sexta-feira, 31 de outubro de 2014


Senhora Presidente,

Senhora Presidente, eu sou uma dos 48 milhões de brasileiros que votaram no Aécio.
Sei que é muito improvável que essa carta chegue a ser lida um dia pela senhora, mesmo assim preciso escrever tudo que a maioria de seus opositores está sentindo nesse momento.
Em primeiro lugar, estamos muito decepcionados por não ter acontecido a alternância de poder, porque isso é um dos atributos mais saudáveis da verdadeira Democracia. Quando o poder de uma Nação se concentra num só grupo por vários mandatos, os vícios começam a acontecer, porque existem agregados que se julgam além da justiça natural dos homens, e agem como se tudo pudessem. Foi o que aconteceu, não foi?
       Então, a tristeza nossa é pela continuidade do seu Partido, que está realmente doente e viciado continuar mandando no país. Sabemos que é o Partido que manda, e não a senhora. Acredito que deve ser difícil conciliar seus sentimentos pessoais com as ordens do Partido. Acredito até que, a senhora se tornou refém do Partido, no momento em que aceitou candidatar-se a esse cargo, anos atrás. Mesmo a senhora deve se revoltar contra certos atos do Partido e seus aliados, que envergonham os brasileiros.
      A apuração foi muito apertada, a senhora começou perdendo e de repente, estava eleita. Penso que deve ter sido difícil superar os primeiros momentos. E no final, a senhora deve ter percebido que, praticamente a metade dos brasileiros não aprovou o seu governo. A senhora sabe as razões, não?
      Não são as bolsas, não! Se bem que há com certeza, desvio de muitas delas para pessoas não necessitadas. Peça para seus assessores verificarem isso com rigor, e ficará estarrecida com o número de pessoas que está desfrutando desse benefício, sem precisar. Nenhum brasileiro quer ver seu conterrâneo passando fome, e se é possível socorrê-lo, que o faça. Se a vida de muita gente melhorou, palmas para a senhora!
       O que me incomoda e, acredito que incomoda a todos os eleitores, que foram contra a senhora é a conduta do seu Partido, que por trás dessa imagem de dar aos pobres, fez negociatas em benefício próprio. A história do Mensalão foi a maior mancha na história do Partido dos Trabalhadores, seguida da história da Petrobrás. Tanto é que gente de caráter que acreditava no Partido, que ajudou a fundá-lo e promovê-lo, hoje lamenta ter participado disso.
       Volto a repetir que o Partido e seus aliados é que governam o país. Isso está provado no caso da Petrobrás, uma vez que o Lula sabia e, a senhora foi usada para dar o seu aval como Ministra de Minas e Energia. Na pior das hipóteses, a senhora é que será responsabilizada e não o seu chefe.         
Acredito que, não deve ser nada fácil governar um país tão grande como o Brasil, principalmente se não houver gente de confiança, de caráter, que se empenhe em ajudar a Presidente sem buscar vantagens pessoais. A senhora mesma viu que, estava assessorada por gente mesquinha e aproveitadora, que agiu pelas costas, traindo a sua confiança, deixando-a em maus lençóis.
      Como a metade do povo brasileiro está insatisfeito com tudo isso, que tal mudar o seu Programa de Governo, realizando as mudanças que a senhora mesma prometeu?
      Verifique como primeira medida, se as bolsas distribuídas estão realmente atendendo gente necessitada. Mas, o faça de forma rigorosa, porque até políticos estão usufruindo!
       Faça uma inspeção no Programa de Transposição do São Francisco, que deveria já estar irrigando o Nordeste brasileiro. Talvez descubra que, o atraso e a elevação dos gastos em bilhões, esteja apenas destinando o nosso dinheiro para outros canais...
       E confira a história da Ferrovia Norte/Sul. Será que também não estará com um duto desviando verbas, para gente corrupta? Qual a razão de tanto prorrogar?
       E a Saúde, a Educação e a Segurança Pública? Estão pedindo socorro, senhora!
       A senhora prometeu combater a corrupção! Vamos acreditar que a senhora se empenhará nisso. Afinal foi a senhora que o disse. Então, procure se acercar de gente honesta e de ficha limpa, eliminando do seu círculo de assessores, todos aqueles políticos viciados e corruptos. Gente honesta existe ainda!
       Senhora Presidente, há quatro anos quando a senhora tomou posse como Presidente, fiquei orgulhosa de constatar que uma Mulher iria comandar o país. Achei que seria um bom governo, porque os sentidos de uma mulher percebem melhor as necessidades das pessoas. No começo foi bom, mas depois... Só decepção.
       Mais da metade dos brasileiros estão com a senhora! Liberte-se do Partido e, governe como uma verdadeira mulher sabe governar a sua casa! Se assim o fizer, a oposição também aprovará o seu governo, com certeza.   
 Ainda está em tempo, a senhora está tendo a oportunidade de corrigir tudo que saiu errado no primeiro mandato. Se assim o fizer, com certeza lhe escreverei novamente, parabenizando-a.
Atenciosamente,
kimie oku


Mirandópolis, novembro de 2014.                        
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quinta-feira, 30 de outubro de 2014


