sexta-feira, 27 de junho de 2014

             Vitrine de desejos

A televisão é na atualidade a maior diversão das pessoas. A telinha prende a atenção com suas chamadas, com notícias trágicas, jogos e novelas.
        Quando dá uma folga, todo mundo se instala num sofá confortável, para ver o que é que está acontecendo no mundo. As novelas e os jogos de futebol são os campeões de assistência. Tem gente que não responde às perguntas, nem atende ao telefone e à campainha na hora das novelas, e dos jogos. Está tão fissurada no que acontece na tela iluminada, que o resto não tem importância...
       Então, todos ficam condicionados às ordens da pequena telinha, que manipula mentes e estabelece o estilo de vida da grande maioria. É difícil se libertar...
      Felizmente, os jogos acabam e, as novelas são apresentadas em série, e continuam nos dias subsequentes.
     Entretanto, esse aparelhinho tem uma coisa insidiosa, que vai entrando na vida das pessoas, sem que elas se apercebam. São os comerciais, que repetem dezenas ou centenas de vezes, mensagens para o telespectador comprar isso ou aquilo. E repetem e repetem tanto que chega a cansar.
       Mesmo que você não queira, a mensagem acaba entrando na cabeça do telespectador, como está acontecendo comigo agora, com as panelas elétricas de fritar sem gordura. E eu pouco assisto a tevê. De uns dias pra cá, estou sentindo desejo de comprar a tal panela, mesmo não precisando dela...
   Tenho consciência da pressão do marketing, que é insistente e quer conquistar boa fatia dos compradores. Sei que posso viver muito bem sem a tal panela. Para isso, basta evitar as frituras e fazer mais assados, para cuidar da saúde. Mas, quando a ideia se instala na cabeça da gente é difícil eliminá-la. Talvez acabe me rendendo e comprando mais essa panela... Ai de mim!
     Ontem ouvi tanto sobre uma mulher que fez um regime e perdeu cento e quarenta quilos. Ela pesava mais de duzentos. E o apresentador transformou a corajosa mulher em heroína, por ter conseguido tal feito. Só que ela comia quatro pães franceses no café da manhã, tomava sorvetes várias vezes ao dia e, por aí foi...
     Enquanto o programa prendia a atenção de muita gente no país, pensei comigo que a desgraça da moça deve ter começado pela televisão.
      Porque não é a televisão que sugere o que comer ao café da manhã, com os pães deliciosos recheados de presuntos, mortadelas e queijos? Não é a mesma tevê que sugere sorvetes de todos os sabores e cores? Não é ela que empurra os refrigerantes, que incham mais e mais os consumidores? Não é ela que empurra a cerveja, que está tão acessível a todo mundo, até para menores? Não há nada mais sugestivo que, uma imagem de gente famosa tomando uma cerveja super gelada, em tardes quentes de verão. É tiro e queda, principalmente se for durante a transmissão de um jogo nervoso, em que o time do coração está perdendo...
  E as pizzas com queijos derretendo sobre tomates madurinhos?  E os lanches do Mac’Donalds? Esses não perdoam, vendem mesmo! Mesmo sendo só aparência, e nem sendo tão deliciosos.
    A tevê é um instrumento de intimidação, de coerção, que faz o telespectador só pensar pelo estômago. E o pior é a propaganda subliminar, que aparece durante as novelas, com as personagens sorvendo um vinho, um refrigerante, vestindo uma determinada marca de roupa, joias e calçados. E carros e motos, tudo é propaganda pura...
       E quando o telespectador é meio alienado, incapaz de analisar o que vê e ouve, acaba consumindo tudo como foi sugerido. E aí estará pesando duzentos quilos ou mais, em pouco tempo.
     E então, as famosas apresentadoras que ganham a vida através da Mídia, aparecem com os médicos e terapeutas, para ensinar o povo a controlar o apetite, perder peso e recuperar a saúde perdida... Para a maioria já é tarde demais. E entre um terapeuta e outro, traz um cozinheiro para incrementar o almoço de cada dia, com delícias irresistíveis. E nos intervalos, comerciais de aparelhos para fazer ginástica em casa, para perder peso. Incoerência flagrante!
       E aí, vêm um desses Geraldos da vida, que descobriu uma mulher que conseguiu o impossível e a transforma em heroína, garantindo a sua audiência em cima dos pobres coitados, que   foram cevados pela mesma tevê, que sugeriu coma isso, coma aquilo, beba isso e beba aquilo.
      Televisão, vitrine de desejos, de ilusões. Fábrica de consumidores alienados e sem personalidade. Que produz monstros pesando centenas de quilos, que não cabem em cadeiras e sofás, que não passam em catracas.
   Porque ela quer transformar todo mundo em consumidor voraz, descontrolado... Porque é preciso vender, não importa se o mercado apodreça ou morra. O que importa é o money para garantir a existência da marca...
     Propaganda comercial, a desgraça dos tempos atuais usa o meio mais torpe para vender produtos.
   Ainda bem que ela não consegue ainda, passar para os telespectadores o cheiro das comidas deliciosas que vende... O consumo iria triplicar-se.


