terça-feira, 25 de fevereiro de 2014



                            Quem quer uma lasanha?
    Domingo é dia de comida mais caprichada, porque domingo é domingo.
        E aí, a gente apela para uma massa mais requintada, com molhos especiais, uma salada mais diversificada para combater esse calor de 40 graus.
        Felizmente, as cozinheiras não precisam se estressar muito para preparar esses pratos. Há na cidade, tanta gente habilitada que faz muitos pratos deliciosos e vêm prontos, ou no máximo precisam de uma chegadinha ao forno para dar o ponto. E em alguns minutos, a mesa é posta com pratos super-requintados e deliciosos para a alegria geral. É claro que custa algum dinheiro, mas domingo é dia de se comer bem para compensar o arroz, feijão e a abobrinha da semana.
        Hoje está difícil de contentar o paladar das pessoas. Elas comem coisas muito boas nos restaurantes e barzinhos que há por aí, que às vezes rejeitam até uma lasanha.
        Antigamente, domingo era dia de comer um frango ao molho e uma macarronada. Era só isso. E era uma festa! E hoje dizem que era o tempero da mamãe que fazia a diferença. Não é, não!  A diferença estava no paladar de todos, que estava acostumado só com o trivial, e no domingo se regalava com a macarronada. Hoje o paladar está gasto, insensível e não se satisfaz com comidas simples. É como se tivéssemos perdido o sentido do paladar, por termos degustado tantos sabores diferentes.        
        Eu me lembro que, num dia de Natal fui ao sítio e meus irmãos estavam colhendo milho. E era Natal!  E não tínhamos o costume de comemorar esse dia, porque o sistema era japonês, e se comemorava apenas a entrada do ano novo.
        E os meninos precisavam colher o milho que estava no ponto, porque o tempo ameaçava chuva. Com a chuva, as espigas começariam a brotar... E perder-se-ia toda a safra.
        Condoída com a vida dura dos irmãos, fui ao milharal mais novo, colhi algumas espigas tenras e fiz frango caipira com milho, temperado com tomatinhos que cresciam no quintal.  Nunca mais esqueci a alegria deles comendo arroz branco, com o frango e milho verde.  Eles degustaram com prazer, com satisfação. O paladar ainda não estava estragado, e sabiam apreciar o verdadeiro sabor das comidas.
        Hoje, há uma mistura de temperos nas comidas, que as fazem perder a originalidade. Existe pizza com chocolate, sorvete frito, sushi com manga... Tudo isso descaracteriza a culinária original, e deixa os verdadeiros Mestres-cucas de cabelos em pé.
        Mas, gosto é gosto, e cada um aprecia o que lhe apetece.
        Há gente que estranha o sashimi dos japoneses, porque os filés de peixe são degustados crus. Mas, e os ocidentais que consomem ostras vivas com limão?  Ostra me lembra lesma e me arrepia só de pensar em colocá-la na boca. Mas, gosto é gosto e cada um come o que lhe apetece.