      Quatro anos cirandando
    
     A Alice do Jornal Diário me pediu uma entrevista sobre a Ciranda. E ela me enviou uma lista de perguntas, que procurarei responder de forma sintetizada
   Durante uns dez anos, tive o prazer de relacionar-me com a saudosa senhora Natsuko Yuassa, mãe do nosso respeitado e mui competente médico Dr. Roberto.  A minha relação com essa senhora foi a propósito da Língua Japonesa, que eu estava determinada a estudar. E encontrei nela uma mestra muito gentil, sábia e generosa. O começo foi um desastre, pois ela só falava japonês e eu não entendia nada. Mesmo assim, insisti e graças à infinita paciência dela, começamos a nos entender. E aprendi muito, muito com ela.
Passei a frequentar a sua casa, e ficava horas ouvindo-a falar do Japão, dos costumes dos japoneses, de poesia, de sua vinda ao Brasil, e os anos difíceis que enfrentou como uma mocinha imigrante, num país totalmente estranho.
Mas, ela morava sozinha na casa e sua vida era muito solitária, e aí comecei a acalentar um sonho:  queria levá-la a um lugar no campo, junto da natureza para passarmos as tardes conversando... E escrevi a crônica “Solidão” em que falo desse sonho, de realizar um encontro de pessoas idosas e solitárias, para esquecer a solidão. Do sonho até sua concretização demorou um bocado, porque não achava parceiros que me ajudassem nessa empreitada. Lembro-me que a inesquecível amiga Marilena Arantes Romero Gonçalves ofereceu sua ajuda, mas já estava acamada e impossibilitada de esforços maiores...
E um dia, o senhor Mário Dias Varela leu a crônica e veio me oferecer ajuda. Reunimos os amigos voluntários:  Mílton Lima, Ana Maria Jacomelli, seu Egídio Vicente de Souza,  Ikuko Kazi,  dona Mary Magro e o Júlio César Galbes e  traçamos alguns itens para nortear o Grupo. E realizamos a primeira reunião da Ciranda, no dia 15 de outubro de 2010. Foi na Cozinha Caipira, e havia cerca de vinte participantes, dentre os quais o saudoso Professor Walter Sperandio, a Enfermeira Lourdes Codonho, o Comerciante Egídio de Souza, que hoje não mais estão entre nós.
E a partir daí, realizamos um encontro por mês. E o grupo cresceu, chegando a ter mais de sessenta pessoas. Felizmente, recebemos convites para cirandar em vários lugares, como na linda Chácara do Professor Gabriel Tarcizzo Carbello, do Milton Lima e no Clube daAABB, mas acabamos nos acomodando na Chácara do senhor Albertino Prando, que fica na área urbana.
O que mais nos alegrou foi a participação dos músicos da cidade, a começar pelo sanfoneiro Albertino Prando e seu amigo pandeirista Toninho, que animava todos os encontros. Além desses, nos ajudaram o seu José Olyntho e o senhor Pedro Squinca, com o violão, o Professor Valdevino com sua viola. E mais a dupla Gerval e Jovanini, que se dispõem a tocar sempre que não têm compromissos. A viola e a sanfona dão o tom da festa. O pessoal canta, dança, brinca e as horas passam que ninguém percebe. Em cada encontro, brincamos de ciranda. Todos de mãos dadas formamos uma grande roda, que vai girando, girando ao som da sanfona, enquanto uns e outros declamam poemas, fazem declarações de amor, oram, ou leem belos textos selecionados. E foi pensando na roda de mãos dadas de todos os participantes, que nomeamos o grupo de Ciranda. Na hora de cirandar, cada um tem alguém à direita e à esquerda segurando firmemente a mão, para se sentir seguro e não mais sozinho.
Estabelecemos três regras fundamentais para a Ciranda: Os voluntários têm que dispor de seu tempo para conduzir os idosos com cuidado; Não discutir sobre Religião e nem Política e Não vender nem cobrar nada. Os voluntários têm que colaborar ainda com salgados e doces, para o lanche de todos, além de dar atenção e conversar com os idosos.
Realizamos até agora, quarenta e cinco encontros, todos com muito sucesso, sem nenhum incidente. Lá não tem diretoria, ninguém manda em ninguém, não tem mensalidade. A única obrigação é comparecer e curtir a companhia dos amigos.
Selecionamos as pessoas que são convidadas: Têm que ser pessoas sozinhas, que realmente precisam de uma distração, que nunca recebem visitas, que não têm vida social. E não aceitamos gente que quer apenas ampliar seu círculo social.
Além do mais, não dispomos de espaço muito amplo para comportar muita gente. Então ficamos com o grupo de quarenta a cinquenta pessoas apenas, para cuidar bem de todos. Mesmo porque há gente que usa bengalas, andadores e até   quem usava cadeira de rodas; então é preciso muito cuidado e atenção, para garantir a integridade física de todos.
Infelizmente, não estamos conseguindo atender a todos que precisam de atenção, justamente por falta de espaço e falta de voluntários. A maioria que convido, quer ir lá de vez em quando, só para festejar e não se conscientizou que, o objetivo é outro e muito mais profundo do que um clube de festas.
Diante dessas circunstâncias, resolvi apelar aos amigos que formem outros grupos de Ciranda. Podem ser Cirandas de bairros, de parentes, de vizinhos, de colegas de trabalho... A Chiquinha e eu nos dispomos a ajudar na fundação e organização, porque há tanta gente necessitada de carinho e atenção. E levam a vida numa tristeza sem fim, sem uma visita, sem uma alegria, sem uma esperança. Com cinco voluntários dá pra começar um grupo, é só ter boa vontade.
No último dia 15 de outubro, comemoramos quatro anos de Ciranda. Nesse período, perdemos oito cirandeiros, mesmo porque todos são idosos.  Ficou a lembrança de sua alegria cirandando antes de partir para sempre. Mas, outros amigos foram convidados e acredito que mais de cem pessoas já passaram pelo grupo...
O Grupo Ciranda não discrimina, nem dá destaque social a ninguém e não tem fim lucrativo, político ou religioso. O único objetivo é proporcionar um pouco de alegria aos idosos solitários da cidade. Tudo funciona à base de boa vontade, carinho e atenção.
Já somos um grupo forte, e fomos convidados a realizar a Cirandada na AMAI (Asilo) da cidade. Lá deu para perceber como todos os idosos são carentes...
Que tal, amigos formar mais grupos de Ciranda? Há tanta gente aposentada, que vive estressada por falta de atividade, e tempo sobrando. É apenas uma reunião por mês, mas é tão gratificante, porque proporciona tanta felicidade aos velhinhos...
E um dia, todos nós vamos passar... O que vamos deixar para a humanidade?