         Mirandópolis, junho de 2014.



         

domingo, 22 de junho de 2014




                        Frisson de Copa
  A partir de hoje vamos viver um outro clima, independente das previsões atmosféricas.
   É o clima da Copa do Mundo, que vai durar um mês.
Estamos todos torcendo que não haja tragédias, acidentes nos estádios, problemas com turistas que vieram, e estão chegando de todas as partes do mundo.
  É um frisson, uma agitação, uma inquietação como uma música em ritmo acelerado, que não deixa o cidadão aquietar-se. Mesmo as pessoas mais sossegadas acabam sendo envolvidas por esse clima.
  Os jovens falam mais alto, os de meia idade só falam em futebol, os idosos olham preocupados. A tevê está ligada em todos os ambientes, e é uma falação sem fim, mostrando as seleções que estão chegando. Os repórteres se matam para conseguir furos e dar as notícias em primeira mão.
   Estranho é que tudo gira em torno de uma bola...
  Lógico que também amo meu país e torço por ele, mas não perco a serenidade por causa de uma bola. Continuo sendo a crítica que observa, e analisa tudo que ocorre.
   Então, me preocupa essa agitação toda, porque o país precisa continuar funcionando normalmente. Cada um deve cumprir as tarefas a que está destinado, e deve fazer com o mesmo cuidado de sempre. Já li em algum lugar que, quando um país se deixa levar por comoções muito fortes, os produtos industrializados dessa fase saem todos com defeitos... Peças mal encaixadas, parafusos mal apertados que fazem a asa do avião cair, carros que exigem recall depois de vendidos, são as provas de serviços mal elaborados dessa fase. Porque ninguém é de ferro e quando a emoção toma conta, o indivíduo perde a concentração. E sem concentração o resultado é uma porcaria de serviço. Até donas de casa, atacadas pela febre dos jogos acabam queimando panelas e bolos...
   Mas, é preciso serenidade para realizar todas as tarefas. Só que os meios de comunicação não dão folga, eles fazem chamadas constantes; o telespectador se esquece de tudo e fica abobado, vendo e ouvindo fatos que já foram repetidos até à exaustão. E os jornais e revistas colocam em manchetes, tudo que os torcedores da Seleção canarinho querem ver. Além de, ambulantes que oferecem chapéus, fitas, bandeiras, camisetas e bolões da sorte, que só levam uns trocados de todo mundo... E os carros de som? Agora mais alto que o normal para vencer a concorrência, chega a mil decibéis anunciando produtos encalhados, usando músicas chamativas sobre a Seleção.
   Não é fácil viver nesse clima.
  Nos hospitais, há doentes que precisam de cuidados, nas residências é preciso preparar as refeições, nas fazendas é preciso cuidar das criações, nas escolas alunos precisam estudar, nas fábricas as metas devem ser atingidas, os transportes coletivos devem circular, os políticos e legisladores do país devem cumprir suas agendas, para não extrapolar prazos.
  E tudo isso piora, quando os loucos e desvairados torcedores começam a soltar rojões, para comemorar os gols. Ato mais idiota não existe. Fazer barulho porque o cidadão está feliz? Quem ganha com isso? Só o vendedor desses artefatos do diabo, que causam tremendos sustos nas pessoas, enfartando doentes, despertando bebês e fazendo cachorros urinarem pela casa toda.
  Essa agitação não acontece só na hora do jogo. Acontece o tempo todo, enquanto houver um repórter despejando no ouvido do torcedor fanático, as últimas notícias da Copa. E o torcedor fica hipnotizado e vive num mundo diferente, onde predominam uma bola, umas cores verde/amarelas e, vive dando opiniões sobre as melhores táticas, como se fosse o próprio técnico da Seleção.   Tudo isso deve ser encarado como uma diversão apenas. Não pode ser prioridade para o cidadão comum, que tem que enfrentar o batente todo dia e tem responsabilidades diante da sociedade e da família.
  Mas, alegria é alegria e ninguém pode segurar.
  Então, vamos rezar prá que nada de ruim aconteça e, que todos assumam suas responsabilidades.
  E viva o país que idolatra o futebol!
    
