quinta-feira, 28 de novembro de 2013


                        Gente de fibra
                Hayao Kojima

     Às vezes, Deus estabelece desde cedo o destino de seus filhos. E nem sempre atentamos para isso.  O nosso entrevistado de hoje, Hayao Kojima teve seu caminho traçado desde jovem. 
         Hayao Kojima, o farmacêutico mais antigo da cidade nasceu na Segunda Aliança em 1936, tendo, pois 77 anos de idade dedicados à vida de medicamentos e curativos. Sua família era numerosa, composta de sete irmãos. Sua mãe tinha bronquite asmática e sofria muito com as crises, que a deixavam sem ar. Toda vez que isso acontecia, ela precisava tomar uma injeção para aliviá-la. Vendo seu sofrimento, o jovem Hayao adolescente , aprendeu e passou a aplicar as injeções para debelar as crises. E assim, bem jovem ainda, resolveu ser farmacêutico, para cuidar dos que precisavam de assistência, como a sua mãe.
         Seus pais eram japoneses oriundos de Nagoya, da província de Aichi ken. Como imigrantes vieram parar em nosso município, mais precisamente na Segunda Aliança. Lá nas Alianças, seu pai trabalhou na BRATAC, que era uma Cooperativa fundada pelos japoneses imigrantes, que comprava os casulos de seda, produzidos pelos agricultores da região. Esses casulos eram encaminhados para a Indústria de fiação de seda, e foi muito importante para economia do país.      
         Quando se mudaram para Mirandópolis em 1948, os pais abriram a Sorveteria Meia a Meia. Era um Bar, Sorveteria e vendia Udon, prato típico japonês à base de macarrão, que o próprio pai preparava. Esse estabelecimento ficava no local onde hoje é a Farmácia São Paulo, de Sérgio Zuin na Rafael Pereira.
         Hayao nem concluiu o Curso Ginasial, pois precisava trabalhar para ajudar a família. Assim, ainda garoto foi trabalhar na Farmácia do senhor Moribe, que mais tarde seria do Senhor Yanagui. Essa Farmácia era a União, na esquina da Rafael Pereira com a João Domingues de Souza.  A conclusão de estudos não foi possível também, porque foi convocado para servir ao Exército Brasileiro. Foi servir em Corumbá, Mato Grosso.
         Nessa época, década de 50, na Avenida Rafael Pereira havia muitos japoneses com seus armazéns e outras lojas. Lembra que havia a família Motomiya, que tinha um Armazém de Secos e Molhados, a Sapataria dos Kido, o Bazar dos Mochida, que hoje é da Noriko e Mineo Nakano, o Bar do Ponto que era dos Yamada. Havia ainda, os Takayanagui, os Tanaka, os Nakamura, os Suguisaka, os Ijichi. Naquela época, não havia quase carros e as carroças, charretes e cavalos enchiam as ruas nos dias de compras.  Enquanto a família fazia as compras, os animais eram amarrados numa cerca de arame farpado do outro lado da rua, voltados para o pátio da Estação Ferroviária. Eram dias agitados, porque todo o povo da roça vinha para a cidade e, as ruas e lojas ficavam bem movimentadas.
      Quando foi liberado do Quartel, Hayao foi para São Paulo, mais precisamente ao Bairro Santo Amaro, onde aprendeu os ossos do ofício, com o senhor Yoshinobu Ito da Farmácia Nossa Senhora Aparecida. Lá ficou por três anos. Em seguida, fez o Curso Oficial de Farmácia em São Paulo, equivalente a uma Faculdade de Farmácia, que nem existia ainda.  O Curso era muito puxado, os Professores eram bem exigentes. E a prova final era realizada no próprio Centro de Fiscalização. Hayao se lembra até que, na parte prática do seu exame final, teve que preparar manualmente um supositório.

  
   Naquela época, havia muitas Farmácias na cidade. Havia a São Luiz de Delfino Silveira Pinto, a Nossa Senhora Aparecida do Mário Koike, a do Delmiro Luiz Rigolon, que trouxe sua Farmácia de Machado de Mello, a Farmácia São Paulo de João Zuin, a Farmácia Central dos Irmãos João e Carlos Fujita e Alcides Galvani, a Farmácia de Machado e Yanasi, que mais tarde seria do senhor Silvino, lá onde é hoje a Auto Escola do Vítor Nakamura, e a Farmácia do Senhor Nelson Yurasseck, que também iniciara no ramo em Amandaba.
         Quando voltou de São Paulo, após concluir o Curso, seu irmão Carlos e o senhor Takatomo Ijichi haviam adquirido a Farmácia São José, que era do senhor Baricordi, localizada exatamente no lugar onde está a Farmácia Tietê hoje, na esquina da Rafael Pereira com a Rua Dr. Edgar Raimundo da Costa.
          Anteriormente, a Farmácia havia sido da senhora Valdemuza de Mello e sua irmã. Elas a venderam para o senhor Silvino do Espírito Santo, que por sua vez vendeu para o senhor Baricordi. O senhor Takatomo Ijichi e o irmão Carlos Kojima, que também era um farmacêutico a compraram do senhor Baricordi, batizando-a de Farmácia Tietê, porque o senhor Ijichi era de Pereira Barreto, cidade localizada às margens do Rio Tietê.
         Em 1963, os Irmãos Kojima adquiriram a parte do senhor Ijichi, e em 1972, Hayao comprou a parte de seu irmão, que se transferira para São Paulo, onde foi se dedicar ao comércio de roupas.