Mirandópolis, outubro de 2014.





sexta-feira, 24 de outubro de 2014



                    Eu votaria na Dilma
   Sinceramente, eu votaria na Dilma...
      ... Se o Mensalão não tivesse acontecido.
     O Mensalão foi um esquema de desvio de dinheiro público, para comprar apoio político no governo Lula. E custou para nós o montante de $ 127 milhões de reais, que foram pagos mensalmente aos Deputados corruptos. E não devolvidos.
... Se os Mensaleiros recebessem o mesmo tratamento dispensado aos assaltantes de Bancos, sem privilégios. Ladrões são ladrões.
   Os Mensaleiros foram julgados e presos, mas estão recebendo tratamento diferenciado, como se fossem vítimas e não réus comprovados, de acordo com a Justiça Brasileira. E que devolvam até o último centavo, tudo que roubaram. São ladrões!
   ... Se ela se desvinculasse do Lula, considerado o Chefe dessa quadrilha que assaltou os cofres públicos.
     Lula nunca se desligou do Planalto. Vem atuando como eminência parda, sempre dando as ordens, transformando a Presidente em lacaio seu, e armando falcatruas para lesar o país. Ela é culpada por ser subserviente a ele. Ela está lá para governar para o povo, e não para beneficiar o Lula e seus comparsas.
     ... Se a riqueza repentina de Lula e filhos fosse comprovada ser de origem insuspeita.
     Como se tornou sócio da Friboi? Qual é o segredo?
   ... Se as Bolsas distribuídas realmente têm sido destinadas a pessoas, comprovadamente necessitadas.
  Há tantas denúncias de apadrinhados recebendo sem precisão. Mesmo em cidades pequenas, ouve-se um zum-zum sobre gente recebendo essas bolsas, sem ter necessidade. Quantos milhões de bolsistas? Tem relação com bolsa/voto?
   ... Se ela mostrasse um Hospital e uma Escola, construídos e aparelhados condignamente durante sua gestão, e que estejam funcionando a todo vapor, atendendo satisfatoriamente a comunidade.
    Nossos Hospitais se transformaram em pardieiros, onde os doentes dormem no corredor e no chão, sem as mínimas condições de higiene. Como estão as Escolas do Nordeste?
     ... Se ela mostrasse obras prometidas e concluídas no seu governo.
  Como andam a construção da Ferrovia Norte/Sul e a Transposição do Rio São Francisco, para irrigar todo o Nordeste, que nunca terminam e cujos custos vão se multiplicando em bilhões? Para onde vai tanto dinheiro? E por que nunca terminam? Seria o escoadouro ou duto para encher os bolsos de alguém?
    ... Se não tivesse construído estádios faraônicos para a Copa do Mundo.
     Os milhões gastos em luxo nos estádios, poderiam ter aprimorado os Hospitais e Escolas lá do Nordeste, onde mora o povo mais carente. E o Brasil todo está carente de boas escolas e bons hospitais.
    ... Se não tivesse concordado em sediar a Copa, que foi um desastre.
   Foi um desastre para o nosso futebol e para o nosso comércio, com tantos dias parados, sem computar os prejuízos imensuráveis na área da Educação, com a interrupção direta das aulas, atingindo principalmente jovens em vésperas de Vestibulares.
   ... Se tivesse investido na formação de Médicos para suprir nossas necessidades, e valorizado nossos profissionais.
   Sem oferecer condições adequadas, não há como os Profissionais desenvolverem um bom trabalho, principalmente na área de saúde, que requer aparelhagem e recursos outros, para oferecer atendimento eficaz para salvar os doentes.
     ... Se não tivesse importado médicos estrangeiros.
    Nós temos muitos médicos competentes, que merecem um tratamento digno, pelos anos dedicados aos estudos e ao trabalho. Entretanto, só oferecer emprego não basta, é preciso dar-lhes condições para cuidar dos pacientes. Hospitais sem médicos, com agendas superlotadas, falta de leitos, falta de Centros de Tratamento Intensivo, sem macas, sem medicamentos, sem funcionários para dar conta da higiene, sem salários dignos... eis a nossa triste realidade.
     ... Se ao invés de construir o Porto de Mariel em Cuba, olhasse como estão as terríveis condições dos nossos portos.
    Por que oferecer um porto de luxo para Cuba, quando os nossos irmãos brasileiros correm riscos todos os dias, em portos que estão sucateados?
    ... Se como Chefe Maior da Nação olhasse mais para seus compatriotas, que trabalham e pagam os impostos em dia.
    Deixasse de se preocupar com os venezuelanos, bolivianos e cubanos, que têm os próprios governantes. Que cada um cuide de seu povo. Ou o brasileiro não tem importância? Valemos menos que os latinos, nossos vizinhos? Só servimos para pagar os caríssimos impostos?
      ... Se a história da Petrobrás fosse devidamente esclarecida.
     Se não foram de sua autoria os atos ilícitos, que desse os nomes dos que lhe deram ordens para praticá-los. Ilícitos que renderam milhões ao seu Partido e à base aliada. Se está realmente inocente disso tudo, que abrisse uma investigação rigorosa e doesse a quem doesse, a verdade fosse revelada. Está amordaçada para não fazê-lo?
    ... Se a morte do  inocente soldado Mário Kosel Filho fosse devidamente esclarecida, isentando-a de culpa naqueles tempos de guerrilheira.  
    Por que esse arquivo está trancado? Ela teria participado de verdade no lançamento da bomba, que o vitimou? Qual o verdadeiro fato que não querem trazer à luz do dia? O que temem? Culpada?
   Meus amigos, como vêm, há muito a considerar para escolher em quem votar. Vejo milhões de brasileiros encantados com essa mulher, e que dariam a vida por ela. Acho isso muito assustador, porque por trás das Bolsas distribuídas às mãos cheias, existe um Partido e um Chefe, capazes de tudo. Capazes de dilapidar os tesouros do próprio país, sem nenhum remorso. Sem nenhuma vergonha. Estão detonando nosso país, nossa Pátria. Acho até que a Dilma é refém do Partido, e um fantoche nas mãos do chefe maior. Percebe-se o seu mal estar nos debates, quando não tem como justificar as falcatruas ocorridas nos seu governo. Muitas coisas devem ter acontecido à revelia de sua vontade. Tirá-la do poder seria libertá-la das malhas da quadrilha, que quer a qualquer custo, e através dela continuar roubando e dilapidando o tesouro nacional. 
      Como permitir que continuem fazendo as maracutaias, e enchendo os bolsos dos seus apaniguados, enquanto o país vai soçobrando cada vez mais pro buraco? Devemos salvar a Pátria!
     Decididamente, não dá pra votar nela, mesmo que fechasse os olhos para essa lista real que citei.  Eu não a inventei! Está tudo no Google!
Vamos pensar, amigos. E boa votação!