     Mirandópolis, junho de 2014.
     kimie oku - http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/
    


segunda-feira, 16 de junho de 2014



                               Outra vez cirandando


      Na última sexta-feira, dia 13 deste houve mais um encontro da Ciranda.  Foi como de costume na Chácara do seu Albertino Prando.
      Por várias razões, muita gente não compareceu, e achei que a tarde não prometia. E eu tive que comunicar a partida do amigo Toninho do Pandeiro, que falecera no dia 11 próximo passado. Antonio Bispo dos Santos que era o seu nome tinha 63 anos, foi vítima de infarto e teve morte súbita.
      Como já estava programada a reunião desse dia, alguém me perguntara se seria adiada. E eu disse que não, que o Toninho fora muito feliz na Ciranda, então faríamos o Encontro em sua homenagem, agradecendo as horas felizes que nos proporcionara. E formamos uma roda e rezamos um Pai nosso em sua memória. Participei ainda aos amigos que o Carlinhos da APAE nos doou um violão, para ser usado pelos músicos do grupo.
 Lá pelas 15 horas, compareceu a dupla Gerval e Jovanini com seu acordeão e seu violão. E aí a festa se animou de vez, com todos cantando animados. Nos intervalos entre uma canção e outra, o seu Orlandinho declamou o poema “Meu cachorro Sultão”, e o casal Dedé e Isabel leram “Um noivado feito de poesia”, muito engraçada, que foi bastante aplaudida.
   A surpresa do dia ficou por conta de Mílton e Remir que apareceram de repente, depois de quase um ano de ausência, pois se mudaram para Campo Grande, MS. Todos os cirandeiros ficaram felizes de rever os queridos amigos, que ajudaram a fundar a Ciranda, e foram de inestimável ajuda na organização e no fortalecimento do grupo.

      Com a chegada dos dois, a roda de cantoria ficou mais forte, e todos vibraram cantando e dançando.
      Outra novidade foi a presença de Zilda, irmã de Dora, que compareceu para conhecer a Ciranda, e gostou muito do grupo.
      Salgados, bolos e bebidas foram servidos e o pessoal só se retirou já quando estava escurecendo.
      Em julho tem mais! Até lá, minha gente!


      Mirandópolis, junho de 2014.
      kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/
     

      