         E há mais de cinquenta anos, Hayao está cuidando da população mirandopolense, com o fornecimento de medicamentos. Lembra que houve época em que, era necessário ir às casas dos doentes para aplicar penicilina, de quatro em quatro horas. Isso demandava muito tempo. Teve que trabalhar muito. E o difícil é que grande parte das contas só eram pagas na safra. E a safra do café e do algodão só ocorria uma vez por ano. E quando a safra não era boa, o comerciante sofria também, porque a dívida ficaria para ser saldada só no ano seguinte. A maioria das enfermidades eram a gripe, diarreias e curativos de machucados.
         O que mudou hoje, em relação ao comércio de medicamentos é que o governo está tentando controlar a venda dos antibióticos, para diminuir a automedicação. Mas, isso é uma questão de cultura, e vai demorar para o povo tomar consciência de que, sempre é necessária a orientação médica, para usar os remédios corretos. O farmacêutico concorda com a medida do governo. Se o paciente não segue as orientações médicas, e se automedica de forma equivocada, poderá com o tempo desenvolver resistência a antibióticos, que dificultarão seu tratamento. E a doença, que seria vencida com sete dias de antibióticos certos, poderá se tornar incurável.
         A Farmácia Tietê faz parte da Franquia Multidrogas.  Hayao Kojima é um dos sócios fundadores dessa franquia. Essas franquias foram surgindo para unir e fortalecer as Farmácias. Em grupo, têm condições de adquirir mais medicamentos e com preços mais acessíveis, facilitando na revenda.
         Hayao se diz muito satisfeito de ter sido farmacêutico. Durante mais de meio século se dedicou a essa missão de servir à comunidade, e acha que foi útil e valeu a pena. Conseguiu formar uma bonita família com a dona Marina Fukuda, que era uma Cabeleireira Profissional bem competente. Após o casamento, dona Marina ficou ainda um tempo trabalhando como Cabeleireira, em seu Salão, para adquirir uma casa para sua mãe viúva e para uma irmã deficiente. Depois, passou a ajudar na Farmácia, onde atendia sempre com muita atenção e um bonito sorriso.
    Dona Marina foi uma batalhadora, pois além de cuidar da casa e dos três filhos, ainda se dedicou por anos e anos à Farmácia e ao Clube Nipo local, participando de campanhas, de comemorações e outros eventos culturais. Hayao foi Presidente do Grupo Old Boys e do Clube Nipo, mas nunca pode se dedicar muito, porque o seu trabalho na Farmácia não lhe permitia ausentar-se. Então, a esposa Marina fez a sua parte, com muita dedicação. Ele mesmo se espanta de constatar como ela conseguiu dar conta de tudo. Infelizmente, a dona Marina já partiu há quatro anos, deixando além do esposo, mais três filhos, sendo dois homens e uma mulher,  um genro, duas noras e duas netas. Os filhos já estabelecidos estão bem, a filha e um filho também se dedicam à área da Saúde. Provavelmente o caçula seguirá as pegadas do pai, continuando com a Farmácia, pois já há um tempo está junto, trabalhando como Farmacêutico.
    
          Como ficou sozinho sem a Marina, a filha dá toda atenção ao pai, almoçando em sua companhia sempre que pode, e ele se sente grato por isso. Os amigos Itio Nakano, Takeshi Kido, Haruo Nakano periodicamente se reúnem com ele para conversar, e preservar a velha amizade. E recentemente, a convite de seu filho primogênito fez uma turnê lá pelo Japão, especialmente na Ilha de Okinawa, onde moram os parentes de sua nora. Disse que foi uma viagem maravilhosa, que Okinawa realmente é indescritível de tão bela. Diz que ficou estarrecido de ver o tamanho das instalações da Base Militar Americana nessa ilha.
         Mesmo com setenta e sete anos, seu Hayao vai à Farmácia todos os dias, e não consegue ficar longe dela. Cuida ainda de um sítio, onde cria gado de corte.
       Seu Kojima é um homem realizado, que passou a vida fazendo o que gosta de fazer. Só lamenta ter perdido a companheira Marina, pois no próximo ano completariam as bodas de ouro. Diz que a vida foi boa e ele foi feliz, nada tem a lamentar e só quer curtir o tempo que lhe resta em paz.
       Hayao Kojima, nissei, brasileiro, farmacêutico, que durante décadas serviu e continua servindo à população de Mirandópolis é gente de fibra!  

   
         Mirandópolis, novembro de 2013.
         kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/



sexta-feira, 22 de novembro de 2013



                Gente de fibra – Lió

       O cidadão mais conhecido de Amandaba atualmente é o Lió.
         Lió e o apelido do baiano Leopoldo José Santana. Nasceu lá nas terras do cacau num lugarzinho chamado Xapuri, perto de Canavieiras, Bahia em 24 de abril de 1934 tendo, pois 79 anos de idade. Este cidadão administra um famoso Restaurante de comida caseira no Bairro de Amandaba,em Mirandópolis.
       Quando lhe pedi uma entrevista,  seu Lió resistiu dizendo que a sua história é muito triste e não valia a pena contá-la. Depois de alguma insistência, concordou.
        Lió nasceu numa família de posses, seu pai havia sido polícia em Canavieiras, que fica perto do mar e possuía uma fazenda de cacau, manga e gado. Como havia vinte e dois filhos, todos tinham que trabalhar muito desde crianças. E colhiam o cacau, que era colocado nos caçuás para levar até a baica, que era uma espécie de terreirão. Depois de colhido, o fruto era partido para se retirar as amêndoas. Estas ficavam empilhadas na baica para esgotar o vinagre que contêm.  Esse vinagre também tinha sua utilidade. Só então eram espalhadas na baica para a secagem. À noite, eram colocadas dentro de um galpão coberto, de onde eram retiradas no dia seguinte até a secagem final. Quando estavam prontas, as amêndoas eram ensacadas e despachadas para o porto, para serem exportadas.   Havia muito trabalho, mas a família vivia bem porque todos pelejavam, e tinham uma vida mais ou menos confortável.
    