Mirandópolis, outubro de 2014.



      

domingo, 19 de outubro de 2014



                Festa de quatro anos

No último dia 17 de outubro, sexta-feira, o grupo Ciranda se reuniu na Cozinha Caipira para comemorar os quatro anos de existência.
O dia estava quente demais, e achei que ia faltar muita gente. Mas não, a maioria compareceu e levou alguns familiares. No total havia quarenta e seis pessoas.

Ao meio dia, todos saborearam o almoço, que estava muito gostoso. Aí formaram-se grupos para conversar, trocar notícias e alguns até cochilaram na varanda, onde passava uma brisa refrescante.
Então, os sanfoneiros Albertino e Gerval junto com o Jovanini ao violaõ encheram o salão com música caipira e popular. Os cirandeiros acompanharam cantando todas as músicas do cancioneiro, enquanto alguns dançavam. Clientes outros do Restaurante foram convidados para participar do show, mas acanhados não cantaram. Ficaram apreciando após o almoço.

Entre uma música e outra, o seu Orlandinho declamou seus poemas, a Vina leu um belo texto e a kimie comunicou a todos os presentes que nesse mesmo lugar, no dia 15 de outubro de 2010, iniciava-se o grupo Ciranda.
Daí, os músicos tocaram o Parabéns a você, saudando o grupo, que realizou até então quarenta e cinco reuniões.
No final,  a dupla Gerval e Jovanini deram um show à parte, tocando e cantando músicas cõmicas de sua autoria, que foram muito aplaudidas.
Após a sobremesa de doce de leite, todos se levantaram e se despediram felizes por mais uma tarde cirandando.
Ninguém nem percebeu o passar das horas, e como o local é bem arborizado, passava uma brisa agradável debaixo das jaqueiras.
E assim foi a comemoração dos quatro anos de Ciranda.
Em novembro tem mais.



Mirandópolis, outubro de 2014.

kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/

terça-feira, 14 de outubro de 2014



                                    A Missão
   Acredito piamente que, cada um de nós veio a este mundo, para cumprir uma missão predestinada. Ninguém veio só por vir e povoar a Terra.
      Assim, uns chegam e iluminam a humanidade com seus talentos de músicos, de cantores, de poetas, de palhaços... E todos se encaixam na sociedade, onde cumprem sua tarefa, de um jeito ou outro. Também existem os que, carregam fardos pesados de curar feridas, de salvar vidas, de estar sempre trabalhando para acudir alguém... Esses são os santos, que não medem esforços... E não conseguem parar até que, lhes faltem forças para prosseguir. Exemplo indiscutível desses anjos foi a Madre Tereza de Calcutá.
      Por outro lado, há os que se enveredam por caminhos tortuosos, e plantam desgraças por onde passam, semeando dor, destruição e morte. E ultimamente, há muitos, muitos desses anjos do mal, que aterrorizam a humanidade em todas as partes do mundo.
      Difícil é a gente descobrir a própria missão, uma vez que ninguém nos indica caminhos. A minha descobri recentemente: Acho que é escrever e gritar para todos os cantos, as pequenas verdades que a humanidade vem esquecendo. Se bem que, às vezes, sinto que estou pregando no deserto...
      Uns nascem para ser chefe de família, para ser mãe, para ser tia, avó, padrasto, madrinha, mãe da própria mãe, patriarca, bisavô... Outros nascem para ser um filho solitário e triste, que não partilha a vida com ninguém...
      Temos inúmeros exemplos de pessoas que, tiveram missões diferentes e as cumpriram magistralmente. O Santo Padre o Papa João XXIII, que deixou uma lição de pureza e humildade nunca vistas em Papas...
      Bin Laden que, enclausurado em sua dura religião que não perdoa, pelejou até o fim no caminho da morte e destruição, acreditando que estava fazendo a vontade de Alá.
      Os guerreiros samurais do Japão e seus equivalentes de toda a Europa, que agiam como mensageiros do Divino e decepavam os pescoços dos inimigos... E outros que, se apossaram da Igreja de Cristo e fechados nas suas terríveis crenças, queimaram na fogueira os diferentes, os deficientes, os alienados, os que ouviam vozes...
      Cada ser humano tem que cumprir a sua tarefa, sendo apenas um simples operário, uma estrela do Cinema, um astronauta, um padre, um executivo, um lavrador, uma cozinheira, um professor... Para cada um, uma missão.
      Para a senhora Kazuko foi reservada uma missão especial: a de ser os olhos de seu único e amado filho, que por contingências da vida perdera totalmente a acuidade visual. Após enxergar até os dois anos, ele perdera a visão.
      E desde então, a mãe e a avó passaram a ser o guia, os olhos, a visão do menino, que cresceu normalmente, e estudou até onde deu. Dona Kazuko e o filho Ricardo estudaram o Método Braille e conseguiam ler qualquer coisa, até partituras musicais. Ele gostava muito de música e tocava Chopin, Beethoven, Bach, Strauss, Mozart, além de baladas japonesas, que aprendia de ouvido.
      Mas, a falta de visão atrapalhava os estudos do filho. Então, a mãe ia à escola com ele, copiava os textos todos como se fosse um simples aluno, e os vertia para o braille, para ele poder ler. As questões respondidas em braille por sua vez, teriam que ser traduzidas para o Português, para que o Professor pudesse avaliar. Imaginem o trabalho que essa mãe teve, refazendo toda a escolaridade e fazendo versões em braille e traduzindo em seguida para o Português. Quantas mães teriam feito isso?
      A avó por sua vez, levava o neto para caminhar, para o corpo se desenvolver corretamente. Era um fato comum ver essa avó levando o neto já adolescente, a caminhar pelas calçadas. Por sua vez, a avó também exercitava suas pernas.
      E o pai sempre cuidando da loja, para prover a família, e fazer frente às despesas que não eram poucas. Volta e meia, o filho precisava de assistência médica, e eles viajavam para centros maiores em busca de ajuda. E foi na volta de uma dessas viagens, que a fatalidade aconteceu. Os três se foram. Como se viajassem para outras esferas. Foram juntos, porque não sabiam viver sem um dos membros. Era um trio tão unido, que não havia como viver sem um deles. A vida dessa família se resumia no filho tão amado. Tudo girava em torno dele, sua saúde, seu bem estar, sua alimentação, seus desejos mais triviais, seu piano, seus ensaios, suas apresentações em público.
      Só fui dar conta desses detalhes, quando o amigo Gabriel me disse que, esse jovem fora destinado para essa família, porque só essa família teria condições de cuidar dele tão bem como cuidou. Uma mãe como a Kazuko é uma raridade, é uma preciosidade. Com aquele olhar manso, sem queixar de nada, procurando informações para de alguma forma facilitar a vida do filho. E cobrando da sogra mais cuidados consigo mesma, para estar sempre apresentável... A sogra a amava como a uma filha verdadeira, porque a moça era muito gentil e atenciosa.
      E como dona de casa, dando conta dos afazeres domésticos, sempre de olho no filho e na sogra idosa para não cair... E por anos seguidos levou o filho a clínicas especializadas, a escolas que pudessem dar uma assistência adequada, sempre com a esperança de tornar possível um futuro independente. Sua única preocupação era que ele se tornasse independente, para que pudesse sobreviver à falta dos genitores... Isso ela me confessou uma vez...
      Mas, Deus que tudo vê e tudo provê, houve por bem levar os três juntos, para aliviar a carga da valente mãe, e encerrar assim a sua missão. Missão de mãe, de professora, de orientadora, de enfermeira, de cuidadora, de amiga, de guia, de cozinheira, de provedora, de luz do filho. Mãe Kazuko, anjo do Ricardo.
      A loja ficou vazia? Seu Sadao se foi? Dona Kazuko se foi? O Ricardo se foi? A cidade ficou triste?
      Não importa! Eles cumpriram lindamente sua missão na terra, e quando chegou o chamado de Deus, foram para o Paraíso. E é bem confortável pensar que os três estão juntos, que não foram apartados. Só mudaram de plano.
      Foram para o plano de Deus.
      E obrigada pela maravilhosa lição que deixaram para nós!