        No começo dos tempos os ainos, silvícolas do Japão, que viviam da caça e da pesca, ao caçarem um animal da floresta, praticavam um ritual: a aldeia toda se reunia diante da caça e oravam pedindo-lhe perdão pelo sacrifício de sua vida. Abriam o corpo do animal e, repartiam o coração ainda quente entre todos, para que a sua energia passasse aos humanos. E após dançarem em volta por um tempo, retalhavam o corpo que era consumido cru, pois não conheciam o fogo ainda. Talvez o hábito de se consumir o sashimi, ou peixe cru seja herança desses primórdios dos tempos.
        E cada região consome o que a natureza oferece com fartura. O Japão é uma ilha cercada pelo Oceano Pacífico. Então, peixe é o que mais existe, além de outros frutos do mar como lagostas, lulas, siris e camarões. O consumo desses seres é muito  alto lá.
        O Brasil por ser um país quase continental, possui terras e terras para o plantio e criação de rebanhos, tanto de caprinos, ovinos, bovinos e galináceos. Daí a fartura de carne por aqui, daí a moda do churrasco, que nunca falta em festas... E também o excesso de comilança, que reina por aqui, até entre os mais desfavorecidos.
        Minha sogra era nascida na Ilha do Havaí, embora de origem japonesa. Lá passou a infância e parte de sua mocidade. E na aldeia onde morava, o costume era comer inhame como alimento básico, no lugar do nosso arroz e feijão. E pesquisando sobre antigas civilizações, descobri que as que moravam em ilhas, se alimentavam de inhame, porque é uma planta que se desenvolve bem em lugares úmidos, e seus tubérculos possuem muitos nutrientes.
        Mas, voltando aos tempos atuais, dá para se perceber como a culinária se sofisticou e há pratos que a maioria desconhece. Todos os dias os mestres-cucas estão inventando novos temperos, novos molhos, novas guarnições para acompanhar uma leitoa, um peru, um peixe...
        Só que há pratos que perdem o sabor verdadeiro, quando se acrescentam outros ingredientes. É o caso da feijoada. É uma comida forte e nutritiva e não precisa de acréscimos, além dos pés de porco, carne de sol e feijão. E a macarronada é deliciosa só com um bom molho.
        Mesmo o arroz branco não precisa de temperos diversificados, além do alho, cebola, óleo e sal. Conheço gente que tempera feijão com pedaços de pimenta dedo de moça. Quem o consome fica com a boca fervendo! E são esses ingredientes que vão destruindo o paladar, e às vezes podem provocar doenças. Tenho um amigo que, está morrendo depois que teve que extirpar os dentes e a língua, por doença. Todos os dias, oro para Deus ter misericórdia dele. E  como dói a alma só de pensar no que ele está passando...
        Comer, degustar, provar são prazeres que a vida nos proporciona, Sem comer é impossível viver. Mas, é preciso comer com moderação, porque o estômago é uma bolsa elástica, que absorve tudo. Depois redistribui para todas as partes, inchando todo o corpo e transformando as pessoas em monstros gigantescos, que não cabem em cadeiras, camas, sofás e nem em carros.
        Pra arrematar, vai uma lasanha aí?