     Mas, aconteceu um fato que arrasou com o destino da família. Perto da  fazenda, havia um grupo de índios e bugres que criavam porcos. Estes não eram alimentados e, movidos pela fome vinham até a fazenda de seu  Ceciliano José Santana, pai do Lió e comiam toda a mandioca que era para o consumo da família.  Certo dia, seu Ceciliano perdeu as estribeiras e matou todos os porcos. Os índios deram parte e o pai foi preso. A mãe desesperada com isso, juntou todo o dinheiro até as últimas moedas, e conseguiu que um advogado o liberasse. Quando os índios souberam de sua soltura, vieram todos armados de arco e flecha para matar o seu Ceciliano. Este, que era um homem forte estava armado de um clavinote, que era uma arma poderosa de fogo da época, e enfrentou os vizinhos. E disse que mataria a todos, se não saíssem de sua propriedade. Com medo da arma, os índios recuaram, mas o chefe deles rogou uma praga: “Você está livre dessa, mas vai perder tudo e vai passar necessidade nesse mundo”
         A praga pegou, o homem ficou doente, o gado foi morrendo, o cacau não deu mais e por fim, perderam a fazenda. Sem ter a quem recorrer, a família atravessou o sertão e foi parar num lugar chamado Bonito. Com o pai doente, os filhos enfrentaram a vida trabalhando onde houvesse quem os contratasse. Não havia escola no lugar, e a vida de todos era só trabalhar. Passaram muita fome. Lió e os irmãos iam pelas fazendas próximas moer cana, conduzir boiada para vender por léguas e léguas, às vezes demorando mais de um mês para voltar. Não tinham onde dormir, e a roupa era só a que tinham no corpo. Quando voltou de uma dessas duras viagens, o pai havia falecido.
         Desgostoso com tanto sofrimento, despediu-se da mãe e veio para o Estado de São Paulo, prometendo ganhar dinheiro para lhe enviar. Veio parar em Machado de Mello em 1949. Tinha apenas 14 anos de idade, mas já havia sofrido muito. Anos mais tarde, Lió foi ver a mãe lá na Bahia.
         Ninguém queria contratá-lo por ser menor de idade... Aí, foi trabalhar para o senhor Wada que tinha um sítio de cafezal perto do bairro,  e uma Máquina de beneficiar café em Mirandópolis. Perto do pontilhão existia a Serraria do senhor Matias. E lá trabalhava  o carreiro Borges, que buscava toras para a Serraria. Esse Borges morava num rancho, perto do Grupo Escolar de Amandaba, e o Lió foi morar com ele. Cada vez que chegava das viagens, o seu Borges trazia mudas de árvores, que o Lió foi plantando em volta da casinha. Hoje é  aquela matinha que existe perto da Escola, com dezenas de árvores.
          O tempo passou e o Lió já mais forte e mais maduro foi contratado para fazer derrubadas de matas, para os fazendeiros da região. Trabalhou na Fazenda Tingoré em Andradina. Derrubou matas até a beira do Rio Feio, para formar cafezais na Fazenda São Caetano do senhor Milton Gottardi. Trabalhou também montando as enormes torres de energia elétrica e atuou em Marília, Vitória do Espírito Santo, Rio de Janeiro. E na Ilha Solteira furou muitos buracos para fixar as bases das torres. Torres essas, que cruzam todo o espaço brasileiro levando energia para os diversos lugares.
       Lió trabalhou também para o senhor Luís Marcondes, ajudando-o a colocar telhas e o relógio na Igreja matriz de Mirandópolis. Lembra que o padre Epifânio não dava folga, cobrava perfeição no serviço e sempre lhe chamava a atenção. Implicado com as exigências do velho padre, Lió costumava esperar o momento certo, para jogar um pouquinho de massa na cabeça dele, de lá do alto da torre, só para provocá-lo.
                Conheceu a moça que seria sua esposa, a dona  Duzolina,  quando ela derriçava café para os Gottardi. Com ela, tiveram sete filhos, dos quais dois são falecidos. Dentre os filhos há um encarregado de uma firma para a qual trabalha, o outro tem Mercearia, e uma das filhas é Enfermeira. Todos os filhos são casados e colaboram nos trabalhos do Restaurante, e mesmo os que trabalham fora ajudam nos finais de semana, quando o movimento é maior. Além dos cinco filhos, genros e noras, há catorze netos e onze bisnetos.
         Há uns trinta anos, cansado de batalhar na lavoura, seu Lió comprou o prédio do seu Paulo Kanamaru, que tinha uma Sorveteria. E aí instalou um barzinho, onde vendia peixe frito e cerveja. E o Bar caiu no gosto do povo, mais precisamente da moçada de Mirandópolis. E quem não conhecia, perguntava onde era o barzinho de peixe frito. E as pessoas de Amandaba respondiam: “É ali, ó!” E foi assim que o homem ficou com o apelido de Lió. Com a frequência de consumidores aumentando, seu Lió resolveu fornecer comida também. E a família toda se envolveu no atendimento ao público. E  o cardápio era bem simples, composto de arroz, feijão, farofa, pururuca, salada, carne de porco frita e frango frito.  E há seguramente quase três décadas que, essa refeição está garantindo o sucesso do Restaurante do Lió. Tem assíduos consumidores, que vêm de Andradina, Araçatuba, Guaraçaí, Mirandópolis... até de São Paulo.
         Mas, não havia espaço suficiente para servir a clientela. Seu Lió plantou centenas de árvores na esplanada da velha Estação ferroviária abandonada, e instalou mesas sob o arvoredo. E assim está usufruindo de um espaço que estava perdido e cheio de mato. Sua obrigação é manter o local limpo e seguro. Há dezenas de mesas rústicas ao ar livre, que ainda são insuficientes em certos dias de domingo e feriados.
         O Restaurante só começa a atender a partir das dez horas da manhã, e fornece marmita para quem não pode ir até lá.  Só fornece comida durante o dia, à noite não. Normalmente, fornece de 200 a 300 refeições por semana. E quem as prepara são a sua esposa dona Duzolina, seu filho Valdete, as noras Jo, Shirlei  e a ajudante Maria. Todos os membros da família ajudam atendendo às mesas, preparando e entregando marmitas e na faxina final. Toda a família come no restaurante.
         Seu Lió não nega um prato de comida a andarilhos que passam por lá. É que ele já passou muita fome com a família, e sabe como é duro para um pai ,não ter um pão para saciar a fome de um filho. E toda vez que ele se lembra desse pedaço de sua vida não consegue segurar as lágrimas. Chora de verdade...
      E aí bate umas saudades dos antigos moradores de Amandaba... Seu Adelar Junqueira, seu Paulo, seu Nelson, Zezão açougueiro, Seu Nelson Yurasseck... que tinha uma farmácia bem ali do lado do Restaurante, quando o seu Paulo  Kanamaru tinha o Bar e Sorveteria.
      Hoje ele possui algumas casas no bairro e uma chácara, que está ajeitando devagarinho. Seu maior sonho é ajeitar o Restaurante, com uma cozinha bem equipada, para dar conforto aos que lá labutam.
         Já beirando os oitenta anos de muito trabalho e sofrimento demais, seu Lió ainda é uma potência de coragem e disposição, mas quando se toca no seu passado de jovem, ele chora sem poder exprimir tudo que sofreu nessa vida.
         Leopoldo José Santana, o famoso Lió de Amandaba, baiano arretado de bom e muito querido por todos os seus amigos e clientes, por tudo que já passou e venceu é um homem de fibra!