      Mirandópolis, outubro de 2014.
      kimie oku in



sexta-feira, 10 de outubro de 2014



                                               Ficar só
    Antigamente, mamãe vivia indo aos funerais de amigos e parentes, e eu ficava pensando que era exagero demais. Porque ela já era idosa e muitas vezes fazia as romarias a pé.
      Naquela época, eu não havia atentado que por ter vivido bastante, tinha muitos amigos de longa data, que iam partindo para sempre... E ela tinha muitos, muitos amigos e conhecidos. E por ter frequentado a Igreja Messiânica e a Budista seu grupo era bastante grande. Mamãe era uma simples senhora, que convivia em paz com todo mundo e, gostava de acudir as pessoas em apuros, para lhes dar o seu apoio. Era muito generosa.
      Mas, um dia sua missão se encerrou e partiu serenamente para junto de Deus. E tenho a certeza absoluta que ela deve estar muito bem lá.
     De uns tempos para cá, eu comecei a ir aos funerais, seguindo as pegadas de mamãe. São tantos amigos e parentes que partem, que às vezes acabo indo ao velório de dois amigos ou mais, numa mesma semana. E foi então que, entendi porque mamãe não saía dos velórios... Amigos queridos partem e, a gente tem que prestar uma homenagem na sua hora derradeira, para que a terra lhe seja leve, que seja bem recebido junto do Senhor, e continue velando pelos seus lá de outro plano. Mesmo que seja apenas para fazer uma oração, e dispensar um pouquinho de nosso tempo...
     E com isso, tenho percebido como meus amigos estão ficando sós, perdendo seus pares. A bem da verdade, são mais viúvas que viúvos... Mas, é sempre muito triste a partida de alguém, que partilhou a vida durante vinte, trinta, quarenta ou mais anos com o outro ou outra que acaba ficando só.
Se analisarmos nossas ações desde o momento em que nascemos, tudo se encaminha para um fim real e doloroso. Tanto é que alguém disse que, começamos a morrer no momento em que nascemos, o que não deixa de ser verdade. E a morte é sempre dura, inevitável e doída. E alguém me disse certa vez, que Deus fez tudo perfeito, desde o nascimento até a idade da velhice, mas que se esqueceu de dar uma melhorada na morte para não ser cruel. (Blasfêmia?)
        De qualquer forma, a morte é inevitável. Então, por que a gente se entrega de corpo e alma à outra pessoa, vibra com ela, caminha com ela, torce por ela, sofre por ela e vive com ela? A gente se apega demais ao parceiro, sabendo de antemão que um dia seremos separados, que um dia teremos que aprender a andar sozinho outra vez, a falar sozinho, a chorar sozinho, a viver sozinho...
        Conheço tanta gente que mora sozinha, que fala só com seus botões, que chora ao perceber sua profunda solidão, que olha pra trás e sente saudades imensas... e isso é uma doença sem cura, fruto do apego sentimental de uma vida inteira... Fazer o quê? O ser humano é sentimental por natureza e passa a vida a rir, a chorar, a gritar, a imprecar, porque é assim que ele manifesta o seu estado interior.
        E eu agradeço todos os dias a presença do meu parceiro, porque não gosto de solidão, de não ter com quem falar, brigar, trocar opiniões, comunicar sentimentos... Um dia, falei para um amigo que comprasse um papagaio, pois ele reclamava que não tinha com quem conversar. E ele me respondeu: “Um papagaio? Ele não responde, só repete o que eu falo!” provando assim que já tivera um, e fora decepcionante.
        O que acho mais terrível e doloroso é não poder chamar o nome da pessoa que já morreu. A gente se habitua a chamá-la todos os dias, todas as horas, até sonhando e de repente, chamá-la perdeu o sentido, porque não haverá resposta. E é isso que deve doer demais. Aprender a conviver com sua ausência é muito doloroso.
        O ser humano é gregário por natureza e não consegue ficar só. E todos estão predestinados a encontrar a outra metade, o outro eu que lhes complete e os torne uno, salvo algumas exceções. Quando encontra o seu parceiro, a vida deslancha de forma tranquila e cheia de sonhos. E aí se constrói uma família, que passa a ser a razão de sua existência. E então, parte para a luta para prover a prole, e garantir um lugar seguro só seu, para o bem estar de todos. O trabalho passa a ser fundamental para que tudo corra bem.
    E os filhos crescem, estudam, se formam e partem para as suas realizações. E o casal fica só de novo, mas com os corações recheados de esperanças... E convivendo com os netos que vão chegando, os dois vão envelhecendo. E a engrenagem corporal começa a falhar aqui e ali, dando sinais de que a missão está terminando. E um dia, a morte vem visitar a casa, arrebatando um dos parceiros... E em seu lugar vem morar a tristeza, a saudade. E a solidão passa a ser a sua companheira de todos os dias. Alguns sabem encarar essa fase com coragem e determinação, outros se entregam a depressões, tornando difícil a missão dos filhos que velam por eles.
     Li certa vez o depoimento de um cidadão, que havia se separado de sua esposa. Ele disse que a solidão é dura e pesava muito em pequenas ocorrências do seu dia a dia. Se ele esquecia a janela aberta de manhã ao sair para o trabalho, à noite ao voltar constatava que, a janela esteve aberta o dia todo e a chuva havia molhado a sua cama... Se ele não molhasse o vaso de flores elas acabariam morrendo, porque ninguém iria molhá-las. Se ele não recolhesse as roupas do varal, elas ficariam à mercê do sol, do vento e da chuva... Quando se tem um parceiro, esses pequeninos detalhes passam até despercebidos, mas garantem a harmonia da convivência e o conforto dos dois.
        Por tudo isso é muito difícil viver só.
    E para não sofrer tanto depois, deveríamos ser menos apegados uns aos outros. Não é?


        Mirandópolis, setembro de 2014.
        kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/


       
       
       



quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Um mito
    Para vivermos com coragem nesse mundo precisamos de um modelo em que se espelhar. Esse modelo seria o Mito.
         Mas, o que é Mito?
      Mito é um exemplo forte, que desperta o desejo das pessoas de se igualarem a ele em força, beleza ou sabedoria. Então, as pessoas tentam sempre imitá-lo, agindo como ele agiu ou age ainda.
     Desde o início dos tempos, os mitos existiram e conduziram pessoas para as grandes realizações. No início eram os feiticeiros, os xamãs, os pajés que foram adotados como exemplos, e todos procuravam imitá-los.
    Ao longo dos tempos, houve mitos e mitos. Reis, Imperadores, Profetas, Santos, Filósofos, Cientistas, Artistas e Chefes de gangues, de Máfias. Todos eles exerceram um poder dominador em quem os conheceu ou seguiu. Houve mitos de beleza, como aMarilyn Monroe, de heróis imaginários como o Tarzan, Superman e o Homem Aranha, de velocidade como Ayrton Senna e Alain Prost, de futebol como o Pelé, Maradona e muitos outros mais.
   O exemplo é a motivação maior para qualquer ser humano, e desperta uma vontade imensa de se igualar e, até de superar o herói adotado. Todos têm esse sentimento. Ninguém quer ser menos, quer ser sempre mais e melhor. E deixar uma bela imagem nesse mundo.
    Na minha juventude, havia muitos heróis-mitos, que direcionavam a vida dos jovens. E todos tínhamos um objetivo de ser tão grandes, como os mitos que seguíamos como exemplos.
     Mas, os tempos mudaram. Os heróis sumiram.
     De repente, descobrimos que o mito tão adorado por todos consome drogas, e age como um mortal desequilibrado. Que o mito maravilhoso considerado Rei do Futebol é um homem preconceituoso, fraco e desumano, que não assumiu nem a filha que um dia teve... O político que deu tantas esperanças para o povo, para cuidar dos pobres da Nação, era um grande engodo, para roubar e formar uma quadrilha, em benefício próprio.
    Então, de repente, ficamos sem mitos, sem valores para seguir e copiar. Os ídolos eram todos de barro, com posturas condenáveis, que fingiam ser heróis apesar de tudo. E continuam fingindo.
     É muito triste viver sem um modelo que nos direcione as ações. É muito decepcionante perceber que os que mandam num país, escolhidos pelo povo para agir em seu nome, passem a agir como larápios, para encher os bolsos e ainda dão banana para o povo, como se suas ações fossem lícitas.
    O povo vem assistindo a essas cenas todos os dias, e vê os privilégios que eles usufruem apesar de grandes ladrões, ladrões que roubaram a própria Nação. Vê estarrecido, e pouco a pouco os princípios que regiam a vida desse mesmo povo, começam a cair por terra. Roubar passa a ser uma coisa natural, normal. Tanto é que passaram a dizer: “Maluf rouba mas faz”, como se isso fosse aceitável.  Os mitos estão roubando, estão se apossando das coisas da Pátria, construídas ao longo de décadas com o sacrifício de todos. E nada lhes acontece. Até estatais estão sendo assaltadas, vilipendiadas e vendidas a preço de banana.
     Só o povo é que tem que malhar, suar todos os dias, sofrer para tomar ônibus e metrôs superlotados, e ganhar um salário sofrido e humilhante. E então, os mais fracos de caráter pulam para o outro lado. “Prá que sofrer? Prá que ser correto? Pra que trabalhar, se os caixas-eletrônicos estão abarrotados de dinheiro? Basta estourá-los? Estou errado? E os ricos e poderosos que roubam o povo todos os dias?”
    E assim, esses sentimentos estão cada vez mais entrando nas cabeças dos jovens de agora, que não fazem mais nada. Organizam-se em bandos e saem roubando. Se for preciso, eles matam, porque isso já virou guerra. Roubar, assaltar, assassinar passou a ser natural para eles.Os valores morreram. E o que era sagrado deixou de sê-lo. Nada mais é respeitado.
    E a violência urbana que invade, rouba e mata chegou até nós. O que acontece diariamente nas grandes metrópoles, subitamente veio até esta cidadezinha do interior, onde vivíamos mais ou menos em paz. E arrebatou a vida de um inocente. De um moço que, passou a vida toda cuidando de crianças e adolescentes, para encaminhá-los na vida. 
    Um Professor que pensava no futuro dos meninos de Mirandópolis. E não poupava esforços ajudando a cada um para vencer suas dificuldades, tanto nas competições esportivas, como nas apresentações culturais e desfiles de moda, que a Escola SESI sempre promoveu para o encanto de todos.
    Tinha muito que fazer ainda, porque era jovem, cheio de energia e de ideias e se dedicava de corpo e alma às causas que abraçava. Recentemente, estava à frente do Departamento de Esportes do Município, onde estava realizando um ótimo trabalho.
   Mas desventuradamente, ele cruzou o caminho de gente que não  respeita ninguém, e pagou com a própria vida esse acidente de percurso. Está claro que não foi apenas um latrocínio, há muito mais coisa oculta nessa triste história. E os cidadãos honrados de Mirandópolis estão aguardando as respostas. Temos a certeza absoluta que, esses jovens foram apenas instrumentos para simular um assalto e o assassinato. Porque são produtos dessa nova era do Brasil, onde não mais existe moral, nem respeito à vida humana. Uma geração que não sabe o que é trabalhar, dar duro na vida e valorizar as conquistas feitas com suor e trabalho. E que se sujeita a fazer qualquer trabalho sujo a troco de money. 
     Numa terra onde os bons mitos foram substituídos por valores ilícitos e imorais, eis que surge para a juventude um Mito para servir de inspiração e estímulo como exemplo de dignidade, de caráter e de trabalho:  Carlos Rizzo, o Mito.
     Autoridades, queremos respostas!

Mirandópolis, outubro de 2014.
kimie oku



quinta-feira, 2 de outubro de 2014



                Votar em quem?
       