        Mirandópolis, fevereiro de 2014.
        kimie oku in  http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/



terça-feira, 18 de fevereiro de 2014


                  Como lidar com onças e outras feras


         Há poucos dias, apareceu uma onça em nosso sítio, e andou atacando os bezerros, Feriu dois e matou um.
         Como foi uma coisa inusitada, pedimos orientação para a Polícia Ambiental, mas parece que nada há a fazer. Mesmo sendo capturada, ela será solta em alguma matinha, provavelmente nas cercanias do Rio Feio ou Aguapeí, onde ainda remanesce a mata ciliar. E o Rio Feio não fica longe da nossa propriedade.
         Felizmente, os cachorros do peão a puseram para correr, e ela não voltou mais. Entretanto, ela tem sido vista na estrada que conduz à Usina de álcool, com certeza procurando uma caça para se alimentar.
         Já há algum tempo que, outros animais não domesticados têm visitado o sítio. Bandos de macacos, araras, tucanos, têm dado o seu ar de graça lá. Mas, como são animais inofensivos, só apreciamos sua visita aos pés de ingás, abacates e outras frutas silvestres que possuímos... Eles estão famintos e quando acham comida, aparecem em bandos de dez a quinze animais... Outra que veio ao nosso açude é uma sucuri. Teiús também moram do outro lado da estrada, onde conservamos um pequeno bosque, em respeito à fauna e à flora. E esses teiús descem para o nosso quintal, à procura de ovos e pintinhos...
         Entretanto, a visita da onça assustou a todos. Ela é carnívora e ataca a criação, pois ela precisa comer. E aí, a gente fica sem saber como agir numa situação dessas. Deixá-la comer o rebanho? Botá-la prá correr? Caçá-la?  Mas, e depois?  Se for caçada, que fazer com ela? Sabemos que não podemos matá-la, pois devemos preservar o pouco da fauna que restou...
         Eu me lembro que, quando meus pais adquiriram umas terras nas proximidades de Tabajara, em Lavínia, foi feita uma grande queimada para derrubar a mata virgem que existia. A finalidade era plantar o café, para obter o sustento da família. Lembro que vi veados vermelhos correndo no meio do arrozal verde, para fugir da queimada. Era uma imagem linda, que guardei na memória e, só mais tarde entendi o drama que eles estavam vivendo. Havíamos queimado o seu habitat natural.
          Eu me lembro ainda que, os proprietários tinham que manter intato  um pedaço da floresta, e como todos respeitaram a ordem, no fundo do nosso sítio havia uma faixa de floresta virgem, onde moravam muitos bichos. Era um trecho longo embora estreito, onde moravam macacos que vinham roubar as espigas do nosso milharal. Cenas que lembro com saudades e que, as novas gerações não tiveram oportunidade de presenciar...
         Temos consciência que tomamos o habitat natural dos bichos, e devastamos suas matas que os protegiam, e acabamos com centenas de variedades de outros animais indefesos... Tudo para o homem poder sobreviver também. E as roças ocuparam os espaços onde havia mata virgem, que era também o habitat natural do homem... Mas, o homem sapiens achou por bem inventar a civilização, as cidades, as roças de cultivo, as estradas e se esqueceu de parceiros outros, que dividiam a mata com ele... Os bichos não foram considerados, e foram expulsos mais e mais para outros confins, cada vez mais vazios de matas.
         Já assisti a muitos filmes que, mostraram cenas de fazendeiros caçando os bichos, que vêm atacar rebanhos de carneiros na Austrália. Esse país possui o maior rebanho ovino do mundo, e a criação é feita em pastagens imensas a se perderem de vista. Conclusão: não há mais espaço para os animais selvagens, e eles disputam com o homem a carne dos carneiros. E os fazendeiros vivem em constante atrito com a Polícia Ambiental, que é rígida em qualquer parte do mundo.
         Quando era muito jovem ainda, li o livro “A Revolução dos Bichos” do escritor inglês George Orwell. Como era adolescente quando o li, só concluí que o autor havia imaginado um mundo diferente, comandado por animais e não por humanos. Hoje sei que, o livro era uma sátira à União Soviética Comunista de Stalin, que padronizou tudo desde a roupa, a comida, o trabalho e até o modo de pensar dos soviéticos. Era um desrespeito total à individualidade. Na história contada por Orwell, os animais se rebelam contra os humanos e tentam criar uma sociedade utópica, mas o Porco Chefe seduzido pelo poder, acaba fundando uma sociedade tão corrupta como a dos humanos...
         Mas, a ideia da revolta dos bichos ficou na minha cabeça, desde então. Nós fazemos qualquer coisa para prejudicá-los e beneficiar o mundo dos humanos: usinas que detonam o ambiente natural dos bichos que vivem nos rios correntes, estradas que cortam florestas e põem em risco permanente seus habitantes, fazendas de gado e roças que devastam florestas inteiras, eliminando o habitat natural de tantos bichos e até dos nossos irmãos silvícolas. Por que a civilização tem que destruir tudo? Não haveria uma forma de convivência pacífica com todos os seres vivos, sem que seja necessário exterminá-los?
         Acho que está na hora de pensar nesse assunto, pois daqui prá frente, onças, lobos e cobras começarão a vir para locais onde aglomeram pessoas (cidade) em busca de comida, porque matas não há mais e rios estão morrendo. E os bichos querem viver como nós.
         Já imaginou se os bichos começarem a adentrar em nossas casas, à procura de comida?  Até agora nem os pássaros invadem nossos domicílios, e respeitam nossos limites, salvo algum pardal que perdeu o rumo. Já imaginou a cena do filme “Os pássaros” ocorrer de fato em nossas residências? E se forem águias? E se forem cobras? E onças????
         Inimaginável, né?
         Parece que esse tempo não está tão longe, não!
        