         Mirandópolis, novembro de 2013.
         kimieoku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/


         

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

         
          Prisão de políticos

    Estamos vivendo um momento inusitado no Brasil. Gente da mais alta esfera política sendo aprisionada, como cidadãos que feriram as leis vigentes.
          E o pior de tudo é que, alguns deles trabalharam na própria Câmara dos Deputados, cuja função é exatamente a de elaborar leis, que regem a vida de todos os cidadãos.
         Logo que a notícia explodiu fiquei feliz. Enfim, a justiça havia vencido e o ministro Joaquim Barbosa conseguira dar conta de seu recado. E acho que grande parte dos brasileiros ficou satisfeita. Afinal, quem erra tem que pagar, não importa seu grau de sabedoria, função, ou posição social.
         E um a um foram se entregando, constrangidos é verdade, alguns ainda ostentando uma certa arrogância imprópria para a ocasião, porque não há orgulho algum em ser encarcerado, em ser excluído do convívio social.
         Desde a primeira prisão já se passaram uns dias, e eu comecei a ficar constrangida. Constrangida e envergonhada diante da fuga de um dos mensaleiros, o Pizzolato que está foragido e está sendo caçado como um rato. E a Interpol se envolvendo... E a notícia correndo o mundo... Um brasileiro sendo caçado...
         Gente, é uma vergonha o que a imprensa do mundo inteiro está divulgando sobre os nossos políticos. É uma vergonha para nós os brasileiros comuns, que só desejam um lugar tranquilo e de paz para se viver. É uma vergonha imensa para a classe política, porque com tudo isso, desnudaram a verdadeira cara dos políticos, que elegemos. Sim, porque eles foram eleitos porque nós brasileiros votamos neles. Eles não foram guindados a tão elevada posição, por vias duvidosas. Eles o foram através de eleição democrática e, acreditamos que honesta.
         Para falar a verdade, cheguei a acreditar no Partido, porque parecia ter as melhores propostas para o Brasil dos pobres, dos analfabetos, dos diferenciados, dos marginalizados. Na Campanha de “Lula lá” para Presidente, cheguei a sonhar com um Brasil sem maracutaias, sem desvios de verbas, sem legislação em causa própria... Ledo engano!  Por isso, foi decepcionante constatar que as propostas eram em benefício próprio, que tudo era mentira, que os espertalhões só visavam o enriquecimento ilícito, comprando votos, prometendo céus e terras a todos, inconsequentemente.
         Hoje é Dia da Bandeira, dia de culto ao símbolo máximo da Nação. A Bandeira que identifica todos os que amam essa pátria tão querida, que se desfralda orgulhosa e imponente nos mastros onde quer que estejam, no trevo da cidade, diante de órgãos públicos, nas escolas, no Palácio do Governo, nas Embaixadas do mundo todo.
         A mesma Bandeira hoje está enxovalhada, murcha e descaída, porque conseguiram roubar o nosso orgulho, a nossa paixão por sermos brasileiros. Quando um bando de gente estudada, que frequentou as melhores Escolas do país, que chegou aos píncaros da glória como políticos, é capaz de atraiçoar a Nação, para proveito próprio e é retirado da sociedade como personas non gratas, o que se pode esperar dos cidadãos, que não tiveram as mesmas oportunidades e lá chegaram?
         Fico imaginando a dor e a mágoa dos familiares e parentes próximos, vendo o patriarca da família sendo vaiado, e conduzido à prisão. Porque mesmo negando e renegando as acusações, ficou provado que tem culpa e não há como contestar. E o desespero dos familiares é maior, porque devem condoer-se da situação de vexame a que ele se expôs, por livre arbítrio. Porque pai é pai, não importa se cometeu um erro ou um crime. O amor passa a ser uma provação.
         Dentre os presos, um deles possui ligação com uma família que conheci. Família digna e honesta, cujo chefe sempre se destacou como um dos líderes da comunidade, pelo trabalho na roça, pela sabedoria e cultura orientais. Por empatia, dói saber que essa família está sofrendo pelos atos equivocados do genro...
         E acredito piamente que, nenhum brasileiro hoje, está orgulhoso do que vimos nos meios de comunicação. Acredito até que, deve ter ficado um travo amargo no Ministro Joaquim Barbosa no cumprimento de seu dever. Foi correto, foi nobre, mas a missão foi duríssima. E necessária. E deve ter sido doloroso, porque ele também é brasileiro.
         A verdade é que ninguém deseja um destino tão humilhante para os nossos irmãos, sim, porque eles são nossos irmãos, brasileiros, que vivem nessa mesma terra abençoada por Deus.  Irmãos que roubaram o país, atraiçoaram os eleitores e tiveram que ser condenados.
         Que tudo isso traga algum proveito para os brasileiros. Que os políticos aprendam de vez que, não são onipotentes e nem inatingíveis. Que não são Deuses só porque possuem um mandato de governo. Porque os mandatos podem ser cassados e os governos podem ser derrubados, quando no exercício ilegal de sua função.      
         E vamos trabalhar, brasileiros para elevar o nosso sentimento de brasilidade, porque só o trabalhador comum é capaz disso: levantar a cabeça, acreditar no futuro do país e elevar o orgulho nacional.
         E viva a Bandeira Nacional!