        Estou no mato sem cachorro! Tal qual caçador que se defronta com feras e não tem como se defender, nem fugir.
        Domingo, 5 de outubro é o grande dia!
        Dia de definir o destino dessa nossa Nação!
        Tenho idade suficiente para me eximir de votar, mas quero contribuir para escolher o próximo Dirigente do país.
E, ao longo desses meses tenho observado a dança dos números, na pesquisa sobre intenções de voto para Presidente.
Temos três candidatos que estão dividindo os anseios do eleitorado. A atual Presidente buscando a reeleição, o Aécio representando a oposição e, a Marina guindada ao topo pela morte do candidato Eduardo Campos. Há outros, mas sem nenhuma chance de competição com esses três.
   Vamos analisar os atributos de cada um para uma melhor análise.           Comecemos com a Dilma Rousseff, mineira de 67 anos, do Partido dos Trabalhadores, candidata à reeleição.  É formada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Rio Grande do Sul. Ficou detida de 1970 a 1972, por seu envolvimento com o Comando de Libertação Nacional e Vanguarda Armada Revolucionária Palmares. Participou de movimentos terroristas, inclusive do sequestro do Embaixador americano em 1969. Foi Ministra de Minas e Energia em 2003, e Chefe da Casa Civil do governo Lula, E em 2010 foi eleita a primeira mulher Presidente com 56 milhões de votos. Tem milhões de seguidores. Seu vice na chapa é o Michel Temer.
    Marina ou Maria Osmarina Silva de Souza, acreana de 56 anos de idade, do Partido Socialista Brasileiro. Historiadora, Psicopedagoga e Ambientalista pela Universidade Federal de Acre, Universidade de Brasília e Universidade Católica de Brasília. Foi militante do Partido dos Trabalhadores por três décadas. Com Chico Mendes fundou a Central Única dos Trabalhadores do Acre (CUT). Deputada Estadual por Acre, Senadora da República por dois mandatos e Ministra de Estado do Meio Ambiente. Em 2009 saiu do P T, em conflito com o Governo Lula, optando por desenvolvimento sustentável. Seu trabalho em favor do meio ambiente foi reconhecido internacionalmente. Seu vice é Beto Albuquerque.
    Aécio Neves, mineiro de 54 anos, do Partido da Social Democracia Brasileira. É formado Economista pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Neto de Tancredo Neves, que eleito Presidente do Brasil na transição do Militarismo para a Democracia, faleceu sem ter tomado posse. Aécio Neves foi Governador de Minas Gerais por dois mandatos.  Seu Programa Choque de Gestão, que reduziu gastos com a extinção de algumas Secretarias de Minas, e investiu na Educação e Saúde do Estado virou referência internacional.  Como governador de Minas teve 90% de aprovação popular. É pela segunda vez Senador da República por Minas, e seu vice de chapa é o Aloysio Nunes.
   Bem, até aqui nenhum conflito. Três candidatos de gabarito, com curso superior, experiência política e bem votados em campanhas anteriores. Todos aparentemente saudáveis, nem tão jovens nem tão idosos. Porém, há os senões...
    Comecemos com a Dilma. Seu governo começou cheio de promessas e parecia dar certo. O mundo inteiro mirando a primeira Mulher Presidente do Brasil. E ela estava com tudo. Não fosse o Lula, que por trás dos bastidores movimentava as cordinhas da bonequinha, que só se deixava conduzir por ele. E assim, ela herdou a história do Mensalão, que a deixou atada, refém do Partido. E para não perder a fé do povo, multiplicou os pães em forma de bolsas disso e daquilo, que no fim todo mundo entendeu que era bolsa-voto para garantir a reeleição. E para o estrago ser completo, veio à tona a história da Petrobrás, que foi vendida a preço de pechincha, quando ela era a Ministra de   Minas e Energia... Daí, fez o seu eleitorado matutar...
    E veio a Marina, ou Maria, ou Osmarina, que nem nome bem definido tem. De candidata a Vice passou para Presidente, com a morte providencial de Eduardo Campos. E a história da queda do avião esconde um mistério, que não foi esclarecido até agora. Por que o avião caiu? E onde foram parar as gravações da caixa preta? O que existe por trás disso tudo? De quem era o avião? E essa mesma Marina foi durante três décadas militante do PT. Comungou a cartilha do Lula, foi Ministra na gestão dele, junto com Dilma Rousseff... E foi ativa militante do Movimento dos Sem Terra, que invadiram e se apossaram de terras em Mato Grosso e no Norte do país. E agora, vem com outros discursos, como se fosse uma jovem inocente, usada pelo Partido dos Trabalhadores. Não dá para engolir. Seu passado a condena.
    E tem o Aécio. Rapaz boa pinta, de tradicional família mineira, seguiu a carreira do avô Tancredo Neves, e subiu como rojão nas últimas disputas eleitorais. Entretanto, a boca pequena correm boatos de consumo de drogas, de bebedeira e ainda a história de um aeroporto em fazenda da família, construído com dinheiro público. Dirão que isso é coisa mínima comparada ao Mensalão. Mas, são dúvidas que entram na cabeça do eleitor... Será verdade? Ou não? E mesmo com o Choque de Gestão, que guindou Minas para ombrear-se com o Estado de São Paulo, os problemas de lá não foram minimizados, com a onda de violência sempre nos noticiários...
     Então, todo eleitor consciente fica perdido diante de tantas denúncias contra pessoas que, irão tomar as rédeas da Nação. Como colocar lá no Planalto gente que, fecha os olhos para a roubalheira que foi o Mensalão, que vendeu a Petrobrás, que era um dos poucos orgulhos do Brasil?
    Como colocar uma mulher que invade propriedades alheias? Se a Marina chegar lá, parece que estaremos dando aval para todos seguirem seu exemplo, e o país irá mergulhar num conflito interno. E o que mais incomoda é que de repente, ela foi guindada como candidata a Presidente, e passa a impressão que está titubeando, sem um plano definido de governo. Como irá governar um país-continente com tantas diversidades, com mil problemas diferentes de cada região? Não irá buscar ajuda do Lula, a eminência parda, que fez do governo de Dilma um desastre? Afinal, ela já foi seguidora e admiradora dele durante três décadas!
    Penso na Marina como uma boa opção, mas a sua ligação com o PT me incomoda muito, e alternar a Dilma com a Marina seria trocar seis por meia dúzia. E ela não convenceu ninguém com um plano de governo bem estruturado, que vise o futuro do país. Tudo nela parece ser improvisado: os discursos, os planos que ontem eram uns e hoje são outros, os ideais, a sua postura diante de problemas que afetam a sociedade... Frágil demais como Presidente, poderá ser sucateada pelas raposas velhas do Planalto.
    Mas, votar na Dilma é aprovar o processo de revolução bolivariana, que está em andamento na América. Os cubanos já estão na paisagem brasileira, assim como outros latinos da América Central Por trás dos discursos da Dilma, percebe-se claramente a sua ambição de trilhar o caminho de Hugo Chaves, que seguiu Castro, que sonhou com um país comunista onde todos seriam iguais e felizes. Só que a realidade  atual de Cuba e de Venezuela não conseguiu convencer o mundo, que o comunismo é a melhor forma de tornar um povo feliz.
    Então nos resta o Aécio, que dos males parece ser menor. Mas, ele não decolou nessa campanha, que está polarizada pelas duas mulheres. Votar em Aécio seria dar vitória a Dilma? Votar em Marina não seria dar um tiro no escuro? 
     Realmente, estou perdida e não sei o que fazer.
    De uma coisa tenho certeza absoluta! Temos que mudar e logo, antes que o trem do Brasil despenque de vez no precipício.
     Vamos votar, minha gente!
     E que ganhe o melhor!

Mirandópolis, setembro de 2014.