         Mirandópolis, fevereiro de 2014.
         kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/
        


         

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014



                                        Amar só o belo

     A cultura da humanidade desenvolveu o gosto só pelo que é belo, perfeito, agradável.
     O culto ao belo e perfeito se tornou uma obsessão, e é um costume universal, independente de raças, religiões, costumes e épocas.
     Essa veneração do que é perfeito não se restringiu às coisas materiais. Estendeu-se também aos seres humanos, a ponto de se criarem concursos para os mais belos espécimes da raça humana, que abrange tanto as mulheres, como os homens, as crianças...
     Só que a humanidade não é perfeita. Mesmo as criaturas feitas por Deus, às vezes apresentam algumas diferenças, que tanto atrapalham suas vidas. Pessoas sem acuidade visual, sem a fala, sem a audição, e outras sem partes do corpo como braços, pernas, mãos, dedos, ou que os possuem em duplicata...
    E como fomos acostumados a admirar só o que é perfeito, procuramos evitar olhar essas criaturas, que são gente como a gente. A própria cultura e tradição nos ensinaram a discriminar os diferentes. Já crescemos discriminando tudo e todos. Conheço gente que assistiu a um filme maravilhoso, e não gostou porque o ator principal era um velho, ou a atriz era muito feia... Ao sermos alfabetizados, a letra tinha que ser perfeita!  Existia até um caderno de caligrafia, que obrigava o aluno a obedecer às proporções. E não importavam as diferenças individuais, as dificuldades de coordenação, (ou descoordenação) todos deveriam traçar letras bonitas e perfeitas.
    Por que temos de dividir o mundo em bonitos e feios? Se fosse para ser tudo perfeito, Deus teria feito uma linha de montagem, de onde sairiam todas as pessoas como Barbies perfeitas. Os pais seriam a fábrica e a linha de montagem seria o útero... Seríamos perfeitos, bonitos e totalmente iguais... Você se olharia no outro e veria a própria imagem. Desolador...
   Mas, Deus nos fez diferentes, nos fez preto, branco, azul, amarelo, vermelho, assim como as flores que há na natureza. E é justamente nessa diferença que, está toda a beleza da raça humana.
    Imaginem que tristeza seria se as flores fossem todas de uma única cor. Ou que, todas as árvores tivessem o mesmo formato, a mesma altura e as mesmas ramagens. Ou, os pássaros fossem todos de uma única espécie, assim como os peixes, as borboletas, os mamíferos... Não haveria diversidade. Tudo seria igual. Infinitamente igual e repetitivo... Até enjoar... Seria um mundo formatado, onde o diferente seria uma aberração e não haveria espaço para ele.
  Por isso, Deus fez tudo diversificado, para que todos aprendessem a respeitar os outros, mesmo que não perfeitos. Então, por que o homem escolheu o belo em detrimento do que não é? Por que todas as pessoas almejam ser belas e perfeitas?
   Ao passar os olhos pelo face book, percebi que há muita gente com complexo de Narciso. Elas postam fotos próprias quase todos os dias, para mostrar aos demais usuários. Faz-me lembrar de Narciso, que idolatrava a própria imagem que via no espelho das águas... E morreu de desgosto, por não poder abraçar a própria imagem, que se desfazia ao menor contato seu...
    Rede social que, poderia ser usada para diálogos e interações inteligentes foi transformada em vitrine...
  E eu conheço tanta gente imperfeita fisicamente, com inteligência superior e muito mais conteúdo que essas dondocas. A imagem pode ser perfeita, mas se for vazia não consegue a atenção por mais que alguns segundos.
   Nós temos que aprender a enxergar além das aparências. A essência, a alma, o cérebro, a inteligência é que deveria diferenciar os humanos, já que somos seres pensantes. O problema é que a maioria não quer pensar, ou não quer usar a massa cinzenta...
  Mesmo nas artes, há quadros considerados perfeitos  sob o ponto de vista da estética, como os retratos a óleo de Renoir, os narcisos d’água de Monet. Por outro lado, há obras magníficas, supervalorizadas em todas as Galerias do mundo, que não seguem esses padrões de beleza, como as obras de Van Gogh, a Guernica de Picasso e O Grito de Edvard Munch. Então, entre a sociedade mais culta há quem aprecie o diferente, o feio, o terrível. Essas telas expõem o lado feio, duro, triste, e terrivelmente real da humanidade.
   Daí, eu me lembrei de algo que acho belíssimo, que é também terrível ao mesmo tempo. É o fogo. O fogo com suas labaredas, que parecem línguas vivas, vermelhas que vão avançando sem controle... Acho fascinante! E terrível também, porque com a sua voracidade tudo consome, e reduz a cinzas.
   Também aprecio o que é belo, magnífico, que impressiona. Mas, sei também perceber que nem tudo que é belo é perfeito. Mesmo dentre nós, quem se acha perfeito? Uns gostariam de ser mais altos, outros menos gordos, outros mais morenos, aqueles gostariam de....
   Mas, tudo isso é bobagem. Não fomos produzidos em linhas de montagem, e cada qual tem as suas deficiências particulares dotadas por Deus. Pequenas e grandes deficiências, que diferenciam uns dos outros, e torna a humanidade tão diversificada, tão variada e tão interessante.
    Então, que tal observar tudo e, descobrir em cada ser humano suas verdadeiras qualidades, além das aparências?
     E esquecer um pouco essa obsessão pelo belo?