         Mirandópolis, 19 de novembro de 2013.
         kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/




quinta-feira, 7 de novembro de 2013



                                Você é um gênio?
   Nós passamos a vida toda usufruindo de alguns benefícios, criados ou inventados por algumas pessoas geniais, que nos antecederam. E esses benefícios estão tão fortemente embutidos no nosso cotidiano, que não nos damos conta.
        Vejamos, pois.
     Ao amanhecer, todos invariavelmente se dirigem ao banheiro para o ritual das necessidades fisiológicas. Urinar e evacuar fazem parte desse ritual, não há escapatória. E se não houvesse o vaso sanitário? Ao escovar os dentes e lavar o rosto, que é fundamental para iniciar o dia, usamos a água. E se não houvesse água encanada?
        Ao tirar o pijama e vestir para sair, para trabalhar são necessárias as roupas. E se não houvesse trajes? E se não houvesse sapatos? E gravatas, e bolsas? E carteiras? E documentos? E dinheiro? E óculos?  E cremes? E desodorantes? E perfumes? E celulares?
        E para ir ao trabalho é preciso um meio de locomoção. E se não houvesse metrôs? E ônibus? E carros? E motocicletas? E bicicletas?
        E ao chegar à sede de trabalho é preciso guardar o carro ou a moto, ou a byke num lugar seguro. E se não houvesse estacionamento? E para se chegar (sempre meio atrasado) à sala do ofício ou ao Departamento, que fica no vigésimo andar, é preciso subir. E se não houvesse elevadores, escadas rolantes?
        E no exercício da função, surgem dúvidas que precisam de consulta ao chefe, que está em outro Departamento... E se não houvesse telefones, fax, e mail, internet? E para executar as tarefas do dia é preciso conferir com o plano ou projeto. E se não houvesse computador?
       