quarta-feira, 11 de junho de 2014



                      Noites de Inverno
     O Inverno chegou mais cedo.
      Como moramos num país tropical, o calor predomina na maior parte do ano. Então, quando chega essa época do ano é um alívio. Se bem que o Outono é bem mais agradável, com temperaturas mais amenas.
    Se no Verão, todo mundo gosta de praticar esportes, ir à praia, caminhar ao ar livre; no Inverno, as pessoas preferem ficar dormindo, recolhidas num cantinho quente da casa. Parecemos ursos hibernando e aguardando a volta do Sol, com seus raios luminosos alegrando tudo.
     Quando sopram os ventos do sul, e o ar fica gelado, tudo fica mais devagar, até para caminhar fica mais difícil – as juntas parecem travar-se. Mesmo assim, todos se empenham em cumprir suas tarefas, porque viver é preciso.
    Quem mais sofre são as crianças pequenas e os idosos, porque sentem muito frio e, as gripes ficam rondando com os espirros, tosses e febres. É a época dos xaropes, dos antitérmicos, e dos analgésicos...
    Os trabalhadores sofrem bastante nessa época, porque levantar-se de madrugada é penoso demais.
     Mesmo com todos esses problemas, ainda devemos agradecer a Deus, porque em nossa região não ocorrem temperaturas abaixo de zero, como sói acontecer no Sul do país. E nem conhecemos neve.
    E além disso, o Inverno é muito rápido. Quando imaginamos que chegou, logo já nos deixa e os dias ensolarados voltam a predominar. Mesmo em pleno Inverno, às vezes acontecem períodos de Veranico, com temperaturas acima de trinta graus.
  Como o nosso Inverno é muito curto, gosto de aproveitar fazendo coisas que só podemos em dias frios: tomar chás quentes, achocolatados, cappuccinos, vinhos, sopas e caldos variados que caem bem em noites muito frias. Quando era criança, gostava de ficar perto do fogão de lenha, bebericando um chá e comendo pipocas. Hoje infelizmente nem fogão de lenha temos mais. Lareira menos ainda, porque a nossa região é quente.
     Mas, o que mais gosto de fazer nessas tardes e noites frias é tricotar; fazendo gorrinhos de lã, cachecóis e coletes para crianças. Todos os anos, tricoto uma porção de peças para distribuir. Distribuo para as crianças da família, para os filhos dos agregados e envio para o Hospital do Câncer, em Barretos. Às vezes, amigas me oferecem novelos esquecidos de lã no fundo do baú. E eu os transformo em peças quentinhas, que irão agasalhar algumas crianças.
     Sinto uma alegria imensa em trançar um ponto atrás de outro, com a lã macia e quentinha que aquece minhas mãos. Enquanto vou criando a peça, fico imaginando a criança que a vestirá e se sentirá confortável. Sempre digo para as mães a quem ofereço essas peças que, devo ter passado muito frio na infância, pois não aguento ver crianças tremendo nos dias gelados... Éramos em doze irmãos, e nunca havia roupas e sapatos suficientes...
    Lembro também da história de uma senhora japonesa que, no período pós guerra, quando tudo faltava no Japão, ganhou de alguma alma generosa do estrangeiro, um casaco. Ela o usou durante dois anos e, passou depois para sua irmã menor. E se sentiu tão grata, por ter sido aquecida no terrível Inverno do Japão, por esse casaco ganho de alguém que nunca vira, que fez um juramento: um dia faria mil cachecóis para doar. Quando ela foi entrevistada, já havia feito quinhentos e os doara a asilos. E iria chegar aos mil prometidos.
    Acho tão fácil fazer campanhas de agasalho. Basta ter boa vontade e sentir empatia pelo próximo, que sofre com o frio. Se não é capaz de tricotar ou crochetar pode comprar cobertas e doá-las. Todo mundo pode ser solidário com quem sofre. Até pensei em fazer uma sopa quentinha, e distribui-la para crianças e idosos, mas desisti da ideia, por falta de estrutura.
        Bem, mas agora chega de papo furado.
        O tricô me espera.

         Mirandópolis, junho de 2014.
         kimie oku  in


         