 Mirandópolis, janeiro de 2014.  kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/
    

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014



       Futebol: o ópio do povo brasileiro

     Alguém disse um dia que, a Religião é o ópio do povo. Era. Hoje não é mais. A Religião foi substituída pelo Futebol.
   A invasão ao Centro de Treinamento do Corinthians está sendo tratada como o assunto mais importante do ano. Não se falou de outra coisa na mídia, desde que aconteceu.
    Deu para avaliar a cabeça e o cérebro dos comentaristas, que a cada dia estão mais indignados com o que ocorreu. Tem se a impressão que, a invasão foi a maior ofensa contra a Nação brasileira. E convocam a Polícia para se explicar, e cobram medidas punitivas das autoridades constituídas, e pensam em formas mais eficientes de segurança, e se solidarizam com os jogadores e dirigentes que passaram um bocado apertado.
   Mas, ninguém foi morto, ninguém foi ferido seriamente, ninguém foi sequestrado, não houve roubo e tudo não passou de um grande susto. As pessoas visadas puderam se esconder com segurança. É verdade que contra uma turba de cem homens ninguém reage.
    Mas... Esses comentaristas que, chegaram ao paroxismo da indignação, já atentaram para o que está ocorrendo no país? Essa invasão foi apenas uma amostra da dura realidade do povo brasileiro, que trabalha, que transpira por todos os poros, para fazer esse país funcionar. E, é assaltado todos os dias nos metrôs, nos ônibus, na própria casa, na sala de espera de hospitais, nos condomínios fechados, na Igreja...
   Será que, esses alienados comentaristas já perceberam que, está ocorrendo um grande arrastão contra o povo, em todos os lugares e ninguém, ninguém resolve nada? A ocorrência é registrada e, muitas vezes esquecida, e se o cidadão vai lá saber do andamento, é tratado como um chato que não tem o que fazer... O povo é que fica no prejuízo. E ninguém se importa. Que diabo de país é este?
   Quando foi mesmo que houve a inversão de valores? Antes, nós professores ensinávamos aos jovens para serem honestos, trabalhadores, e cumpridores de sua missão para a grandeza do país. E são esses ex-alunos que, estão aí batalhando todos os dias, procurando honrar seu nome e viver dignamente. Eles não se tornaram vagabundos nem bandidos, porque acreditaram e confiaram que, agindo corretamente estariam construindo um país melhor.
   Tenho a impressão que erramos ao educá-los assim, pois os deixamos desarmados diante das desgraças, a que são submetidos todos os dias. O nosso ato de educar parece que, foi um processo ingênuo de formar um rebanho de cordeiros mansos, sem defesa que é exposto constantemente a sofrimentos, insegurança e medo na sociedade em que vivem...
   Entretanto, esses cidadãos fazem a engrenagem do Brasil funcionar: as rodas vão girando, produzindo o que é necessário, e não deixam a peteca cair. E é por isso que o país ainda está de pé. E justamente esses cidadãos honestos, trabalhadores, que fazem o Brasil funcionar é que são relegados ao último plano, porque não são jogadores de futebol...
     Será que perdemos de vez os valores fundamentais? O que conta agora é o futebol, os jogadores, os dirigentes, os Neymares da vida e seus milhões de euros, os campeonatos, a Copa, mais nada.
   Deveríamos ter ensinado futebol para os nossos queridos alunos, para não se decepcionarem tanto diante da realidade.
   Mesmo entre os comentaristas e os noticiadores da mídia, deve haver alguém que tenha massa cinzenta na cabeça, e a coloque para funcionar... Que pense, que transfira tudo isso para a realidade nossa de cada dia e, perceba como o país está despencando pro buraco. Que o arrastão contra o povo acontece todos os dias, em todos os lugares desse imenso Brasil.
   Quem sabe, a invasão ao Clube do Corinthians sirva para alguma coisa mais do que, deixar esses profissionais da mídia tão estarrecidos. Alienados comentaristas, acordem!
   Que sirva para despertar a indignação coletiva contra essa situação escabrosa, que o Brasil está vivendo.
     E aí vem a Copa!