       E a hora do almoço é breve e não dá para comer em casa, que é longe. E se não houvesse esses “self service”? E não houvesse cervejinha em lata, e café expresso?
       E por aí vai... Há tanta coisa inventada pelo próprio homem, para facilitar o dia a dia de todos.
      Daí, pergunto eu: Você sabe quem inventou o vaso sanitário? Quem inventou a bicicleta? Quem fez a primeira motocicleta? Quem criou a máquina de costura? Quem inventou o semáforo? Quem criou o elevador? Quem inventou a penicilina? Quem? Quem? Quem?
        Pois é. A gente usufrui desses benefícios, e nunca se dá conta do que custou aos nossos antepassados, que sentiram a necessidade de se criar algo prático, para facilitar a vida de todos. E quem esquentou a cabeça, deu tratos à bola, tentou, errou mil vezes, persistiu, persistiu e chegou ao ponto ideal até “Eureka!” é algum gênio que nós ignoramos completamente.
        Essas pessoas inventoras não nasceram com uma estrela na testa, rotuladas de “GÊNIOS”. Eram pessoas tão comuns que passariam despercebidas, no meio da multidão. A diferença é que, elas tinham uma ideia na cabeça, como aquele Professor Pardal e Professor Ludovico dos antigos gibis de Walt Disney. Quando surgia uma ideia, eles ficavam encafifados, procurando um jeito de torná-la plausível. E vai pesquisa, e vai tentativa, e vai ensaio e erro e mais tentativas para concretizar o sonho. Muitas vezes levaram anos estudando, pensando, trocando ideias, procurando meios que ajudassem a resolver a questão.
        Fico imaginando o que passaria na cabeça de um inventor de  sinos de Igreja, que bimbalham lindamente. Devia ser músico para ter ideia tão brilhante.
        E quem pensou nas embalagens para transportar ovos, que são tão quebradiços? Daí foi aproveitada a mesma ideia, para embalagens de outros objetos delicados.       
        E quem inventou a partida por ignição de carros, motos e aviões. Antes disso, era preciso dar maniveladas no motor para pegar. E muita gente machucou o braço, quando o motor pegava e disparava.
        E quem inventou os lápis, o papel, os livros, os jornais. Antigamente, as tradições, histórias, lendas e contos de um povo eram transmitidos oralmente, de geração a geração. E não havia gravadores, nem rádio e menos ainda computadores. Havia a voz e a memória apenas....
        E quem inventou a penicilina, que revolucionou o mundo da Medicina, e salvou tanta gente no pós-guerra, e abriu caminho para os antibióticos, tão comuns hoje.
        E quem inventou muletas e bengalas e cadeiras de rodas, tão em moda hoje em dia.
        É realmente espantosa a capacidade criativa do homem. E nós todos temos uma dívida imensa a esses criadores anônimos, que tornaram nossa vida menos sofrida e mais fácil de viver.
       Se prestarmos atenção nos mínimos detalhes do nosso cotidiano, com certeza, ficaremos espantados de constatar que jamais teríamos o suficiente, para pagar os benefícios recebidos, a esses criadores.
       A escova de dentes, o fio dental, o papel higiênico, a cesta de lixo, os absorventes higiênicos (tão práticos e tão úteis!), o sabonete, a toalha, os chinelos, os pentes, as escovas, os secadores de cabelos..... 
       E na cozinha? O fogão a gás que substituiu o de lenha, que era tão difícil de pilotar, a geladeira, os jarros de água, os pratos, os talheres, os guardanapos, as panelas....
        E na área de serviço? A lavadora tão prática e eficiente! O sabão em pedra, em pó. Os amaciantes perfumados eliminando o cheiro de bolor, os prendedores de roupa, o varal. A secadora de roupas! O ferro elétrico que aposentou o de brasa, que queimava as peças com seus tições!
        Na verdade, é infinito o rol de benefícios que usufruímos hoje sem termos pago nada, absolutamente nada para quem os criou. Temos, pois uma grande dívida para com a humanidade. Todos dependem de todos e ninguém, ninguém pode viver confortavelmente sem essas regalias hoje em dia.
        Mas, ainda há muito para se inventar, criar em benefício de todos.
         E que tal você, que nunca pensou nessas coisas, começar a pensar num jeito de eliminar o lixo produzido por nós, de uma forma simples, correta e definitiva?
         Que tal pensar em criar uma alternativa para os carros e motos, que estão congestionando o mundo?
     Que tal descobrir um meio de parar os terremotos, os tsunamis e os furacões?
        Que tal inventar um aparelhinho caseiro prático e simples para transformar a água do mar em potável?
    E que tal, acima de tudo, descobrir uma forma de libertar de vez os dependentes químicos de drogas?
     Você não é um gênio? Use a massa cinzenta! Quem sabe sai uma ideia fantástica, que beneficie toda a humanidade.
        Somos todos dotados com a capacidade de criar.



        Mirandópolis, novembro de 2013.
        kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com..


       



quarta-feira, 6 de novembro de 2013



                               Vestibular: a difícil escolha

     A sociedade moderna estabeleceu algumas regras, que não dão margem a alternativas.
        O Vestibular para Cursos Universitários é uma delas. Nessa época do ano, os jovens adolescentes, que frequentam o terceiro ano do Segundo Grau ou o antigo Colegial, ficam meio alucinados à procura de Universidades, que ofereçam Cursos que atendam às suas aspirações. E tudo gira em torno de Universidades Federais, Estaduais, Unicamp, Uel, Unesp, porque oferecem Cursos gratuitos.
         Mas, conseguir uma vaga nessas escolas é concorrer com milhares de outros jovens com os mesmos sonhos e objetivos. E as vagas são mínimas para tanta gente. Então, o jeito é apelar para Cursos particulares mais baratos e mais acessíveis. E assim de um jeito ou outro, os jovens acabam se encaixando em Faculdades mais próximas, ou que ofereçam transporte via Prefeitura.
         Em geral, a escolha é equivocada. Mas, o jovem não percebe, porque é imaturo ainda, e não atinou que está escolhendo um trabalho para o resto de seus dias. Às vezes, foi na onda por influência de colegas, por mensalidades menores, por achar chic ser isso ou aquilo, porque ouviu seu ídolo comentar que gostaria de ter sido tal profissional. O jovem tem as antenas ligadas no mundo, mas se esquece de ouvir a voz do seu coração. E acaba fazendo escolhas erradas. E se transformam em profissionais medíocres,
         As mulheres de minha geração não tiveram escolha: ou seriam Domésticas ou Domésticas. Mas, graças à instalação da Escola Normal em Mirandópolis, tivemos a oportunidade de conseguir uma profissão, que nos encaminhou para a educação de crianças e jovens. E eu fui extremamente privilegiada, porque ser Professora era a minha aspiração maior. Mas, sei de gente que optou pela profissão por não haver alternativa, e nunca gostou do que fez durante os vinte e cinco anos de sua vida, E amargou a vida toda, reclamando dos alunos, dos Diretores, do salário, dos Governantes, dos Cursos de Atualização e pior que tudo isso, despejando seu mau humor nos alunos, que não conseguiam acompanhar suas lições.
         Registro isso aqui como um lamento, porque assisti a muitas cenas tristes de professores, que não deveriam ser professores. Foram anos de acompanhamento e observação ao longo do tempo, que atuei como Coordenadora Pedagógica e como Supervisora de Ensino. Era um círculo vicioso sem saída, onde quem mais sofria eram os alunos. Tive muitas vezes, imensa vontade de pedir ao professor que deixasse a profissão e, fosse vender sorvete na esquina. Em defesa dele próprio e do aluno.... Mas, nunca fiz isso.

