outras, então as classifico como coqueiros... Também existe um pé de pinha ali perto da Praça Manoel Alves de Ataíde, na Rua São João. Vi um pé de amora na Adelino Minari, e aqui perto na Edgar Raimundo da Costa há um pé de abacate.
E no Bosque da Pista da Saúde, há pés de ingá, jatobá e jenipapo entre outras dezenas de árvores.
Essas árvores devem ter alimentado tanta gente ao longo dos anos, com doces e saborosas mangas para os moleques, goiabas para os jovens e umas pitangas para os passarinhos. Além de alimentar os colibris, beija flores e borboletas com seu mel. Arapuás e formigas devem também usufruir desses benefícios...
Como vêm, as árvores exercem uma linda função e não atrapalham ninguém. É possível conviver em harmonia com elas, mesmo que cresçam nas calçadas. Os benefícios que elas oferecem, muitas vezes nem um cidadão bem intencionado é capaz de produzir. Pensemos que além das frutas, elas nos oferecem a maravilhosa sombra que nos protege do sol quentíssimo do Verão, e o precioso oxigênio que purifica o ar, tão indispensável à vida.
Mesmo assim, existe gente muito fraca da cabeça, mas fraca demais que não tolera árvores nas calçadas e acaba matando-as. Implicam com as folhas secas que caem no chão e têm que ser varridas. E recentemente descobri com tristeza que, tem gente jovem que constrói e reforma casas, e para exibir a fachada nova derruba as árvores que o morador antigo levou anos cultivando-as. E ficam desesperados, procurando sombras nas casas vizinhas para seus carros em dias muito quentes... Desventurados e pobres de espírito.
Conversando com o meu Professor Gustavo Ordine a propósito da seca lembrada nas canções “Assum Preto” e “Asa branca” que estou tentando tirar ao piano, ele me contou um fato interessante. Um aluno do Conservatório que veio lá do Nordeste comentou que, a diferença notória que existe entre as nossas cidades é que, lá não há árvores nas ruas. Somente casas. Um amontoado de casas que não têm o benefício do frescor que as árvores oferecem. Fiquei matutando: Será que é cultura regional? Será que não plantam porque não se desenvolvem? A falta de água limita essa plantação? Ou simplesmente não se importam com a falta de sombra? Estranho, muito estranho...
Um outro amigo, que foi meu aluno em Amandaba e mora em Fortaleza no Ceará, veio visitar-me um dia e disse que lá em tempos de seca, quando se avista algo verde na paisagem, pode ter certeza que é apenas uma porteira pintada... É desolador ouvir isso.
O que fizemos com o nosso planeta?
Embora haja regiões tão empobrecidas no planeta, em Mirandópolis felizmente há cidadãos bem intencionados, que cuidam de árvores não só pelo benefício das frutas e beleza das flores mas sobretudo pela sombra benfazeja, que nos alivia desse calor tropical.
E plantemos mais frutíferas, que o benefício é infinito.

Mirandópolis, fevereiro de 2016. Kimie oku in