     Mirandópolis, fevereiro de 2014.
     kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/
    
    


    

    
       


domingo, 2 de fevereiro de 2014



         A primeira Cirandada do ano




         Na última sexta-feira, dia 31, realizamos o 1º Encontro do ano da Ciranda.
         Como estava muito quente, achei que a maioria iria faltar, mas não. Todos que não tinham compromissos outros, compareceram com  a alegria de sempre.
         Nova cirandeira foi agregada ao grupo, a Maria José Braga Candil, que na sua apresentação leu “O voo dos gansos”, texto lindíssimo que aborda sobre companheirismo e ajuda mútua. Exatamente como a Ciranda faz, ajudando uns e outros nessa caminhada da vida.
     
    E a novidade do dia foi a volta da Poliana, que ajudou a fundar a Ciranda, e teve que se ausentar por três anos para estudar. Voltou feliz e nos brindou com uma linda performance de “A mulher feia e a mulher bonita” muito apreciada por todos. Também esteve presente a Chiquinha, que se ausentou por uns meses, assim como o Osvaldo Resler, o Dinho.
         O calor na cidade estava insuportável, mas lá na chácara fomos premiados com uma brisa fresca, que permitiu cantar, dançar e brincar. Ninguém reclamou do calor.
         Após servir um lanche e refrigerante, o grupo comandado pela Vina Ramires começou a cantoria. Mesmo sem a sanfona, pois o sanfoneiro estava ausente, e entre muitas risadas e desafinadas o grupo cantou pra valer. Dentre todas as músicas cantadas, a mais bela foi sem dúvida,“Chão de estrelas”.
         Depois foi a vez da grande roda da Ciranda, cirandinha, em que todos cantaram, dançaram e declamaram seus poemas e fizeram suas declarações. A Vina que tem voz privilegiada cantou. O seu Orlandinho declamou O Rio Tietê. O Dinho Resler  leu seus poemas.
         E assim a tarde passou, recheada de alegria e muita cantoria e risada. Foi uma sexta-feira feliz, que deixou todos os idosos solitários animados, para tocarem suas vidas. Cada um seguiu muito contente para casa.
         Em Fevereiro tem mais.
         E viva a Ciranda!
         Mirandópolis, fevereiro de 2014.

         kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/