   É verdade que encontrei muitos Professores fantásticos que, se transformavam em artistas para entender os alunos, e sentiam aquela empatia, sem a qual ninguém é capaz de entender alguém. Tive um colega de trabalho que, numa sexta-feira às vinte e três horas da noite era capaz de dizer aos alunos: “Meus jovens, vocês são os heróis do pedaço! Enquanto lá fora o povo dá essas gargalhadas no circo (havia Circo em frente à Escola!), vocês estão aqui nesse calorão, tentando construir o seu futuro! E tenham certeza que irão vencer, porque o estudo é o caminho!” E todos se tornaram bons cidadãos. E esse Professor hoje é respeitado por todos que tiveram o privilégio de tê-lo como Mestre.
         E outras Professoras alfabetizadoras, que condoídas com as dificuldades de alguns alunos, lhes proporcionavam aulas particulares em casa, sem cobrar nada! E muitos deles conseguiram vencer!  E outras que, usavam parte do salário para comprar material para os alunos carentes, que a Secretaria da Educação não oferecia recursos ainda.  Festas para as Mães, para os Pais, para as Crianças,  mimos para a Páscoa, para o Natal eram feitos com carinho, sem onerar as famílias. E ganhavam bem? Não, nunca o Professor foi bem pago, nunca a remuneração lhe proporcionou uma vida confortável. E não havia gratificações, nem horas-atividades pagas para trabalhos extracurriculares
         Meus amigos, me perdoem, acho que extrapolei. É que são lembranças que vão se desenrolando como os fios de um antigo novelo, guardado num cantinho da memória.  Um novelo que machuca muito só de tocar...
         Por que vim tocar nesse assunto? Ah! Em razão dos Vestibulares, que os jovens estão enfrentando.
         Mas, o que tem a ver a ver a escolha dos jovens profissionais do futuro com a minhas reminiscências dolorosas?
         Tem muito!
      Os jovens de dezessete, vinte, vinte e dois, até trinta anos  são pessoas na flor da idade, ávidos por conhecer o mundo, que não perceberam ainda a importância do trabalho para o homem. Estão descobrindo como é interessante a relação humana, o convívio com pessoas de outro sexo, as diversões que rondam dia e noite, tentando-os, sem tréguas... E eles vivem eufóricos, pois o mundo lhes oferece tanta coisa interessante. Diante dessas tentações, não sabem e nem conseguem discernir o que é fundamental e prioritário.
         E justamente nessa fase louca eles têm que fazer uma escolha. Escolha que os afetará para sempre. Têm que optar, têm que decidir com que se ocuparão nesse mundo de Deus.  Ser Astronauta? Cientista? Físico? Professor? Funcionário Público? Arquiteto? Guia Turístico? Farmacêutico? Químico? Jornalista? Hakker? Ator de novelas? Criador de gado? Político? Diplomata? Trabalhador braçal? Agente Penitenciário? Fisioterapeuta? Cabeleireiro? Cozinheiro?......