quinta-feira, 5 de junho de 2014


Quero o meu Brasil de volta

     Estou precisando ir a São Paulo.
   Porém, estou receosa de enfrentar aquela imensa metrópole, que está tomada pelos vândalos.
       Já me aconselharam ir só depois da Copa do Mundo. Porque conforme vai se aproximando o período de realização da mesma, mais a violência está deflagrando na cidade. É algo assustador. Todos os dias, mais e mais cresce a ira do povo.
   São frotas de ônibus incendiados, arrastões em filas de espera, em shoppings, assaltos e agressões gratuitas em plena luz do dia... Explosões de caixas eletrônicos... Enfrentamento de policiais... São Paulo parece uma daquelas cidades do velho faroeste americano, terra sem lei, sem ordem, sem comando. Mais as greves de Professores, de Policiais, condutores de ônibus. São Paulo está um caos.
     E eu gosto de São Paulo. Há tanta coisa boa lá para a gente curtir. Mas, o que está acontecendo agora é muito assustador. Ninguém pode prever o que ocorrerá daqui a pouco, daqui uma semana. O noticiário matutino das tevês pode ser resumido como Notícias Policiais.
   E tenho visto na imprensa internacional, como estão dando enfoque a esse noticiário. Os canais do Japão, da França, da Alemanha, dos Estados Unidos, de Portugal, da Espanha, a Tevê Árabe e outras não param de exibir as cenas de violência, que estão ocorrendo no Brasil. O mundo inteiro está de olho no Brasil... Desconfiados e apreensivos.
      O que fizeram com a nossa Terra tão gentil?
    Para onde foi a nossa Pátria amada, que recebia todo mundo com carinho, atenção e gentilezas mil?
      Por que tanta violência, tanta confusão, tanta ira?
      De que adianta queimar ônibus? Para desgraçar mais ainda o dia do trabalhador, que dá o seu sangue, suor e lágrimas para fazer esse país funcionar? Porque é o Trabalhador, o Operário, o Funcionário Público que tomam os  ônibus de madrugadinha, para  enfrentar o batente de cada dia. São eles que têm que voltar a pé para casa, porque grana para táxi nem sonhando... A violência está apenas maltratando nossos irmãos trabalhadores, os mais pobres, os mais humildes, e acima de tudo, os que trabalham a troco de pequenos salários. Será que é realmente isso que os manifestantes querem? Humilhar e dificultar a vida de milhões de brasileiros trabalhadores?
      O nosso Brasil é um país pobre, com pouco mais de 500 anos, que já experimentou de tudo; a colonização portuguesa, governo com Imperadores emprestados, República que pretendia ser democrática, Regime Militar, com todo o ônus dos desmandos de um governo de imposição.
    Ao longo desses 500 anos, construiu-se um país tupiniquim, gigantesco em tamanho porém pobrezinho, onde se misturaram todas as raças do planeta. Superamos a caça aos primeiros habitantes, a escravidão dos africanos e recebemos emigrantes de todas as partes do mundo. E, de uma forma ou outra vivemos em paz com todos, mantendo relações de boa vizinhança com os países latinos. Além de estar em permanente contato social e comercial com outros países do planeta.
    E sabemos que, muita gente estrangeira sempre viu o nosso país como um lugar meio parecido com o Paraíso, onde a maior característica era a liberdade. Liberdade de ir e vir, de falar, de se comunicar, de professar  qualquer religião, de escolher a ideologia política. Já tive oportunidade de conversar com japoneses, que estiveram aqui uma temporada, desde professores universitários, jornalistas, professores de Língua Japonesa, alunos. E todos eles foram unânimes em dizer, que  o maior bem que possuímos é a Liberdade. Liberdade de falar, de rir, de cantar, de expressar o pensamento.
     Só fui sentir essa liberdade quando ouvi essa opinião. Nunca tinha atentado para tal fato, que está tão arraigado no nosso cotidiano, que a gente nem percebe. No Japão, as regras do cotidiano são muito rígidas, como nenhum brasileiro pode imaginar...
   E nós estamos desolados no momento, porque essa liberdade ficou restrita. Porque há um bando de gente revoltada, que esqueceu o orgulho de ser brasileiro, de ter nascido nesse paraíso tupiniquim, e está aterrorizando os próprios concidadãos, com seus gritos de guerra, com sua gana de destruir tudo que acha pela frente.
       Tenho certeza absoluta que esse clima de guerra não tem o aval de nenhum cidadão de bem. Todos os brasileiros de verdade não aprovam esse caos, essa confusão que se instalou ultimamente no país. Revolta? O Governo é incompetente? Querem mudar a ordem das coisas?  A Saúde vai mal? A Educação está abandonada? Não há Segurança?  A Inflação está sufocando?
    Concordo plenamente! Mas, daí a usar a violência contra os próprios irmãos que só querem viver em paz! Tirar o único meio de transporte que ele usa para ir trabalhar... Arrebentar carros alheios, porque está cheio de rancor contra o mundo? Saquear lojas, porque tem revolta contra os governantes?  O ônus do estrago só vai para o bolso do pobre coitado, que não tem culpa do governo ser corrupto e incompetente.
     Violência não resolve nada. Há um provérbio popular que diz: “Pega-se mais moscas com uma gota de mel do que com um barril de vinagre.”
    Está na hora do povo revoltado despertar. Parar com essa bandalheira que nada resolve, que só oprime mais ainda a população e analisar friamente tudo que está ocorrendo no país.
   Está na hora de provar para o mundo, que somos um povo civilizado, que sabemos receber visitantes com educação e a gentileza de sempre. Provar que realmente o Brasil é uma espécie de Paraíso, almejado por todos.
  Vamos guardar essas mágoas, essas revoltas, essa insatisfação com a ordem das coisas. Vamos engolir seco. Vamos sorrir para os turistas e tratá-los com a finesse de sempre. Vamos mudar essa imagem negativa de nosso povo que está correndo mundo.
    Vamos crescer, virar adultos e separar as coisas. Uma coisa são os visitantes. Outra coisa são os nossos governantes. Os turistas não têm culpa de sermos tão mal representados no cenário político atual.
     Que a Copa passe sem grande incidentes. Que cada visitante leve uma ótima imagem de todos os brasileiros.
   Vamos recuperar o nosso brio, o nosso orgulho de ser Brasileiro!
    Pátria amada, idolatrada, salve, salve!

    Mirandópolis, junho de 2014.