     Há tantas profissões e profissões. Só de olhar a lista dá um nó na cabeça. E o duro é que muitos pais por acharem os filhos imaturos, escolhem por eles e determinam o que serão: “Seja advogado, que ganha bastante dinheiro!” "Não seja Professor, que o governo não valoriza!”  “Seja Médico! É uma profissão respeitada!” “Você  gosta de falar muito, seja jornalista, que aparece na mídia!”  e por aí vai.... Tudo errado!
        Tenho experiência na família. Nenhum de meus filhos seguiu a profissão que escolheram, mesmo tendo sido escolha própria, sem influência dos pais. Estão atuando em áreas completamente diversas dos Cursos que fizeram. É certo que o Curso Superior lhes deu base e requisitos para o trabalho alternativo. Mas, se tivessem frequentado os Cursos adequados, os anos de Universidade teriam sido menos extenuantes e tristes. Muito sofrimento para escolhas erradas. Acharam o seu caminho após muita busca e peleja.
         Há outros exemplos de jovens desistindo dos Cursos escolhidos pelos pais, no meio da jornada universitária e que não estudaram mais nada. Enjoaram da vida acadêmica e carregam suas frustrações até hoje...
         E é por isso que hoje, vendo os jovens correrem de um lado para outro tentando se descobrir, fico penalizada imaginando quanto terão que sofrer ainda, para acharem o seu lugar certo nesse mundo.
           Porque uma escolha precipitada e mal feita tem como resultado maus profissionais, que só prestam desserviços à comunidade.
          Resulta em engenheiros que constroem pontes e casas que desabam antes de serem concluídas. Resulta em médicos que só atendem pacientes montados em grana, e mais ainda em cirurgias equivocadas, e mortes de gente que confiou neles... Resulta em professores sem a mínima vocação para ensinar, que maldizem o seu dia a dia, por odiarem o que fazem. Resulta em advogados que só pensam em depenar o cliente. Resulta em jornalistas de baixa categoria. Todos profissionais frustrados que, estão gastando seus dias fazendo o que mais odeiam fazer, e maltratando a humanidade e a si mesmos, diariamente, até o fim.
      Mal sabem eles que, estamos nesse mundo numa grande roda, numa Mandala onde todos são importantes. Cada membro contribui com o que de melhor possui ou sabe fazer, para em troca receber o melhor de outros. Que seria da fome de comida se não houvesse quem plantasse?  Que seria dos doentes se não houvesse médicos? Que seria dos desamparados se não houvesse assistência social? Que seria dos ignorantes se não houvesse professores?        
        Mas, para a roda girar direitinho é preciso que os membros sejam imbuídos das melhores intenções. Você oferece um ótimo serviço à humanidade e ela deve lhe retribuir com a mesma qualidade, senão a engrenagem emperra e a roda para de girar. Enfim, todos os profissionais são muito importantes e, cada um deve oferecer o melhor, para que haja uniformidade nesse gira mundo.
Para se evitar esses equívocos e desencontros seria necessário mudar o sistema. A Educação Universitária poderia oferecer um Curso Básico para a área de Humanas, outra para a área de Médicas, e uma outra para as Exatas. O jovem optaria por uma das áreas e  ao longo do Curso iria descobrindo suas aptidões, seus gostos e seus interesses. Após descobrir o seu verdadeiro caminho, cursaria Magistério, Engenharia, Medicina, Jornalismo, Diplomacia, Advocacia, Designer, Fisioterapia, e se especializaria na profissão enquanto faria estágios de prática.
    Assim com certeza, reduziria muito o número de maus profissionais e, principalmente os maus atendimentos.
         E bom vestibular para a moçada!

         Mirandópolis, novembro de 2013.
         kimie oku in
             

   http://cronicasdekimie.blogspot.com.br//


sexta-feira, 1 de novembro de 2013


            Silvinha...

         Deixa saudade àqueles que com ela conviveram e, também, muitas e boas lembranças.
         “Lembro-me... quando ainda bem criança, que meus pais me levavam nas visitas que faziam à família Bonadio, naquela mesma casa com pequena varanda construída ao lado, ou anexa ao comércio de Secos e Molhados denominado Casa Bonadio, na saída para Lavínia.
         Lembro-me que adorava, pois lá morava a Silvinha, uma moça linda e que gostava de me encher de mimos e várias espécies de doces. Carregava-me no colo quase todo o tempo da duração da visita. Brincava comigo dizendo que eu era o seu namoradinho.
         Crescemos e devido à diferença de idades, os contatos foram diminuindo e nas nossas mudanças de vidas nos distanciamos, mas o carinho de um pelo outro nunca teve fim.
         O trabalho me levou para outras plagas e ela permaneceu em Mirandópolis, onde se formou professora, casou-se e constituiu com o também amigo Miguel Camacho, uma bonita família.
         Também me casei e constitui família. O meu retorno à cidade, em face de transferência de serviço do Banco Bradesco, onde eu trabalhava, proporcionou o nosso reencontro pessoal.
         Ela nos fez uma visita e me pediu um favor... que eu arrumasse emprego para um de seus filhos no Banco que eu trabalhava. Falei com o gerente da agência da cidade, que de prontidão acolheu nosso pedido e admitiu o rapaz. Ela me agradeceu muito e eu fiquei super feliz com o pequeno ato.
         Sempre alegre e carinhosa, Silvinha fazia questão de falar abertamente e a todos a seu redor, que um dia me carregara em seu colo. A última vez que assim o fez, foi na porta do salão de cabeleireiro de seu cunhado Crisovan, se não me engano na presença de uma de suas netas.
         Por DEUS, estava passando uns dias na casa de meu sogro em Mirandópolis, quando soube de seu falecimento. Foi com muita tristeza no coração, que fui ao velório de seu corpo, para ali, mentalmente, despedir de minha amiga querida e no meu adeus desejar muita luz à sua alma.
         Por ter sido uma bela pessoa, e que com sua bondade cativava a todos, indubitavelmente recebeu de Nosso Pai Todo Poderoso, uma recepção calorosa no portal dos céus e, na sua nova morada, certamente terá um bom lugar, para dar seqüência às suas boas ações”.
         Lissinho.
         15 de setembro de 2011 11:05
        
         Post scriptum:
                Papeando sobre uma foto antiga de Silvia Bonadio Camacho, um amigo me enviou a crônica acima, que achei digna de ser publicada. Ao lê-la, eu me emocionei e em troca o amigo leu “Tiau, baká!”, que publiquei em novembro de 2011.
               Lissinho é Ulisses Silva Lacerda, antigo morador de Mirandópolis, e atuou como funcionário do Bradesco, onde o seu pai  senhor Faria Lacerda foi Gerente, há décadas atrás. Atualmente, Ulisses mora em Santos com a família, mas tem muitos amigos por aqui. Ele como eu fomos amigos próximos de Sílvia.
           
            Mirandópolis, outubro de 2013.
         Kimie oku  in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/